A Câmara Municipal de Faro apresentou, no dia 28 de junho, a sua proposta de Plano de Mobilidade e Transportes (PMT) para o concelho, o instrumento que estabelece a estratégia global de intervenção em matéria de organização das acessibilidades e gestão da mobilidade. A sessão teve lugar na Biblioteca Municipal de Faro e contou com a participação de largas dezenas de munícipes e de representantes das entidades oficiais que, ao longo deste processo de mais de três anos, foram já chamadas a contribuir para a elaboração do documento.
O PMT define um conjunto de ações e medidas que contribuem para a implementação e promoção de um modelo de mobilidade mais sustentável, que se quer compatível com o desenvolvimento económico e indutor de uma maior coesão social. O plano em execução desenvolve-se em três fases: Fase I - Caracterização e Diagnóstico; Fase II - Proposta de Plano; Fase III - Versão Final do Plano. A partir desta data está concluída a segunda fase do plano e encontra-se aberta a discussão junto das diversas instituições, agentes e à sociedade civil em geral, em torno das propostas que beneficiarão as condições de mobilidade no território.
Através da estratégia definida pelo Plano de Mobilidade e Transportes, elaborado em simultâneo e em estreita articulação com o Plano Diretor Municipal, é objetivo central tornar Faro num território com melhor mobilidade, mais acessível a todos, com maior qualidade do ambiente urbano, simultaneamente melhor para trabalhar, viver, estudar e visitar. No que concerne às propostas formuladas, uma das ações estruturantes para a concretização da estratégia global de humanização do espaço público passa, desde logo, pela necessidade de aproximação da cidade à Ria Formosa. A relocalização da atual linha de caminho-de-ferro permitirá uma maior permeabilidade neste espaço, sem perda da importância da estação central, promovendo-se uma mobilidade mais amigável.
Este espaço deverá ser alvo de requalificação e integração no cenário natural, criando-se condições para a sua utilização por outros modos, nomeadamente com a implementação de corredores dedicados a transportes públicos e outros modos de transporte, permitindo a conexão entre os diversos setores da cidade. No ponto de confluência entre os canais dos diversos modos de transporte, é proposta a criação de uma interface multimodal de nível regional, apoiada pelo terminal dos transportes urbanos no centro da cidade, que possibilitará conectar a região entre si mas também com o resto do país. Com o intuito de diminuir o tráfego automóvel em circulação no centro da cidade, é proposta uma política de estacionamento ancorada num conjunto de parques dissuasores localizados nas principais entradas da cidade e que deverão ser devidamente coordenados com a rede de transportes urbanos e com a oferta de estacionamento no centro da cidade.
No que concerne aos modos suaves de deslocação, nomeadamente o andar a pé e de bicicleta, é proposto um aumento e beneficiação gradual das áreas pedonais na cidade, nomeadamente na zona muralhada e sua envolvente próxima, tornando-as mais confortáveis, mais seguras e mais acessíveis para o peão, principalmente para as pessoas com mobilidade condicionada. A sua melhoria permitirá devolver este espaço aos residentes, estudantes, trabalhadores e turistas, gerando-se dinâmicas capazes de impulsionar o comércio local.
No que respeita à bicicleta, considerando os percursos entre os principais equipamentos, foi definida como estratégia de intervenção a formalização do percurso da Ecovia do Algarve e a definição de uma rede ciclável coerente, articulada e complementada por um sistema de bikesharing. Ainda neste particular, os modos suaves terão uma vantagem competitiva em relação ao veículo individual motorizado com a proposta de criação de uma ponte pedociclável entre Montenegro e o Parque Ribeirinho de Faro, uma construção sustentável, pouco intrusiva na paisagem e que permite a redução das distâncias e tempo de deslocação entre Faro e Montenegro.