A Autarquia de Faro abraçou o sonho de «Florir Portugal», uma ação que procura embelezar o país, catalisar o turismo e valorizar os produtos nacionais. O desafio foi lançado por António Romano, diretor da agência Central Models, e pela «Eva Dream Portugal em Flor», e o objetivo é tornar Portugal, de facto, num «jardim à beira mar plantado». Para esse efeito, começaram a ser colocadas floreiras nas janelas, varandas, portas, lojas ou em qualquer outro sítio visível do Centro Histórico da capital algarvia, para criar uma «onda de beleza floral» que, ao mesmo tempo, traz esperança, união entre todos e muitos sorrisos. “É uma iniciativa de grande mérito que chega já a 40 localidades espalhadas um pouco por todo o país e Faro não quis ficar de fora nesta missão de tornar Portugal mais bonito. As flores e a vegetação em geral são vistas cada vez menos como um mero ornamento estético, tornando-se elementos de sustentabilidade e de qualidade de vida que devemos sempre prosseguir em meio urbano ou não urbano”, indicou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro.
O edil lembrou que, se não houver um cuidado extremo, as cidades acabam por degradar todo o ambiente em seu redor, em nome do desenvolvimento económico, com rios e outras fontes de água contaminados, ar poluído, lixeiras a céu aberto e desmatamentos a serem alguns dos exemplos deste progresso negativo do homem moderno. “Nessa relação de causa/efeito, fica claro que é fundamental o incentivo às ações sustentáveis nas cidades, com vista a uma maior qualidade de vida e à preservação do ambiente. Em Faro, já percebemos as vantagens disso, assim como da agricultura urbana, tendo sido pioneiros, no Algarve, em matéria das hortas sociais”, frisou o edil farense, falando igualmente da substituição de árvores mortas por espécies autóctones ao longo do concelho. “É um investimento com retorno imediato e que, se depender de nós, terá continuidade no futuro. Faz parte da aposta na requalificação do espaço público em modos sustentáveis, para o devolvermos ao usufruto dos cidadãos”, acrescentou Rogério Bacalhau. 
O sonho de «Florir Portugal» nasceu, há oito anos, na mente de António Romano, que imaginou todas as aldeias, vilas e cidades do país pejadas de árvores floridas, mas também as estradas, autoestradas e paisagens, assim como flores em todas as janelas dos portugueses. “Seria uma verdadeira mensagem de paz lançada ao mundo e alcançaríamos igualmente um vetor de diferenciação que tornaria Portugal no país mais turístico do planeta”, acredita o arquiteto e fundador da Central Models. “É o turismo que tem alavancado o crescimento nacional nos últimos anos e tem-se notado um fenómeno especialmente importante em Lisboa e no Porto – o turismo de fim-de-semana. Não há nenhuma cama de hotel disponível nas noites de sexta-feira e sábado e quem visita estas duas cidades até pensa que não há crise em Portugal. Nos bairros onde gravita o turismo, os restaurantes multiplicam-se e o comércio tradicional apresenta uma dinâmica impressionante”, observa o promotor do «Florir Portugal».
António Romano não esqueceu o clima, a gastronomia, a hospitalidade dos portugueses, tudo mais-valias para aumentar ainda mais a competitividade nacional em termos turísticos. Mas as vantagens não se ficavam apenas pelo turismo, garante o arquiteto. “Nós temos os melhores produtos do mundo, mas não os amamos, não os produzimos, divulgamos e exportamos com o seu devido valor. Temos o melhor queijo do mundo – o queijo amanteigada do Serra da Estrela, que é muito exportado para França, mas sobretudo para consumo dos nossos emigrantes. Temos a melhor laranja do mundo – a laranja do Algarve, contudo, quando estava a viver em Tóquio, só via laranjas de Valência, que não chegam aos calcanhares do doce das laranjas algarvias. Temos um vinho mundialmente conhecido – o Vinho do Porto, que é massivamente exportado para os Estados Unidos da América, mas 90 por cento desses consumidores pensam que o vinho é inglês”, descreveu, referindo outros exemplos como a amêndoa, a batata-doce de Aljezur, as cerejas do Fundão, o mel ou a carne do porco de pata-negra.
Diriam alguns que «Florir Portugal» se trata de uma utopia, mas ela pode concretizar-se através da propagação de emoções positivas pela mão de toda a sociedade civil, um pouco à semelhança do que sucedeu aquando do Euro 2004, quando a bandeira nacional surgiu em praticamente todas as janelas do país. “Já cerca de 40 aldeias, vilas e cidades aderiram ao projeto e acredito que seja possível avançar com bairros floridos em Lisboa na Primavera de 2018. De seguida, não tenho dúvidas de que o Porto responderá também ao desafio, imbuído do espírito tão português da competitividade saudável”, referiu António Romano.
No Algarve, o pontapé de saída foi dado pelo Município de Faro, que servirá, assim, de inspiração para os outros concelhos da região, mas fica também o repto para cada um de nós colocar flores nas janelas das suas residências. “Um dos grandes problemas que existe atualmente, e no mundo inteiro, é que estamos a afastar-nos da terra e não damos conta disso”, avisou ainda António Romano.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina