2017 foi um ano bastante positivo para o Cine-Teatro Louletano no que concerne à adesão de público à sua programação regular nas várias áreas artísticas, com mais de 30 mil espetadores (30126) – algo inédito desde a sua reinauguração em 2011 – a frequentarem os eventos realizados, quer no Cine-Teatro (sala com 310 lugares sentados), quer fora deste equipamento (em Quarteira, Querença e em vários pontos da cidade de Loulé), numa ótica de descentralização da sua oferta cultural. Em 2015, a afluência de público tinha-se fixado nas 25 mil e 379 pessoas e, em 2016, já foram 28 mil e 721 os que usufruíram da programação do Cine-Teatro, o que traduz um aumento percentual, entre 2015 e 2017, perto dos 20 por cento no número de aderentes.


Com uma oferta cultural diversificada e arrojada que percorre a Música, Teatro, Dança, Performance, Cinema, Multidisciplinaridade, Formação, as propostas para a comunidade escolar e famílias, os festivais de pequena dimensão e outros formatos ligados ao debate e reflexão crítica, o Cine-Teatro Louletano tem vindo a afirmar-se inequivocamente como uma sala de média dimensão de referência na região algarvia e a sul do rio Tejo. No cômputo geral, em 2017 foram realizados 46 concertos, 27 apresentações de peças de teatro, 7 espetáculos de dança, 2 performances, 11 sessões de cinema, 4 serões da rubrica regular «Conversas à Quinta», bem como igual número da rubrica «Dos Sabores da Cultura», 14 sessões dedicadas a Formação, 3 festivais e 9 propostas multidisciplinares. A pensar na comunidade escolar, no universo da primeira infância (bebés) e nas famílias, foram realizados 10 espetáculos de música, 5 de teatro e 32 apresentações de cariz transdisciplinar.


Comparativamente a 2016, houve um aumento no número de espetáculos teatrais e de dança (esta nas suas várias linguagens e estéticas: tango, flamenco, contemporânea…), bem como no que concerne aos formatos multidisciplinares, fruto da intenção clara de apresentar propostas inovadoras, surpreendentes e enriquecedoras para os vários públicos, desde um registo mais mainstream até outros mais segmentados. Em relação à Formação, registou-se também um acréscimo de oferta a nível de sessões realizadas (num total de 14), reflexo de uma das principais linhas programáticas que tem norteado a estratégia cultural do Cine-Teatro nas últimas temporadas: a aposta na arte para a primeira infância em estreita colaboração com as creches e jardins-de-infância do Concelho de Loulé e com a Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC) da Universidade do Algarve, e trazendo ao Algarve companhias de referência nesta área, que nunca tinham apresentado o seu reconhecido trabalho na região. 


Em 2017 ficou igualmente reforçada outra linha programática essencial na programação do Cine-Teatro - o ciclo «O Longe é Aqui» - ou seja, o estímulo e valorização dos músicos naturais e/ou residentes no concelho de Loulé através da realização de encomendas artísticas que os juntam, de forma inédita, a reconhecidas figuras do panorama musical. Daí um total de cinco concertos realizados no âmbito deste ciclo em 2017, três deles ocorridos fora do Cine-Teatro (dois em Quarteira e um na Cerca do Convento em Loulé): Perigo Público com Couple Coffee; Trio de Jazz de Loulé com Pedro Abrunhosa; Banda Filarmónica Artistas de Minerva com Virgem Suta; Flor de Sal com Vitorino e Poli Correia (Sam Alone) com Jorge Palma.


A programação patente em 2017 também refletiu, nomeadamente a nível da Música e do Teatro, o facto de Loulé se pretender posicionar como frente avançada na estreia de novas criações no Algarve, quer provindas de prestigiados grupos e companhias nacionais, quer de artistas emergentes (inclusive do Algarve). É de registar até uma estreia nacional, neste caso o primeiro disco a solo de Ana Bacalhau, sendo que em 2018 estão previstas mais duas estreias nacionais em Loulé: os novos álbuns de David Fonseca e Samuel Úria. A participação em várias coproduções, em parceria com outras salas de espetáculo de referência do centro e norte do país, apoiando e fomentando assim a criação artística, foi igualmente uma tónica em 2017, nomeadamente nas áreas do teatro e da oferta para os mais pequenos e famílias, a qual se irá aprofundar no decurso deste ano.



2017 foi também um ano em que a questão da formação de públicos voltou a fazer parte da estratégia de programação do Cine-Teatro, quer através da apresentação de propostas musicais mais inusitadas (que, à partida, não se esperaria encontrar na programação do Cine-Teatro), quer de performances e outros formatos de cariz menos «lúdico» e mais questionador, dirigidos a nichos mais específicos de público, como foi o caso do arranque do ciclo «Estórias silenciosas» que, dirigindo-se à comunidade escolar e ao público em geral, aborda temas ligados à atualidade sociopolítica e cultural através do teatro, da música e da performance. Os encontros do DeVIR e o Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé foram igualmente, pela sua vocação, objetivos e propostas, exemplos de projetos apresentados em 2017 que visa(ra)m alargar e aprofundar a relação do Cine-Teatro com uma maior diversidade e abrangência de públicos.

Fotografias: Daniel Pina/Algarve Informativo