Ao longo dos últimos anos, Silas Grandy, alemão de nascença, algarvio de adoção, tem sido uma das estrelas do pelotão do downhill português, a defender as cores da «X Dream Blasius» de São Brás de Alportel. Agora, aos 19 anos, é a altura de dar o salto para um patamar superior, tendo assinado por uma equipa alemã para atacar em força o campeonato mundial e europeu da modalidade.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Acabado de chegar de França, onde esteve concentrada a nova equipa «GZ-Racing Team» para preparar a temporada de 2017, fomos encontrar Silas Grandy nas pistas do Cerro de São Miguel, na freguesia do Moncarapacho, a treinar afincadamente para o arranque da Taça de Portugal de Downhill, que iria acontecer, nos dias 3, 4 e 5 de março, na Pista do Arimbo, em São Brás de Alportel. O evento desportivo trazia ao interior da Serra do Caldeirão os melhores atletas nacionais e internacionais da modalidade, destacando-se a participação das equipas «Madison Saracen» e «GT Factory», com pilotos do top 10 da Taça do Mundo como Sam Dale, Matt Simmonds e Matt Walker.
Uma pista que Silas Grandy conhece bastante bem, não tivesse ele representado a «X Dream Blasius», de São Brás de Alportel, durante vários anos, antes de se mudar para a formação germânica e passar a acelerar, morro abaixo, ao volante de uma possante bicicleta da «Rocky Mountain». “Para as provas do Europeu e do Mundial era mais complicado arranjar patrocínios, apesar de todo o apoio que a X Dream sempre me deu, o que me obrigou a procurar uma equipa internacional”, conta o jovem de 19 anos, que foi vice-campeão nacional da Alemanha, em 2016, tendo concluído a Taça da Alemanha também na segunda posição. Este brilharete na Alemanha teve, porém, reflexos na prestação na Taça de Portugal, uma vez que havia provas das duas competições que aconteciam no mesmo fim-de-semana.
Mesmo faltando a duas provas do calendário nacional, Silas Grandy terminou a época na quarta posição, atestando uma qualidade por todos reconhecida desde há muito tempo. “Os meus pais decidiram sair da Alemanha quando eu tinha dois anos, andamos a viajar pela Europa inteira até chegarmos a Portugal e ficamos pelo Algarve”, recorda, revelando que o pai, que foi piloto de motocross, foi uma grande influência para ter começado a praticar desportos radicais. “Desde miúdos que eu e os meus irmãos imitávamos o nosso pai, mas em bicicletas. Por volta dos meus sete anos, começamos a fazer umas rampas atrás da casa para treinar BTT e, aos 11, fiz a minha primeira prova de Downhill, no regional do Algarve”.
Mercê do historial do pai, a opção de Silas Grandy em tornar-se atleta profissional foi bem aceite lá em casa, até porque nunca descurou os estudos e só agora, depois de ter finalizado o ensino secundário, é que decidiu colocar a formação académica em pausa. “O meu pai sempre me deu força e a minha mãe nunca tentou impedir-me de praticar este desporto. Claro que, no início, não estava muito entusiasmada com a minha escolha, principalmente quando me via nas provas, mas percebia que era o Downhill que me fazia feliz”, salienta, com um sorriso, reconhecendo que é bastante difícil conciliar os estudos com a competição ao mais alto nível. “Se deixamos de treinar todos os dias e perdemos o foco na modalidade, depois não conseguimos recuperar a forma física e mental. Quando somos jovens evoluímos mais depressa e, se fosse para a faculdade tirar um curso, daqui a cinco anos já não voltava a ser o mesmo atleta”, justifica.