Vai ser apresentado, no dia 7 de novembro, pelas 18h, no Salão Nobre dos antigos Paços do Concelho de Lagos, o livro da investigadora Daniela Nunes Pereira sobre «A Evolução Urbanística de Lagos (séculos XV-XVIII)», uma edição da Direção Regional de Cultura do Algarve. A obra traz ao conhecimento público documentação de vários arquivos nacionais e estrangeiros para se compreender como evoluiu uma das mais importantes cidades algarvias, desvendando-se os processos de configuração das ruas e praças, do casario e dos edifícios mais significativos.
Daniela Nunes Pereira demonstra a importância de Lagos no Algarve e no contexto da Coroa, ao mesmo tempo que desmistifica algumas ideias que desde o século XX têm sido sistematicamente veiculadas em torno do Castelo dos Governadores ou do «Mercado de Escravos». O papel de D. Manuel I em Lagos também é apurado. Durante este reinado, a vila passou por um importante processo de urbanização, cujas operações eram submetidas a uma «planificação», à semelhança do que sucedeu em Lisboa.
A fortificação foi objeto de uma importante investigação. Depois de Mazagão, de Salvador da Baía e da ilha de Moçambique, Lagos foi a quarta vila no reinado de D. João III a ser cercada – obra confiada ao mais importante engenheiro militar do reino, Miguel de Arruda. A cidade é um sistema complexo e dinâmico, reflete vivências, tendências, transformações e preocupações, que, no caso concreto, determinaram a entidade de Lagos entre os séculos XV e XVIII. Na obra estão patentes as preocupações existentes com o ordenamento e a gestão urbana ao longo dos séculos, expressas na documentação oficial nos vocábulos «enobrecimento» ou «aformoseamento» que Daniela Nunes Pereira observou para a construção ou manutenção dos edifícios e ruas da urbe, igualmente usadas na reconstrução da cidade de Lagos, após o terramoto do 1.º de novembro de 1755.
Daniela Nunes Pereira é licenciada em Património Cultural (2006) e mestre em História da Arte (2012) pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve. Atualmente, é doutoranda em História, na Universidade de Évora (2014-2018), bolseira de doutoramento no âmbito da Cátedra UNESCO – Intangible Heritage and Tradicional Know-how: Linking Heritage, e membro do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS – Universidade de Évora), onde desenvolve a tese sobre «Os espaços de mercado nas cidades portuguesas entre os séculos XVI e XVIII».