A ideia, segundo apuramos, já vinha sendo implementada no
«11 da Vila», em Loulé, com João Apolónia a ter por hábito convidar alguns
amigos para preparar, volta e meia, um almoço para amigos e clientes. E quando
João Apolónia, Bruno Inácio e Tiago Soares assumiram a exploração do carismático
Café Calcinha, decidiram replicar a fórmula, desta vez ao jantar. A
responsabilidade, contudo, é maior, porque o Calcinha integra a Rota dos «Cafés
Portugueses com História» e tem, logo à entrada, a figura imponente de António
Aleixo a espreitar se a clientela fica ou não satisfeita com o serviço.
Conversa para aqui, conversa para acolá, e o segundo
episódio deste projeto a que se chamou «Um Intruso na Cozinha» foi para o ar na
noite de 21 de abril, com a cozinha a ser entregue, por algumas horas, a Pedro
Pimpão, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé e economista de formação,
e ao arquiteto paisagista Gonçalo Duarte Gomes. E se a missão de Gonçalo de
preparar a entrada era mais fácil de concretizar, já Pedro tinha a seu cargo a
dura tarefa de cozinhar o prato principal para cerca de 30 pessoas, um bacalhau
cozido com molho bechamel.
O jantar estava marcado para as 20h30 e duas horas antes
chegaram ao Café Calcinha os dois cozinheiros de serviço. Provavelmente só
quando passaram da sala principal para a cozinha é que tiveram real perceção da
tarefa que tinham em mãos. Principalmente Pedro Pimpão, que já tinha à sua
espera as batatas descascadas e o bacalhau desfiado e, naquele momento,
compreendeu que as proporções não eram bem aquelas a que estava habituado nas
ocasiões em que tem oportunidade de cozinhar para a família ou para os amigos
mais próximos. Por isso, como bom economista que é, de imediato pediu uma folha
de papel e lápis para fazer umas contas apressadas. “Este deve ser, provavelmente,
o meu maior desafio até à data, quiçá maior do que a política. Na política há
sempre alternativas para abordar as questões, várias maneiras para resolver os
problemas. Aqui não. Se a comida não ficar boa, os clientes vão-se embora”,
comparou o vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé.
A escolha do bacalhau cozido com molho bechamel deveu-se a
uma tradição familiar, não por se tratar da única receita que tem «coragem»
para submeter à apreciação de clientes normais, mas esta era a primeira vez que
cozinhava para grupos grandes. “Em casa, se ficar muito insonso ou demasiado
salgado, ainda nos conseguimos desenrascar ou não levam a mal, num restaurante
a história é diferente”, reconhece, explicando que o desafio nasceu de
conversas de circunstância com Bruno Inácio e João Apolónia, sem ter bem
consciência de onde se estava a enfiar. “Acho que só vou perceber bem onde me
meti quando me sentar à mesa para comer. O bacalhau vai ser primeiro cozido,
depois colocado no forno com as batatas e ovo, após o que leva o molho bechamel
por cima e pão ralado e vai novamente ao forno”, descreve.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Leia a reportagem completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__153
Leia a reportagem completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__153