Após vários anos de afastamento, o Algarve estará de regresso ao palco principal do futebol português, na temporada 2017/2018, depois do Portimonense se ter sagrado campeão nacional da segunda liga. A poucas semanas do início dos trabalhos, o capitão Ricardo Pessoa faz um balanço da época transata e revela o sonho de cumprir os seus últimos três anos como atleta profissional no primeiro escalão, a vestir, claro, a camisola do Portimonense. 

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

A conquista do campeonato nacional da segunda liga de futebol profissional por parte do Portimonense já faz parte do passado, agora, os pupilos de Vítor Oliveira olham em frente e preparam-se, da melhor forma possível, para enfrentar os duros desafios que os esperam. “Festejamos e saboreamos o que conquistamos, mas o pensamento está na nova época. Claro que é uma memória que vai continuar viva, mas o estado de euforia já terminou”, garante Ricardo Pessoa, o capitão e coração do Portimonense há vários anos.
O lateral direito de 35 anos reconhece que a formação algarvia era, normalmente, um dos candidatos crónicos à subida de divisão, mas o objetivo só agora foi alcançado, depois de, em 2015/2016, ter falhado a promoção na derradeira jornada. “Era uma dívida que tínhamos para com a massa associativa, a cidade e o concelho e, por isso, atacamos esta época com esse desejo desde o primeiro minuto. O plantel era forte, a equipa técnica estava habituada a estes sucessos e as coisas correram bem”, analisa Ricardo Pessoa.
A fome de vencer e de subir à primeira liga era de tal forma forte que o Portimonense praticamente resolveu o assunto na primeira volta do campeonato, cavando, de imediato, uma distância pontual em relação à concorrência que lhe permitiu encarar o resto da temporada com mais calma. Apesar disso, algumas derrotas seguidas colocaram em risco o sonho dos algarvios, comprovando que nada está ganho até ao apito final do árbitro. “Realmente, começamos bastante bem e criamos uma almofada muito grande em termos pontuais. Na segunda volta, a equipa esteve um pouco abaixo do que pretendíamos, principalmente por causa das lesões. Sem esse fator, acredito que teríamos garantido mais cedo a subida e o título de campeões”, refere o entrevistado.
Com a época muito bem encaminhada logo no início de 2016, havia, contudo, que gerir as emoções, nomeadamente dos jogadores menos experientes, não baixar os índices de concentração, não diminuir a garra e a competitividade, tendo sido fundamental a rodagem que o mister Vítor Oliveira tem nestas andanças, já com uma dezena de subidas de divisão no seu palmarés, caso único a nível mundial. “O objetivo manteve-se sempre inalterado na cabeça dos atletas e os jogadores mais velhos lembraram constantemente que ainda nada estava ganho. Só podíamos fazer a festa depois do objetivo estar confirmado matematicamente”, sublinha Ricardo Pessoa. “A primeira meta era subir de divisão e, quando sentimos que isso já não fugia, apontámos à conquista do campeonato”, acrescenta.
Fez-se a festa, as férias estão a terminar, num instante arrancam os trabalhos da pré-epoca e, no início de agosto, a bola volta a girar, agora mais a sério. E Ricardo Pessoa carimba também o seu regresso à Primeira Liga, sendo um dos resistentes da altura em que o Portimonense esteve, pela última vez, no escalão principal, e depois de ter defendido igualmente as cores do Moreirense durante um ano, antes de voltar ao seu clube do coração. “Fiquei no Portimonense nos bons e nos maus momentos, apesar de terem surgido algumas propostas bastante interessantes do ponto de vista financeiro para embarcar novos projetos. Mas era aqui que gostava de estar, foram-se criando raízes e paixões que dificilmente me deixavam sair. O meu desejo sempre foi terminar a carreira no Portimonense”, assegura.