A quinta edição do FOMe -
Festival de Objetos e Marionetas, organizado pela ACTA, trouxe à capital algarvia diversos espetáculos
para todas as idades, de 23 a 30 de setembro, mas também houve oportunidade para
a realização de um workshop e de uma exposição com Patrícia Chambino. E foi no
1878 Hostel que ficamos a conhecer um pouco mais do mundo mágico das
marionetas.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
O 1878 Hostel, em Faro, acolhe, até 7 de outubro, a
exposição «Permanências», que integra a coleção privada de trabalhos de
Patrícia Chambino realizados durante os últimos 11 anos, no âmbito do teatro de
marionetas. A mostra surge num contexto de revelação de diferentes formas,
materiais e técnicas, aplicados à arte da cenografia, tratando-se de objetos de
magia e das impossibilidades possíveis características do mundo do Teatro.
Licenciada em Teatro - Produção e Design, Patrícia Chambino
fez diversas formações na área das Marionetas e das Formas Animadas em Portugal,
Lituânia, República Checa e Malásia, tendo estagiado no Teatro Nacional de
Marionetas de Vilnius. De regresso a Portugal, rumou ao sul e concluiu uma Pós-Graduação
em Artes Visuais e Performativas na Universidade do Algarve, academia onde está
a finalizar o Mestrado em Comunicação, Cultura e Artes – Estudos da Imagem.
Artes que já a acompanharam no ensino secundário, em Castelo Branco, de onde é
natural, mas foi para a vertente da conceção plástica do espetáculo que se
direcionou e não propriamente para a representação. “Infelizmente, como a componente
das marionetas não está muito desenvolvida em Portugal, tive que recorrer a
várias formações no estrangeiro. Com uma marioneta pode-se inventar tudo, é um
super ator que pode fazer o que quiser”, descreve Patrícia, de brilhos nos
olhos.
Um fascínio que, como se sabe, não é comum a todos, havendo
muitos adultos que não se sentem confortáveis na presença de marionetas, quanto
mais ir assistir a uma peça de teatro com marionetas. Patrícia Chambino
confessa, aliás, que a sua grande atração, enquanto criança, até era pelas
máscaras. “Nunca tive uma proximidade com as marionetas que me permitisse
encará-las como uma possibilidade de carreira. Só depois de andar em Teatro e
contatar mais de perto com a vertente plástica e de cenografia é que mudei de
ideia. Trabalhamos e construímos em equipa e há um resultado final que as
pessoas veem”, justifica a entrevistada, que não esquece as suas viagens pela
Europa de Leste, onde as marionetas têm uma forte tradição.
A primeira marioneta foi concebida durante um workshop que
frequentou, num festival no Porto, com a artista alemã Uta Gebert, onde dominou
os princípios básicos das articulações, de dar vida a um boneco, porque há
aqueles que estão parados e outros que podem ser animados. “O mais importante
nas marionetas é a ilusão de que elas têm vida”, destaca, garantindo que criar
uma marioneta não é tão simples como possa parecer à primeira vista. “Há muitas
maneiras diferentes de se trabalhar nesta arte e não gosto de pensar que a
minha é que está certa, nem de julgar os métodos dos outros. Há quem pegue numa
meia com dois botões, ou simplesmente usando a mão, e consiga fazer um bom
espetáculo. As marionetas mais complicadas podem demorar semanas ou meses a
serem idealizadas e construídas”, refere.