São Brás de Alportel recuou, nos dias 27 e 28 de maio, até ao longínquo ano de 1914, altura em que ganhou a sua independência em relação ao concelho de Faro. Foi a segunda edição de uma recriação que envolveu a comunidade e as associações locais e que transportou o centro histórico de São Brás para o início do século XIX.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O Centro Histórico de São Brás de Alportel encetou uma viagem no tempo, nos dias 27 e 28 de maio, e recuou 103 anos até chegar a 1914, altura em que, nos primórdios da República, a freguesia foi elevada a concelho, no período áureo do setor corticeiro. Na segunda edição desta recriação histórica, a comunidade voltou a sair à rua com trajes da época, nas tascas e tabernas recordaram-se os sabores de outros tempos e a animação foi uma constante, fazendo jus aos divertimentos do início do século XX.
Pelo largo da Igreja passaram artistas de circo, as crianças deliciaram-se com o tradicional carrossel, escutaram-se os acordes da música intemporal, no mercado compraram-se produtos locais. Por ruelas e recantos, várias casas estiveram de portas abertas e convidaram os visitantes a conhecer outras vivências, como um antigo salão de cabeleireiro com mais de 50 anos, ou um estúdio de fotografia à moda antiga. As montras dos estabelecimentos comerciais também tiveram decorações adequadas à época, os artesãos trabalhavam ao vivo no seu ofício e muitas foram as personagens que, de repente, começavam a recriar situações do quotidiano nos sítios mais inesperados.
O programa de animação contemplou ainda o «Balho» à Antiga, pelo Rancho Típico Sambrasense, Rancho da Velha Guarda e Grupo Folclórico de Faro, e momentos de teatro de rua interpretados pelo «Ao Luar Teatro», Clube do Museu, São Braz Arte e a Sociedade Recreativa Bordeirense. Pelos três palcos instalados no Centro Histórico passaram os grupos «Cante Andarilho», «Fólis», «Moçoilas», «Vá de Viró», «Veredas da Memória» e «Quinteto Osmose», não faltaram os momentos de fado e guitarra portuguesa com Liliana Mendes, Arnaldo Santos, Ricardo Martins e Nuno Martins, para além de uma edição especial do «Fado no Museu», com a convidada Celina da Piedade, e assistiu-se também a concertos dos «New Orleans Jazz Band» e «Dixie Gringos Jazz Band».
Não foi de admirar, portanto, os muitos visitantes que, no sábado e domingo, percorreram o Centro Histórico de São Brás de Alportel, por onde andou, igualmente, o executivo da Câmara Municipal, trajado, como é natural, a rigor. “Recuamos ao ano em que São Brás conquistou a sua autonomia financeira e administrativa e é sempre um motivo de satisfação recordar esse momento importante da história do nosso concelho. E é também uma grande satisfação ver, mais uma vez, a população, as associações, a comunidade, envolver-se nesta reconstituição. É uma festa para todos aqueles que nos visitam e para aqueles que cá vivem”, frisou o edil Vítor Guerreiro
A comunidade são-brasense é, de facto, bastante participativa nas várias iniciativas que acontecem ao longo do ano e conferem-lhes uma maior vivacidade e dinamismo. “São pessoas ativas, de todas as idades, sempre disponíveis para darem ideias e sugestões e arregaçarem as mangas para fazer as coisas acontecer”, destacou o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, uma autarquia que tem apostado bastante na requalificação e revitalização do seu Centro Histórico. “As casas estavam devolutas e a maior parte delas estão agora a ser recuperadas e reconstruídas, porque é importante trazer pessoas para viver no centro de São Brás de Alportel”, acrescentou.
Quanto ao evento em si, é uma organização da autarquia com a colaboração do tecido associativo e da comunidade local, sendo que o Museu do Trajo assume um papel fundamental em toda a dinâmica. “Foi criada uma comissão organizadora, como sucedeu há dois anos, e fomos montando o evento já há alguns meses, com um investimento da parte da câmara municipal e do programa «365 Algarve». Essenciais são, igualmente, os funcionários da autarquia, porque a equipa não é muito grande, mas estão sempre todos disponíveis para colaborar e assegurar que tudo corra bem. É uma aposta para continuar, para já de dois em dois anos”, concluiu Vítor Guerreiro.