Após a conclusão do restauro da cúpula do edifício dos Paços do Concelho, em Silves, e do arco em escaiola, da Casa-Museu João de Deus, o sector de Conservação e Restauro da Câmara Municipal de Silves terminou recentemente um trabalho de carácter conservativo de uma cantareira e de uma banqueta, que fazem parte do espólio da referida Casa-Museu e que provêm de casas que ficaram submersas com a construção da Barragem do Funcho. A intervenção teve como objetivo estabilizar os materiais, seguindo os princípios da intervenção mínima, da compatibilidade e reversibilidade, e da autenticidade e historicidade das peças.
A cantareira de madeira, constituída por duas portas, foi produzida numa época em que não existia água canalizada, e tal como o seu nome indica, servia de apoio para três cântaros com água. O móvel apresenta pintura de cor ocre e azul ultramarino tendo sido anteriormente de tonalidade castanha, visível por uma camada subjacente à atual. A intervenção efetuada consistiu na desmontagem; limpeza mecânica, desinfestação e consolidação do suporte, limpeza química e mecânica da superfície; fixação de fragmentos; tratamento de elementos metálicos e zonas oxidadas pelos mesmos (desoxidação e proteção de pregos e parafusos); montagem; preenchimentos e nivelamentos do suporte; reintegração cromática e aplicação de camada de proteção.
A banqueta de madeira é um banco de pequenas dimensões, sem braços nem espaldar. Apresenta marcas de corte, podendo tratar-se de apoio para corte de carne ou atividade similar. A intervenção na banqueta consistiu na imunização e consolidação do suporte; remoção de resíduos de resina; reconstituição dos pés e estabilização da estrutura; nivelamentos; reintegração e aplicação da camada de proteção. A estas duas intervenções seguem-se mais três que fazem também parte do espólio da Casa-Museu João de Deus, nomeadamente a de um Cristo crucificado e de duas cadeiras de madeira.