O Algarve é avaliado de forma positiva por 98 por cento dos
turistas que visitaram o destino em 2016, sendo a praia, o clima, a gastronomia
e as pessoas os principais atributos que justificam a satisfação dos
visitantes. A maioria tem intenção de regressar à região logo que possível e mais
de 90 por cento garantem que a recomendarão nos seus círculos mais próximos.
Estas são algumas das conclusões do estudo «O perfil do turista que visita o
Algarve», que visa perceber a essência do turismo na região e que foi
apresentado, no dia 6 de abril, na sede da Região de Turismo do Algarve, em
Faro.
A avaliação positiva do destino Algarve é transversal aos
vários perfis de turista, sejam eles tradicionais ou residenciais, alojados em
qualquer uma das diferentes zonas da região e viajando dentro ou fora da época
alta. Esta satisfação, combinada com um custo considerado acessível (69 por
cento), justifica a afinidade dos visitantes com a região.
Em termos percentuais, 95 por cento dos turistas
tradicionais que estiveram no Algarve no último ano têm a intenção de
recomendar o destino aos seus amigos e familiares, valor que sobe para 96 por
cento entre os turistas residenciais. Dentro deste último grupo, 80 por cento
têm intenção de voltar a passar férias na região num futuro próximo, enquanto
entre os turistas tradicionais 66 por cento querem regressar assim que puderem.
Um regresso quase certo e níveis de satisfação elevados sugerem que mais de
três quartos dos turistas são fiéis ao destino.
O estudo foi encomendado pela Região de Turismo do Algarve e
realizado pela Universidade do Algarve, sob a coordenação científica e técnica
dos professores Antónia Correia e Paulo Águas, com o objetivo de conhecer e
compreender as características, preferências e comportamentos dos turistas que
visitaram o Algarve em 2016. A amostra total abrangeu 4205 inquéritos,
realizados em dois períodos: o primeiro, no período de julho a agosto,
representativo da época alta do turismo na região, e o segundo no período de
setembro a outubro.
Tendo em conta as diferentes realidades turísticas da
região, foram inquiridos dois tipos diferentes de visitantes: o turista
tradicional (aquele que utiliza as formas de alojamento tradicionais) e o
turista residencial (todos os que se alojam em casa própria, casa de familiares
e amigos e os que recorrem a arrendamentos privados). A excelência do destino
justifica também a afinidade demonstrada pelos turistas com a região e as
emoções positivas que o Algarve despoleta. “Visitar o Algarve diz muito sobre
quem sou”, “Sinto-me muito apegado ao Algarve” e “Eu sinto que o Algarve é
parte de mim” são, por ordem de importância, as três expressões que melhor
espelham esta afinidade. Embora seja mais profunda entre os turistas
residenciais, a afinidade é igualmente significativa entre os turistas
tradicionais. Uns e outros constituem-se como excelentes embaixadores do
Algarve. Por períodos, são os turistas que viajam em julho/agosto que maior
afinidade revelam com o destino.
De acordo com os dados revelados pelo estudo, os turistas
residenciais permanecem, em média, 12,6 dias no Algarve, sendo que a grande maioria
já conhecia a região (87 por cento), local que visitam pelo menos uma vez por
ano (49 por cento), partilhando as suas férias nas redes sociais (48 por cento).
Para além da casa própria, utilizam também o arrendamento privado (47 por cento)
que é reservado maioritariamente online (61 por cento), no Booking.com (23 por
cento) ou no AirBnb (28 por cento), sugerindo que cada vez mais o alojamento
local ganha consistência e quota de mercado.
Os turistas tradicionais, por seu turno, alojam-se
maioritariamente em hotéis (53 por cento) ou resorts (34 por cento) por 8,9
dias. Uma procura maioritariamente estrangeira (79 por cento) justifica a
deslocação por via área (68 por cento). Também estes turistas são habituais na
região (74 por cento), ainda que com uma cadência de visita menor (39 por cento
fazem-no uma vez por ano e 33 por cento ocasionalmente). O turismo tradicional
é sobretudo proveniente de Portugal (21 por cento), Reino Unido (25 por cento)
e Alemanha (11 por cento), enquanto o turismo residencial alberga nacionais (42
por cento), britânicos (19 por cento) e franceses (8 por cento).
Em termos económicos, cada visitante faz um gasto médio de
136 euros por dia, gerando uma receita estimada de 1400 euros por turista. No
caso dos turistas residenciais, férias, reforma e investimento são os três
principais fatores a justificar a decisão de fixar a base de férias no sul do
país, contribuindo de forma decisiva para o impacte económico do turismo na
região que registou um fluxo de dormidas superior a 18,1 milhões em 2016 (face
a 16,6 milhões em 2015).
No que diz respeito à dispersão territorial, Albufeira (42 por
cento), Loulé (12 por cento) e Portimão (12 por cento) são os municípios
preferidos pelos turistas tradicionais, assumindo-se como os grandes polos
turísticos da região. O turista residencial, por sua vez, espalha-se por uma
franja maior do sul do país, uma vez que para além dos três concelhos citados,
que concentram 50 por cento destes turistas, Faro (7 por cento), Lagos (8 por
cento), Silves (7 por cento) e Tavira (7 por cento) são igualmente bastante
procurados.
Mais do que apenas caracterizar de forma generalista os turistas, a partir dos tradicionais critérios sociodemográficos e logística de viagem, o estudo encomendado pela Região de Turismo do Algarve, com mais de 170 páginas, procede a uma extensa segmentação de mercado assente em critérios motivacionais, psicográficos, e de satisfação e lealdade para com o destino. O resultado final é um retrato fiel e expressivo dos diferentes segmentos turísticos, permitindo traçar as implicações estratégicas para o futuro da competitividade da região enquanto principal destino turístico do país.