Loulé assinalou, no dia 1 de fevereiro, o 30.º aniversário de Elevação a Cidade e o grande destaque foi a homologação pelo Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins, do acordo entre a Infraestruturas de Portugal e a Câmara Municipal de Loulé para a transferência da EN 270, entre Boliqueime e a Fonte D’Apra, freguesia de São Clemente, para a gestão autárquica. Assinado o documento por Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, e António Laranjo, presidente da Infraestruturas de Portugal, houve lugar à apresentação do projeto de construção da segunda fase da Circular Norte de Loulé, obra que dará mais um contributo para retirar do centro da cidade o tráfego de passagem, melhorar a circulação automóvel e criar um acesso privilegiado à Via do Infante desde a zona nascente de Loulé.
A construção da 2.ª fase da Circular Norte de Loulé consistirá no prolongamento já construído da Circular Sul compreendido entre a rotunda das Barreiras Brancas da ER 270 até à Rotunda Querença/Ameixial na EN 396, numa extensão de um quilómetro e 772,371 metros. O traçado será ajustado às diversas condicionantes existentes e, dada a ortografia em presença, procurou-se que a implantação da obra se enquadrasse na zona envolvente, considerando pequenos aterros e limitando as escavações ao máximo de uma baqueta. Os estudos de traçado desta circular procuraram fixar uma solução que, cumprindo as características geométricas correspondente à velocidade base de 70 Km/h, se enquadrasse no corredor definido para o seu desenvolvimento. A solução viária preconizada apresenta uma faixa de rodagem de 1x2 vias, toda ela de nível, onde se prevê, para além da rotunda inicial (Querença e Ameixial), duas rotundas intermédias que farão a conexão entre duas estradas municipais que asseguram a ligação entre as povoações de Barreiras Brancas e de Pedragosa ao centro da cidade de Loulé. O investimento global, sem o valor das expropriações, será na ordem dos três milhões e 373 mil euros.
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Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé |
Outra intervenção importante apresentada na sessão foi o prolongamento da Avenida do Atlântico (entrada de Quarteira) até à rotunda da Vila Sol, que acontecerá após a entrega do troço da EN 396 entre as Duas-Sentinelas e a entrada de Quarteira ao Município de Loulé. O objetivo do projeto é requalificar preservando o maior número possível das árvores que atualmente ladeiam a EN 396, nomeadamente pinheiros e cedros de porte significativo, que caracterizam há muito esta via e que lhe dão ambiência e sombra. Pretende-se introduzir uma faixa de rodagem no sentido Quarteira-Loulé, ficando a estrada existente com duas faixas no sentido Loulé-Quarteira, tal como se verifica atualmente na Avenida do Atlântico. A ideia é fomentar e estimular a opção por formas de deslocação mais saudáveis e amigas do ambiente, o uso da bicicleta e o «andar a pé», criando-se percursos confortáveis e funcionais mas, simultaneamente, lúdicos e interessantes. A obra vai igualmente aumentar a segurança nas várias formas de deslocação – viária, ciclável e pedonal – e resolver o entroncamento com a Rua Altura de Maio, mais conhecido por «entroncamento da Gida», para além de se dar uma estrutura mais urbana à zona da rotunda da Vila Sol, onde existe edificado, iniciando-se uma primeira definição do que poderá vir a ser a zona do Semino no futuro.
Após a apresentação dos projetos, Vítor Aleixo confirmou o enorme desejo da autarquia em responder aos anseios dos residentes e empresários que constroem a vida coletiva de Loulé e para os quais a conclusão da Circular Norte será preponderante. “Este contrato entre a Infraestruturas de Portugal e a Autarquia de Loulé só foi possível porque existe uma nova solução governativa no país. Anteriormente, não havia clima político para abordarmos as instâncias decisoras ao nível central com questões desta natureza. Felizmente, as coisas mudaram e nós retomámos os nossos sonhos”, sublinhou o edil louletano, satisfeito por toda a Estrada Regional 270 ter passado para a gestão camarária. “A situação económica do concelho de Loulé permite-nos dizer que não precisamos de dinheiro da administração central, que continua a ser um bem escasso, apesar de Portugal ter acabado de sair de uma crise profunda”.
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Vista da Avenida do Atlântico, em Quarteira |
Um ano depois de Guilherme d’Oliveira Martins ter vindo a Quarteira inaugurar a Avenida do Atlântico, foi agora apresentado o projeto da sua continuidade até à rotunda do empreendimento turístico Vila Sol e Vítor Aleixo confirmou a imagem positiva que a nova entrada de Quarteira tem gerado sobre os turistas. Mas também endereçou uma palavra especial à proposta para a implementação de um Polo Intermodal de Transportes no Parque das Cidades, no âmbito do Algarve Central. “Há vários documentos estratégicos, a começar no PROT, que apontam para a importância da ligação entre Loulé e Faro e este projeto tem vindo a crescer ao longo dos anos e a ganhar capacidade crítica. Começamos pelo Parque das Cidades, um grande investimento que ainda está por concluir, e lá vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, o Hospital Central do Algarve. Os algarvios não vão desistir dessa bandeira”, garantiu Vítor Aleixo.
O autarca referiu igualmente o nascimento ali perto do complexo comercial do MAR Shopping Algarve, da loja IKEA e do Designer Algarve Outlet e lembrou que está também aprovado uma área de serviços para as proximidades, o Algarve Cluster Multiusos, da responsabilidade de dois empresários louletanos. “Queremos ligar a cidade de Loulé de uma maneira mais fácil a Faro, aproveitando a Estação do Esteval – onde foi gasto bastante dinheiro – e que pode servir toda a população que se desloca do barlavento ou do sotavento e que pretenda dirigir-se ao Aeroporto de Faro, à Universidade do Algarve, ao complexo comercial, a Faro e a Loulé”, afirmou. Vítor Aleixo não terminou a sua intervenção sem sublinhar alguns melhoramentos que podem ser efetuados nas obras de requalificação efetuadas na EN 125 entre Vila do Bispo e Olhão. “É nossa obrigação fazer eco das preocupações dos cidadãos e a seu tempo faremos chegar um dossier com todas essas questões elencadas”, concluiu.
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Guilherme d'Oliveira Martins, Secretário de Estado das Infraestruturas |
Também o Secretário de Estado das Infraestruturas reconheceu que a conclusão da Circular Norte de Loulé vai incrementar a mobilidade e promover a economia do município louletano e da própria região algarvia. “A construção da segunda fase terá um efeito determinante a vários níveis, desde logo a melhoria da acessibilidade à zona norte da cidade, mitigando situações de congestionamento, mas também melhorando a hierarquia da rede rodoviária do concelho, porque vai permitir uma gestão mais equilibrada e sustentável do território municipal”, frisou Guilherme d’Oliveira Martins, realçando também, como é óbvio, a melhoria das condições de segurança da circulação rodoviária e pedonal decorrente do desvio do tráfego de atravessamento da cidade.
No que concerne ao prolongamento da Avenida do Atlântico, o governante reforçou que a obra poderá avançar mal o Tribunal de Contas dê o seu visto para a desafetação dessa via da concessionária. “Farei todos os esforços para que isso aconteça o mais brevemente possível. E é importante reiterar que, não obstante os conhecidos condicionamentos orçamentais, o Governo mantém uma inequívoca aposta na materialização de um conjunto de intervenções estruturantes na rede rodoviária e ferroviária no Algarve, que visam uma efetiva promoção da economia regional, da coesão territorial e da qualidade de vida da população residente”, salientou. “Nesse âmbito inclui-se a conclusão das obras de requalificação da EN 125 entre Vila do Bispo e Olhão, numa extensão aproximada de 110 quilómetros, bem como a conclusão, ainda este ano, dos projetos para a eletrificação da Linha do Algarve, nos troços Tunes-Lagos e Faro-Vila Real de Santo António, e o arranque das respetivas empreitadas. Queremos uma região cada vez mais atrativa, para os residentes e para os turistas nacionais e estrangeiros, e pugnar para que ela seja dotada de uma rede de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias com melhor desempenho, ao nível da capacidade operacional e da segurança”.


Terminadas as intervenções oficiais, assistiu-se ao lançamento do Catálogo «Loulé: Territórios. Memórias. Identidades». As comemorações dos 30 anos de elevação de Loulé a Cidade começaram, porém, logo às 10h, com a cerimónia de hastear da Bandeira em frente aos Paços do Concelho, com a participação da Banda Filarmónica Artistas de Minerva e Bombeiros Municipais. Na parte da manhã houve ainda lugar à apresentação da Oficina Móvel, uma viatura que irá apoiar as populações mais idosas e desfavorecidas, prestando pequenos serviços nas suas habitações como arranjos de eletricidade, canalização, etc. Na Praça da República foi igualmente lançado simbolicamente «Metrominuto», projeto que visa a promoção e incentivo da mobilidade pedonal nos trajetos diários da população na cidade de Loulé e que faz parte das ações previstas na Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas na área temática da mobilidade sustentável.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina