O Teatro das Figuras, em Faro, apresenta, no dia 13 de maio,
pelas 21h30, «À Boleia para Hollywood», obra de Neil Simon, traduzida por
Fernando Villas-Boas e encenada por Cucha Carvalheiro, que conta no elenco com Cláudia
Vieira, João Lagarto e Sofia de Portugal. A peça conta a história de Libby
Tucker, uma jovem difícil, de espírito forte, que atravessa os Estados Unidos da
América, de Nova Iorque para Los Angeles, supostamente para «estar nos filmes».
Esse é, contudo, o meio que Libby encontra para restabelecer a ligação com o
seu pai, o dramaturgo Herb Tucker, um escritor não muito bem-sucedido e em
permanente bloqueio criativo, e que também tem problemas de comunicação com a
sua companheira, Steffy.
A chegada de Libby força os três personagens a resolver as
suas vidas emocionais, numa luta tão bem-humorada quanto dramática que coloca
em palco um dos rostos mais conhecidos e queridos da nova vaga de atores
portugueses, Cláudia Vieira. “É um registo muito diferente da televisão, por
ser em direto, num teatro, com o público à nossa frente, mas porque a Libby
Tucker também é bastante diferente de mim e das personagens que tenho vindo a
interpretar. Foi um desafio maravilhoso e acredito que, quem estiver connosco
no sábado, no Teatro das Figuras, vai gostar de ver”, afirma a atriz, que já
acalentava este sonho há alguns anos. “Tinha uma grande vontade de voltar a
trabalhar com a Cucha Carvalheiro, que fez parte da direção artística do meu primeiro
projeto de representação, os «Morangos com Açúcar». A Cucha entendeu que este
espetáculo do Neil Simon era ideal para mim, por ter apenas três atores e os
ingredientes certos para agradar a quem vai ao teatro, que é poder
emocionar-se, mas também dar umas boas gargalhadas”.
Três personagens em cena, o que significa que as atenções do
público estão permanentemente concentradas nos atores, não há tempo para
pausas, como em produções com elencos maiores. E «À Boleia para Hollywood» são
duas horas em palco, com somente um intervalo, sem os «ação» e «corta» típicos
da televisão ou do cinema, sem repetições quando as falas não saem logo à
primeira, quando os nervos originam pequenos enganos. “É trabalhar sem rede,
tem tudo que funcionar bem, mas andamos a trabalhar neste espetáculo durante
dois meses, sempre a ensaiar e a descobrir coisas novas, para que ficasse
montado da forma mais apetecível para o público. A Libby tem um sentido de humor
muito apurado, assim como o meu pai, a personagem interpretada pelo João
Lagarto, e a história é extremamente interessante. Ela não vê o pai desde os
três anos de idade e, quando vai ao seu encontro, aparece com um discurso de
mulher bastante confiante – que não é – e em busca de uma oportunidade para
representar em Hollywood”, desvenda Cláudia Vieira.
A peça faz rir, mas tem, igualmente, uma faceta mais densa,
dramática, sensível e o objetivo de Cláudia Vieira, desde o primeiro minuto,
foi fazer algo que a realizasse pessoal e profissionalmente. “Há sempre uma
grande ansiedade quando se sobe ao palco, independentemente de se ter mais ou
menos experiência. Tudo depende das características de cada um, de como lidamos
com estes momentos de pressão. Depois, quando a peça começa, tudo flui com
naturalidade”, refere, adiantando que «À Boleia para Hollywood» estreou recentemente
na Madeira, sendo Faro a segunda data da digressão. “Na Madeira sentimos o
público bastante ao nosso lado, muito efusivo, satisfeito com o que estava a
ver, e espero que a experiência se repita agora no Teatro das Figuras”.
Uma estreia em grande estilo no teatro, depois de muitos
anos ligada à televisão, às séries, às telenovelas, aos filmes de cinema, mas
os fãs de Cláudia Vieira podem ficar sossegados, porque a atriz vai continuar a
entrar-lhes pela casa adentro através do pequeno écran. “Gosto bastante de
fazer televisão, embora haja quem pense que é uma forma menos digna de
representar. Discordo totalmente, são apenas técnicas e fórmulas diferentes de
trabalhar. No teatro, a construção de uma personagem para uma peça faz-se com
bastante antecedência e, depois de se encontrar o registo certo, ele mantém-se
até ao final. Na televisão, as personagens são mais abertas, os seus traços de
personalidade podem alterar-se para responderem melhor à história”, compara
Cláudia Vieira. “Por outro lado, na televisão, temos que passar, de repente, de
uma cena neutra, descontraída, de dar umas gargalhadas, que faz parte do
episódio sete, para uma cena de choro que pertence ao episódio 27. Tudo é
representar, tudo é fazer de conta, mas com métodos diferentes”, finaliza,
deixando o convite para assistir, este sábado, pelas 21h30, à peça «À Boleia
para Hollywood», no Teatro das Figuras.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Sílvia F. Santos