Foi apresentada oficialmente, no dia 4 de maio, na Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, a nona edição dos Jogos de Quelfes, ocasião que serviu igualmente para a inauguração da exposição «Mascotes Olímpicas. De Talismãs a Símbolos de Identidade». A mostra foi produzida pela Academia Olímpica de Portugal e é constituída por 47 mascotes, complementada por textos que relembram cada edição dos Jogos Olímpicos, retratando meio século de história olímpica.

Quanto aos Jogos de Quelfes, são um ponto de encontro e de celebração desportiva e cultural para as diversas comunidades escolares envolvidas e têm desempenhado um papel importante no Algarve, não só ao nível do desenvolvimento desportivo e da promoção dos valores éticos no desporto no 1.º Ciclo do Ensino Básico, mas também no que concerne a objetivos mais amplos de promoção da dimensão humanista do Olimpismo enquanto filosofia de vida e instrumento de educação para a cidadania. 


Depois da estafeta «Chamada para os Jogos» ter começado a 9 de janeiro, em Olhão, na Escola EB1 de Marim, e ter passado por várias localidades dos 21 municípios da Península Ibérica que acolhem a iniciativa, os jogos propriamente ditos iniciam-se, a 11 de maio, em São Brás de Alportel, estando o encerramento marcado para o dia 25 de maio, no IPDJ, em Faro. Os IX Jogos de Quelfes incluem manifestações que vão desde a educação – através dos valores olímpicos – à dieta mediterrânica e à prática desportiva, por via de modalidades individuais e coletivas como o basquetebol, atletismo, natação, rugby, andebol, equitação adaptada, lenço grego e futebol.

A organização dos Jogos de Quelfes é levada a cabo por uma Comissão Organizadora que envolve a Associação Jogos de Quelfes, a Academia Olímpica de Portugal, a Academia Olímpica Espanhola, o Comité Paralímpico de Portugal, a Delegação Regional de Educação do Algarve, os Municípios de Ayamonte, Loulé, Olhão, S. Brás de Alportel e Tavira, Juntas de Freguesia, Associações, Agrupamentos de Escolas e a Direção Regional do Algarve do IPDJ, IP. “Mais importante do que sonhar é depois concretizar esses sonhos e é isso que tem acontecido com os Jogos de Quelfes. O Gustavo Marcos idealizou este projeto há uma década atrás e tem conseguido juntar à sua volta pessoas para levar por diante este evento. E, no século XXI, nada acontece sem parcerias e sem remarmos todos para o mesmo lado, ao invés de olharmos apenas para os nossos umbigos”, afirmou o anfitrião da cerimónia, Custódio Moreno. “Não tenho quaisquer dúvidas de que Pierre de Coubertin (fundador do olimpismo moderno) teria muito orgulho em conhecer o Gustavo Marcos”, reforçou o Diretor Regional do Algarve do IPDJ. 


Aproveitando a presença de dois atletas olímpicos na sala – Ezequiel Canário e Jorge Costa – Custódio Moreno declarou que quem praticou desporto é uma pessoa diferente, mais saudável, disponível e responsável. “Os valores não se incutem com livros, mas com a prática, e os Jogos de Quelfes são um grande projeto educativo e espaço de formação”, concluiu, antes de passar a palavra a Gustavo Marcos, fundador dos Jogos de Quelfes e cuja nona edição começa já esta sexta-feira, dia 11 de maio. “Este evento é o culminar de uma abordagem educativa que procuramos levar aos alunos do primeiro ciclo do ensino básico, transmitindo-lhes os valores, a filosofia e a vivência do olimpismo. O nosso cérebro passa por um período de desenvolvimento crucial nos primeiros 10 anos de vida, portanto, esta idade é fundamental se queremos inspirar os jovens para o olimpismo e para a prática desportiva. Envolvê-los em programas de educação para a cidadania e de atividade física que sejam divertidos, inclusivos, educativos e estimulantes ajuda a garantir uma experiência positiva, aumentando a probabilidade de continuarem ativos ao longo da vida e de integrarem esses valores e ideais como um património próprio, isto é, que sejam melhores seres humanos”, salientou o Vice-Presidente do Conselho Diretivo da Academia Olímpica de Portugal.

Gustavo Marcos recordou que o olimpismo nasceu pelas mãos de Pierre de Coubertin, inspirado pela trégua sagrada da Grécia Antiga durante a qual todos os conflitos cessavam para se disputarem os Jogos Olímpicos. “Na Atlantíada temos dois países irmãos – Portugal e Espanha – que convergem para a difusão do olimpismo que começa nas escolas. Temos alguns elementos pedagógicos ambiciosos, desde logo o livro «Kelfi e os Jogos Olímpicos», que vamos conseguir reeditar, em breve, graças a um programa do IPDJ, mas também uma publicação mensal – o «Kelfi News», traduções do Museu Olímpico e fichas pedagógicas para serem implementadas nas escolas”, revelou o advogado de profissão, enaltecendo o papel dos professores em todo este processo. “O olimpismo é uma filosofia de vida desconhecida de muitos, mas é um estado de espírito que constitui uma mais-valia para todos os seres humanos. Nele se incluem a capacidade de trabalhar o autocontrolo, a educação alimentar, o valorizar os avanços e progressos, o superar os medos, o sentido de responsabilidade, o aprender a tomar decisões, o favorecer o espírito de entreajuda, o admirar e não invejar o sucesso dos outros, entre outros aspetos que influenciam todos os domínios do desenvolvimento humano”


Os Jogos de Quelfes envolvem, este ano, perto de dois mil alunos e professores oriundos de 29 agrupamentos e colégios do Algarve, Alentejo e Ayamonte. Antes das partidas começarem, as equipas reúnem-se no centro do recinto e fazem um elogio aos adversários. Depois, durante os jogos, todos respeitam as regras, os árbitros e os oponentes. No final, forma-se um corredor dos aplausos para todos se cumprimentarem e tirarem uma foto de grupo. Mas a Atlantíada também pretende difundir o olimpismo mediante ações realizadas nas escolas, através do Centro de Estudos Olímpicos do Guadiana, que está sedeado em Ayamonte, e da Estafeta «Chamada para os Jogos». “Quando oferecemos o desporto apenas a alguns, àqueles que têm jeito, que poderão ser grandes atletas, estamos a excluir a maior parte dos jovens, o que pode gerar enormes problemas nas populações, entre os quais o sedentarismo e a obesidade. E uma criança que sofra uma má experiência no desporto, porque não é capaz de ter um desempenho ao nível de excelência, depois vai transmitir isso aos seus filhos. Nenhum aluno pode ficar para trás”, defende Gustavo Marcos. “Crianças motivadas para o desporto têm melhor desempenho académico, comportamento, saúde e vida”, acrescenta o Vice-Presidente do Conselho Diretivo da Academia Olímpica de Portugal. 


A IX edição dos Jogos de Quelfes está no terreno de 11 a 25 de maio, com abertura em São Brás de Alportel. No dia 13 começam as atividades desportivas com uma marcha-corrida inserida no calendário regional do IPDJ, em Cachopo. A 14, a partir das 10h, volta-se a São Brás de Alportel para basquetebol 3x3, com 24 equipas provenientes de 10 concelho em prova. O atletismo brilha, no dia 15, no Estádio Municipal de Ayamonte, com 400 participantes oriundos de nove concelhos. A quarta-feira, 16 de maio, será dia de natação, nas Piscinas Municipais de Olhão, com 120 atletas de cinco concelhos. O Estádio Municipal de Olhão vai acolher, no dia 17, o tag rugby, com 12 equipas de cinco concelhos. A semana termina em Tavira, no Pavilhão Dr. Eduardo Mansinho, com 18 equipas de nove concelhos a jogarem andebol for kids. Na reta final dos IX Jogos de Quelfes, a equitação adaptada vai ter lugar no Centro Hípico Pinetrees, em Almancil, e o lenço grego vai envolver 150 participantes, de cinco concelhos, no Pavilhão da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, em Faro. As atividades desportivas chegam ao fim, a 24 de maio, com o futebol, no Estádio Algarve, com 18 equipas de 11 concelhos, estando a cerimónia de encerramento agendada, para 25 de maio, na sede do IPDJ, em Faro. “Vai ser uma grande jornada com 14 estações de experimentação de desporto, cultura e valores para terminarmos em beleza os Jogos de Quelfes”, garante Gustavo Marcos.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina