O Cine-Teatro Louletano deu
o pontapé de saída para a nova temporada, no dia 9 de setembro, com um
fantástico concerto de Carlão. O ex-vocalista dos Da Weasel trouxe ao Algarve
os êxitos de «Quarente», deu a conhecer alguns temas do segundo álbum de
originais prestes a sair para o mercado e contou com uma convidada super
especial, Sara Tavares. E foi, de facto, uma noite super especial…
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Carlão abriu a nova temporada do Cine-Teatro Louletano com
um concerto que prometia ser para toda a família e assim aconteceu, com a
principal sala de espetáculos de Loulé a abarrotar de público de todas as
idades. Foi um cenário algo improvável, assistir-se a um concerto de hip-hop
num espaço mais habituado a outras sonoridades, a peças de teatro ou a performances
de dança, mas a verdade é que a aposta resultou em pleno, melhor do que a
encomenda, surpreendendo, inclusive, o carismático músico, um dos rostos mais
familiares dos portugueses depois dos muitos anos à frente da banda Da Weasel.
O concerto foi contagiante, com os sucessos do primeiro
disco de originais, «Quarente», a colocarem as pessoas a cantar os refrões,
palavras de ordem contra o que está mal no sistema e contra os crimes de
«colarinho branco», rimas de amores e desamores, de vícios e maus hábitos,
mensagens bem características desta sonoridade que em tempos foi vista com maus
olhos mas que conquistou, com mérito próprio, o seu lugar no panorama musical
mundial. E Carlão foi, e continua a ser, um dos seus principais motores em
Portugal, um homem vibrante que se apresentou em palco de forma genuína, não
escondendo as emoções fortes que lhe iam na alma ao ver pela frente uma plateia
tremenda e completamente rendida à sua música.
O espetáculo serviu igualmente para se conhecer melhor
algumas canções do segundo disco de originais, com edição prevista ainda para
este ano, com destaque para os singles «Agulha no Palheiro», uma canção de amor
fresca com uma batida dançável, e «Viver pra Sempre», um tema viciante com
letra de Carlão e música de Boss AC. A seu lado, os companheiros do costume, DjGlue,
o baixista Nuno Espírito Santo, Gil Pulido nos teclados e Bruno Ribeiro na voz,
mas o espetáculo de Loulé teve um aliciante extra, Sara Tavares, esse poço de
luz e energia que infecta, no bom sentido, claro, todos em seu redor.
No final, Carlão confessou que não estava à espera de
«partir a casa toda» em Loulé, embora o objetivo seja sempre dar o melhor
concerto possível. “Gosto bastante desta proximidade e intimidade com o
público, mas não é normal atuar em auditórios porque se convencionou que este
tipo de música não é para este género de espaços. Mas foi muito bom”, confirma
o músico, ainda a recordar a plateia de pé a cantar e a abanar os braços.
Aliás, na última música da noite, «Dialectos de Ternura» de Da Weasel, em
versão Buraka Som Sistema, até para o palco foram dançar alguns espetadores. “A
minha música tem um lado bastante festivo, de dançar e saltar, mas as palavras
são uma componente importante e, nestes espaços menores, as pessoas acabam por
perceber melhor o que estamos a dizer. Mesmo a atuação do DJ é mais percetível
para o público do que num festival, com aquela confusão toda”, compara.