Depois de seis semanas
praticamente de lotação esgotada no Teatro Tivoli, em Lisboa, o musical sobre
Simone de Oliveira passou pelo Porto e Figueira da Foz e continua, em 2018, em digressão
de norte a sul de Portugal, incluindo Faro, nos dias 26 e 27 de janeiro. O
Algarve Informativo esteve à conversa com o encenador Tiago Torres da Silva,
que levantou o véu sobre o espetáculo acerca de uma das mais carismáticas
artistas portuguesas dos séculos XX e XXI.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Paulo Sabino
Ao longo de seis semanas, o Teatro Tivoli BBVA vibrou com «Simone,
O Musical», da autoria de Tiago Torres da Silva, com a história da vida e
carreira de Simone de Oliveira a arrebatar os espectadores em Lisboa e a gerar longas
ovações de pé no final de cada espetáculo. Risos e lágrimas multiplicaram-se,
não deixando indiferente quem já conhecia a sua vida e conquistando os mais
novos com os poemas, a elegância do texto e a excelência das interpretações. Em
2018, «Simone, O Musical» continua em digressão pelo país, tendo já passado
pelo Forum Municipal Luísa Todí, em Setúbal e pelo Casino do Estoril,
seguindo-se, ainda em janeiro, o Teatro Aveirense, em Aveiro e o Teatro das
Figuras, em Faro, nos dias 26 e 27.
Uma agenda repleta porque, amada por todos, Simone de
Oliveira é sinónimo de força, autenticidade e coragem. A artista, que completa
80 anos a 11 de fevereiro, abraçou mais de sete ofícios na sua longa carreira,
fazendo sempre frente aos desafios que lhe surgiram pelo caminho. Sem temer, ou
temendo muito, desbravou caminhos e fez-se ouvir numa sociedade adversa às
mulheres com voz. Foi jornalista, locutora de continuidade, apresentadora de
concursos e programas de televisão e rádio, até que a voz, possante e enérgica,
a fintou. Mas lutou, sobreviveu e regressou às canções que a notabilizaram, aos
poetas controversos a cuja obra cedeu a alma, aos palcos que a amavam como
cantora e atriz, ao público que aplaudia a Artista e a Mulher.
Apesar da idade avançada, Simone de Oliveira ainda tem
sonhos por concretizar e muitas memórias para partilhar, daí ter aceitado
prontamente o desafio lançado por Tiago Torres da Silva e interpreta, em palco,
temas icónicos como «Desfolhada», «Sol de Inverno», «Esta Palavra Saudade» e «Tango
Ribeirinho». Simone desvenda-se e, mais uma vez, entrega-se publicamente pelo
que acredita, pelo que sente como destino, pelo que a torna um exemplo
acarinhado por todos os portugueses. Mas o espetáculo é muito mais do que um
musical em nome próprio, onde a sua história, recheada de personagens como
Varela Silva, Ary dos Santos, Carlos do Carmo e David Mourão Ferreira, é
pautada pela música e humor. “Gosto muito dela, faz 60 anos de carreira e tem
um percurso, pessoal e profissional, riquíssimo e que é uma grande lição de
vida para todos, por conseguir retirar sempre uma gargalhada de todas as
vicissitudes por que vai passando”, refere o encenador, considerando que a
história de Simone de Oliveira ilustra também a evolução das mentalidades em
Portugal no século passado. “Foi muito mal tratada nos anos 60 quando cantou
“Quem faz um filho, fá-lo por gosto» e ainda recentemente uma costureira que
trabalhava connosco disse que não a queria vestir precisamente por ter
interpretado esse tema. Isto em 2017”, revela Tiago Torres da Silva.
Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__139