Está de regresso o «Viva a Primavera», programa cultural dinamizado pela Câmara Municipal de Tavira, entre abril e junho, com a colaboração estreita das associações culturais do concelho e que pretende estimular e valorizar a criatividade da comunidade, a iniciativa das organizações, as práticas culturais e o aparecimento de novos talentos artísticos. Música, poesia, teatro, cinema e a «V Mostra da Primavera» integram uma agenda que se pretende agregadora de conhecimentos e que envolve a cidade e as freguesias, valorizando a herança de um país com mais de oito séculos de existência e convidando à renovação e inovação contidas nas formas expressivas da contemporaneidade.
Depois do sucesso do ano de estreia, a segunda edição apresenta um programa bastante diversificado, envolvendo cerca de duas dezenas de associações locais, de modo que os próximos meses serão, de facto, riquíssimos em cultura. “Não nos podemos esquecer que, para além do «Viva a Primavera» temos este ano também o «365 Algarve», promovido pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria de Estado do Turismo, bem como a programação regular da própria autarquia”, frisou Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira. “Em 2016, o programa versou muito sobre a vertente musical, este ano, juntamos outras componentes da vida artística e de reflexão cultural. Queremos que haja, em Tavira, sempre alguma coisa para fazer em matéria cultural, bem como partilhar um universo comum de criação e apresentação de espetáculos com as nossas associações, para mostrar a riqueza da nossa massa crítica”

Esta noite não há teatro, pela companhia A Gorda

Oferta cultural dirigida para os residentes e para os milhares de turistas que visitam o concelho ao longo de todo o ano, com o orçamento da segunda edição do «Viva a Primavera» a subir perto de 40 por cento em relação ao ano transato, para os 70 mil euros. Um valor que já foi atribuído e pago às associações, para que possam realizar o seu trabalho com total segurança. “O programa vai do Equinócio da Primavera até ao Solstício de Verão e tem a ver com as festividades cíclicas e com os ritmos da própria natureza. Saímos mais na Primavera e Verão, durante o Outono e Inverno estamos mais recolhidos em casa”, começou por dizer Jorge Queiroz, chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Tavira e diretor do Museu Municipal de Tavira, indicando que foram convidadas para participar todas as associações culturais do concelho. “Nota-se um salto qualitativo no trabalho dos criadores e dos artistas e a estimulação da criatividade e o aparecimento de novos talentos são outros objetivos do programa”, acrescentou. 
Tavira respira cultura, disso não tem dúvida Jorge Botelho, adiantando que o intuito é replicar na Primavera o enorme sucesso que se regista durante o Verão. E mesmo sem haver números concretos do número de pessoas que participaram nas iniciativas da primeira edição do «Viva a Primavera», a verdade é que a maior parte dos eventos teve sempre lotação praticamente esgotada. “Este ano esperamos ter ainda mais pessoas, porque a oferta é maior, e o impacto financeiro para o município é bastante grande. Atraímos muita gente para os espetáculos, que se realizam, normalmente, ao final da tarde, início da noite, e conseguimos fidelizar visitantes que comem nos nossos restaurantes e ficam a dormir nos nossos hotéis. Para além do clima, da qualidade de vida, do património arquitetónico e da Dieta Mediterrânica, há uma aposta cultural que cativa os turistas”, garante o presidente da Câmara Municipal de Tavira.

Concurso de Faro do «Viva a Primavera»

Ocupar os residentes e visitantes com propostas de qualidade é uma das prioridades do executivo municipal e, até à data, os eventos têm-se dirigido para públicos mais reduzidos, nas igrejas e nas sedes das associações. “Em muitas iniciativas temos que recusar pessoas porque já não cabem no interior dos espaços”, evidencia Jorge Botelho, uma situação que deverá mudar quando estiver concluída a reabilitação do Teatro António Pinheiro, dando assim lugar a um moderno Cine-Teatro António Pinheiro. “Tavira é o único concelho do Algarve que não tem um espaço coberto em condições, uma sala de espetáculos de grande dimensão. A abertura do concurso público internacional já foi autorizada em reunião de câmara, temos meios financeiros disponíveis para tal, numa obra que custará quase cinco milhões de euros e que deverá ter também apoios comunitários. Até agora temos conseguido realizar grandes eventos durante o Verão, a céu aberto, daqui a três anos, o mesmo acontecerá no Inverno”, antevê o edil tavirense.
Melhores índices financeiros da autarquia que possibilitaram também um maior orçamento para a segunda edição do «Viva a Primavera», confirmou Jorge Botelho. “Havendo mais qualidade das propostas apresentadas pelas associações locais, aumentou igualmente a responsabilidade da câmara para tentar concretizá-las a todas. Para nós, a cultura é um polo essencial da atratividade do concelho, a par da gastronomia, da paisagem, da Ria Formosa e de uma cidade que tem resistido à pressão urbanística. Tavira é uma cidade verdadeiramente autêntica e estamos a adicionar-lhe uma perspetiva cultural para os prazeres e sentidos dos munícipes e dos visitantes”.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina