A Casa do Povo do Concelho de Olhão assinalou, no dia 28 de março, o seu 83.º aniversário e o Algarve Informativo esteve à conversa com o presidente da direção Joaquim Fernandes, para conhecer os novos projetos da instituição, mas também as duras batalhas que se travam no dia-a-dia do associativismo em Portugal.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

No passado dia 28 de março, a Casa do Povo do Concelho de Olhão soprou as velas de mais um bolo de anos, o 83.º de uma história dividida em dois momentos perfeitamente definidos. O primeiro decorreu da iniciativa do Estado Novo para construir as Casas do Povo para dar resposta às necessidades do Mundo Rural, do ponto de vista médico e assistencial. Seguiu-se, depois, uma travessia de duas décadas em que a instituição foi perdendo fulgor, quase remetida às suas quatro paredes, até terem sido eleitos, há 10 anos, novos corpos sociais, cuja direção é encabeçada por Joaquim Fernandes. “Numa fase inicial desenvolvemos um intendo trabalho de recuperação do edifício, que é um património arquitetónico de enorme importância. Depois, como não fazia sentido termos uma sede que fosse um espaço museológico, procuramos criar atividades para atrair mais sócios”, referiu Joaquim Fernandes, momentos depois do içar das bandeiras da instituição, numa cerimónia que contou com a presença da Vereadora da Câmara Municipal de Olhão, Gracinda Rendeiro, bem como de Margarida Flores, Diretora Distrital da Segurança Social de Faro.
Hoje, são mais de 20 as atividades regulares dinamizadas pela Casa do Povo do Concelho de Olhão, muitas delas englobadas na Universidade Sénior, que têm envolvido, nos últimos nove anos, cerca de dois mil e 200 sócios. “É um case study, uma situação, se calhar, única em Portugal. A vila de Moncarapacho terá, porventura, mil habitantes, portanto, é raro haver um crescimento tão grande e rápido nestas circunstâncias”, considera Joaquim Fernandes. “Quem desejar utilizar as nossas valências tem que ser sócio, mas nada seria possível sem o trabalho voluntário generoso de muitas pessoas. Há que valorizar a dedicação e empenho destes homens e mulheres, dos chamados carolas”, acrescentou.
Com um orçamento anual na ordem dos 100 mil euros, Joaquim Fernandes explica que 13 por cento das verbas provém do Instituto do Emprego e Formação Profissional e 6 por cento chegam da autarquia de Olhão. Mediante um protocolo com o Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve são distribuídos cerca de 30 mil euros em produtos alimentares a 150 famílias carenciadas, devidamente sinalizadas pela Segurança Social. “Uma fatia importante do nosso orçamento advém de donativos, à volta de 32 mil euros por ano, ao passo que a quotização representa apenas 10 por cento do total de receitas”, revela o entrevistado.