Dois atletas de Lagoa
estiveram em destaque no 9.º Campeonato Mundial Muzenza de Capoeira disputado
em Fortaleza, no Brasil, com Filipe Barros a vencer a categoria de Graduados e
Ricardo Castro a ficar em segundo lugar na categoria de Monitores. Volvidas
algumas semanas, o Algarve Informativo acompanhou o início de mais um ano de
aulas do Grupo Muzenza Portugal do Mestre Burguês e também saiu do treino de
sorriso nos lábios.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
A capoeira mistura arte marcial, desporto, cultura
popular e música, tendo sido desenvolvida no Brasil por
descendentes de escravos africanos. É conhecida pelos seus golpes e
movimentos ágeis e complexos, que utilizam sobretudo chutos e rasteiras, a par
de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas e acrobacias em solo ou aéreas.
Tudo isto se encontra noutras artes marciais, mas uma característica que
distingue a capoeira é a musicalidade. De facto, os seus praticantes aprendem
não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a
cantar.
Outra imagem de marca desta arte marcial é a «roda», um
círculo de capoeiristas com uma bateria musical em que a capoeira é jogada,
tocada e cantada. No seu interior, para além do jogo, divertimento e
espetáculo, os capoeiristas aplicam o que aprenderam durante os treinos,
enquanto os colegas vão cantando e batendo palmas ao ritmo do berimbau. O
jogo entre os dois capoeiristas termina ao comando do tocador de berimbau ou
quando outro capoeirista da roda «compra o jogo», ou seja, se «infiltra» entre
os dois e dá início a um novo jogo com um deles.
Continuando a perfilar as diferenças em relação às outras
artes marciais, o objetivo na roda da capoeira não é colocar o adversário em
nocaute, mas sim derrubá-lo sem que ele seja golpeado, de preferência com uma
rasteira. Quando o jogo é feito entre um capoeirista mais experiente e um
novato, o primeiro opta por mostrar a sua superioridade «marcando» o golpe no adversário,
isto é, bloqueando o golpe antes de este ser completamente executado. Quando o
jogo é feito entre dois capoeiristas experientes, os movimentos são realizados
a uma velocidade alucinante e proporcionam um verdadeiro espetáculo visual,
conforme assistimos num jogo entre o Monitor RC (Ricardo Castro) e o Graduado
Galho (Filipe Barros), numa aula do Grupo Muzenza Portugal do Mestre Burguês no
Pavilhão Municipal de Albufeira.
Enquanto os alunos iam mostrando os seus dotes ao som do
berimbau, o Professor Pena falou em mais de meio milhar de praticantes de
capoeira somente do Grupo Muzenza no Algarve, que recebem os seus ensinamentos
de 10 professores, cada um com três ou quatro núcleos espalhados por diversas
cidades. “Aqui não há cintos, mas sim cordas, havendo cerca de 23 graduações
até se atingir o patamar mais elevado. Começam por ser Alunos, ao fim de oito
anos podem chegar a Graduado, seguindo-se Monitor, Instrutor, Professor (3
graus), Contramestre (3 graus) e Mestre (5 graus)”, explicou o coordenador do Grupo
Muzenza Algarve. “As pessoas procuram a capoeira não pelas graduações, mas pela
sua musicalidade e filosofia. Queremos trabalhar com alegria e felicidade e o
convívio é muito forte na capoeira, dentro e fora dos treinos, já que
organizamos várias viagens ao Brasil e por toda a Europa”.