O inigualável Pedro Tochas regressou ao Algarve, no dia 5 de fevereiro, para apresentar um mix de dois espetáculos no Cine-Teatro Louletano. Foi uma oportunidade única para assistir aos melhores momentos de «Maiores de 18» e «Já tenho idade para ter juízo», mas também à pura essência da stand-up comedy ao seu mais alto nível.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

A agitação era muita em redor do Cine-Teatro Louletano, na tarde de domingo, 5 de fevereiro, para assistir ao vivo ao que de melhor a stand-up comedy tem para apresentar, pois Pedro Tochas – o maluco de cabelo em pé que conhecemos dos anúncios do «Freeze» – trazia na bagagem uma coletânea dos momentos mais marcantes dos seus dois últimos espetáculos, designadamente «Maiores de 18» e «Já tenho idade para ter juízo». No fundo, tratava-se de pequenas histórias, divagações, alucinações, improvisações e interações constantes com o público, sobre temas da atualidade, com uma pitada de sexo à mistura, sem nunca fugir do bom-tom.
Hora e meia de risadas permanentes com um artista que anda nisto há 25 anos, um dos primeiros em Portugal a pisar palcos para contar piadas, mas também as pedras da calçada, pois Pedro Tochas iniciou-se como artista de rua. Um quarto de século depois, continua a vibrar intensamente sempre que tem um público pela frente, seja meia dúzia de espetadores ou algumas centenas, como era o caso nesta tarde domingueira por terras algarvias que bem conhece. “Eu gosto mesmo daquilo que faço e isso é importante para o sucesso dos espetáculos. Nota-se quando um artista está em palco apenas a pensar no cheque que vai receber, ou quando está ali por paixão, com total entrega. Eu dou sempre tudo o que tenho”, garante, ainda cheio de adrenalina.
Minutos antes tinha estado a tirar fotografias com os fãs, no hall do Cine-Teatro Louletano, e até recebeu o pedido de desculpas de um jovem casal que tinha chegado ao espetáculo com uns minutos de atraso. Como se adivinha, já não se livraram de algumas piadas da língua afiada de Pedro Tochas, porque o artista não perde essas oportunidades para improvisar. “As pessoas têm que perceber que isto não é televisão e que quem está no palco está a ver tudo o que se passa à sua volta. Eu sou o tipo de comediante que adora brincar com o que está a acontecer no momento”, justifica, adiantando que essa rapidez de reação se vai adquirindo com a experiência. “Depois, é uma questão de treinar o teu cérebro para reagir rápido, porque os conteúdos são sempre uma incerteza”.
O que se vai ganhando também com a tarimba é a capacidade de não se ultrapassar os limites, de não ferir suscetibilidades, mas a tarefa não é fácil, admite Pedro Tochas, porque cada pessoa tem os seus próprios limites. “Temos que fazer o melhor julgamento possível e, acima de tudo, sermos verdadeiros naquilo que fazemos, não estarmos a pensar apenas em agradar a este ou aquele”, aconselha o entrevistado. “O objetivo é brincar com as pessoas e não deixá-las desconfortáveis ou magoadas. Agora, se um espetador me começar a chatear o juízo, o que às vezes acontece, ai sujeita-se”, avisa, com um sorriso.