O convite já vinha sendo feito há muito tempo para rumar a Santo Estêvão para assistir a um espetáculo dos «Serões da Primavera», ciclo de programação da Casa do Povo de Santo Estêvão (CPSE) associado, como o próprio nome indica, à estação da Primavera, mas a ocasião ainda não o tinha permitido. Depois do sucesso de 2017, a edição deste ano pretende continuar a atrair gente a esta aldeia do interior do concelho de Tavira, em pleno barrocal algarvio, “com uma explosão de sonoridades e texturas consubstanciada em projetos de diversas geografias musicais, explorando as suas sonoridades e singularidades, desde o pop ao fado, passando pelo jazz e música eletrónica”, nas palavras de José Barradas, presidente da Direção da CPSE.

Composto por seis concertos a realizar entre março e junho, a ideia é “garantir uma programação cultural regular numa perspetiva de descentralização, de combate à exclusão social e à desertificação que estas zonas têm sofrido nos últimos tempos, mas também promover a educação para as artes com uma boa dose de inovação e nomes conceituados do panorama musical português”, explica o dirigente, com os projetos a serem cuidadosamente selecionados em função do próprio espaço e da altura do ano em que estamos. Um espaço que, diga-se, está muito bem apetrechado, depois de ter aproveitado, há alguns anos, fundos vocacionados para territórios de baixa densidade para adquirir equipamento de luz e som e criar todas as condições para acolher este género de eventos.

Depois dos concertos de Luís Severo (31 de março) e de Surma (7 de abril), o terceiro capítulo dos Serões da Primavera 2018 aconteceu na noite de 21 de abril, com o guitarrista Manuel de Oliveira a convidar o acordeonista João Frade e a cantora Susana Travassos para uma noite que prometia ser inesquecível. E assim partimos em direção a Santo Estêvão, saímos no nó de Tavira da Via do Infante e num instante chegamos a uma aldeia que, dizem-nos, tem cerca de 15 habitantes. Em frente ao edifício da delegação da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo lá estava a Casa do Povo de Santo Estêvão, com o presidente José Barradas na receção a vender os bilhetes para o concerto.

Pois é, nestas coisas do associativismo, ainda mais em meios pequenos, toda a gente faz tudo e mais alguma coisa, e de sorriso nos lábios, sem cara de fretes. Aliás, essa é a melhor maneira de conhecer as pessoas, quem visita os espaços, à porta, na entrada, a servir no bar, não sentados num gabinete nas traseiras. “São cinco euros o bilhete, para ajudar a pagar a conta da eletricidade”, repetiu várias vezes José Barradas aos clientes que iam chegando antes das 10 da noite, hora que estava marcada na agenda. “Primeiro o Manuel e o João tocam uma hora de instrumental, fazemos um intervalo para se beber qualquer coisa no bar, e depois entra a Susana para mais uma hora de animação”, dizia o presidente. “Cinco euros e duas horas de música? Belo negócio”, exclamou uma cliente.


Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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