O karate já é uma modalidade olímpica e isso despertou o sonho natural de milhares de praticantes de todo o mundo de representarem os seus países nos Jogos Olímpicos de 2020, no Japão. Entre estes encontra-se o jovem farense David Fernandes, que vem conquistando sucessivos títulos de campeão nacional de kata e kumite desde que se iniciou no karate, para além de ser, nos últimos anos, uma presença habitual nos Campeonatos da Europa a defender as cores de Portugal.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Aos 20 anos de idade, o farense David Fernandes é um dos valores confirmados do karate nacional, nas vertentes de kata e kumite, prática que iniciou por volta dos seis anos, por influência dos filmes de artes marciais, confessa, com um sorriso, depois de uma sessão fotográfica na Praia de Faro. “Sempre fui um grande fã do Bruce Lee, fui fazer uma aula de experimentação a desafio de um amigo, gostei e continuei. O desporto é algo que faz parte da minha família”, conta o atleta do Karate Clube de Faro, que muito novo começou a participar em competições e os resultados apareceram num ápice.
Dos brilharetes nos campeonatos regionais aos triunfos nos nacionais foi um pequeno passo e foi campeão de Portugal logo aos oito, nove anos. Em 2017, conquistou três títulos, dois em kumite e um em kata, e no currículo conta já com 14 troféus de campeão nacional, quando está à porta para entrar na categoria Absoluto, os seniores, a partir dos 21 anos. “O Kata será a parte mais técnica, a essência do karate, e são avaliadas a técnica, a explosão, a velocidade, a precisão, nada pode falhar nos movimentos. O kumite é um combate onde os contatos, que não podem ser exagerados, são pontuados consoante o local do corpo que se atinge”, explica, de forma simplificada, as diferenças entre as duas vertentes do karate.
Diferenças que ditam que, em determinada fase da evolução, os atletas se especializem mais numa ou noutra, não sendo habitual um praticante alcançar resultados de topo em ambos. “Uma complementa-se à outra, mas são dinâmicas distintas, o que pode prejudicar o nosso desempenho nas provas. Eu sempre fiz kata e kumite mas, a partir de Cadetes, dos 14 ou 15 anos, vê-se poucos atletas a competirem nas duas”, observa David Fernandes, garantindo que, para se ser bom, há que treinar todos os dias, e até em dose dupla, como sucedeu quando estava a treinar para o Campeonato da Europa deste ano que aconteceu na Bulgária, em fevereiro. “O karate lá fora é de outro nível. Há países extremamente competitivos, que apostam muito neste desporto, e nós temos que nos superar para estarmos nesse patamar. De sexta-feira a domingo tinha estágios de seleção, de segunda a quinta-feira treinava no meu clube, normalmente duas vezes por dia”, recorda. 
Treinos que não podem ser apenas para desenvolver a técnica, com o ginásio a auxiliar na componente da força e da «explosão». Não admira, por isso, que o tempo para tudo o resto se torne bastante escasso, principalmente quando se concilia a prática desportiva com a formação académica, que David Fernandes nunca descurou. “Quando estou a preparar-me para um Campeonato da Europa, estou totalmente focado na competição, não consigo pensar em mais nada. Depois, relaxo um pouco e tento agarrar-me mais aos estudos”, descreve o aluno do primeiro ano do curso superior de Desporto, confessando que não é fácil manter uma rotina diária de treinos e estudos. “No estrangeiro, há escolas mesmo específicas para atletas de alta competição, com horários programados para as duas coisas e com os testes a acontecerem em alturas em que não há provas”, compara.