O escritor Mário Cláudio é o vencedor do Grande Prémio de
Literatura Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal de Loulé –
Crónica e Dispersos Literários 2018. Nesta terceira edição do Prémio instituído
pelas duas entidades concorreram, a título excecional, obras saídas nos anos 2016
e 2017.
Um júri constituído por Cândido Oliveira Martins, Carina
Infante do Carmo e Carlos Albino Guerreiro decidiu por unanimidade atribuir o
Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários APE/C.M. de Loulé ao livro «A
Alma Vagueante», de Mário Cláudio (Minotauro). Da ata do júri destaca-se: “…a
brilhante qualidade da sua escrita; o enorme poder de sugestão dos perfis
delineados; e a singularidade de serem crónicas sobre personalidades
merecedoras de homenagem, enquanto relevantes criadores da cultura portuguesa”.
O valor monetário deste Grande Prémio é, para o autor
distinguido, de 10 mil euros, estando a cerimónia de entrega do prémio agendada
para o Dia do Município de Loulé, na manhã de 10 de maio, no Salão Nobre dos
Paços do Concelho de Loulé. Este Grande Prémio distinguiu, em 2016, José
Tolentino Mendonça e, em 2017, Rui Cardoso Martins.
Escritor português, de nome verdadeiro Rui Manuel Pinto
Barbot Costa, nascido a 6 de novembro de 1941, no Porto, Mário Cláudio é
formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como
bibliotecário-arquivista. É master of Arts em biblioteconomia e Ciências
Documentais pelo University College de Londres. Revelou-se como poeta com o
volume «Ciclo de Cypris» (1969). Tradutor de autores como William Beckford,
Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf, foi, porém, como ficcionista
que mais se afirmou.
Publicou com o nome próprio um Estudo do Analfabetismo em
Portugal, obra que reúne a sua tese de mestrado e uma comunicação apresentada
no 6.° Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portugueses,
em 1978. Colaborador em várias publicações periódicas, como Loreto 13,
Colóquio/Letras, Diário de Lisboa, Vértice, Jornal de Letras Artes e Ideias, O
Jornal, entre outros, foi considerado pela crítica, desde a publicação de obras
como «Um Verão Assim», um autor para quem o verso e a prosa constituem
modalidades intercambiáveis, detendo características comuns como a opacidade, a
musicalidade e a rutura sintática, subvertendo a linearidade da leitura por uma
escrita construída como «labirinto em espiral».
A obra de Mário Cláudio apresenta uma faceta de investigador
e de bibliófilo que, encontrando continuidade na sua atividade profissional,
inscreve eruditamente cada um dos livros numa herança cultural e literária,
portuguesa ou universal. Dir-se-ia que a sua escrita, seja romanesca, seja em
coletâneas de pequenas narrativas (Itinerários, 1993), funciona como um espelho
que devolve a cada período a sua imagem, perspetivada através de um rosto ou de
um local, em que o próprio autor se reflete, e isto sem a preocupação de
qualquer tipo de realismo, mas num todo difuso e compósito, capaz de evocar o
sentido ou o tom de uma época que concorre ainda para formar a época presente.
Mário Cláudio recebeu, em 1985, o Grande Prémio de Romance e
Novela da Associação Portuguesa de Escritores por «Amadeo» (1984), o primeiro
romance de um conjunto posteriormente intitulado «Trilogia da Mão» (1993); em
2001 recebeu o prémio novela da mesma associação pelo livro «A Cidade no Bolso»;
em dezembro de 2004 foi distinguido com o Prémio Pessoa. Para além das obras já
mencionadas, são também da sua autoria «Guilhermina» (1986), «A Quinta das
Virtudes», (1991), «Tocata para Dois Clarins» (1992), «O Pórtico da Glória»
(1997), «Peregrinação de Barnabé das Índias» (1998), «Ursamaior» (2000), «Orion»
(2003), «Amadeu» (2003), «Gémeos» (2004) e «Triunfo do Amor Português» (2004).
O autor tem também trabalhos publicados na área da poesia (como «Ciclo de
Cypris», 1969, «Terra Sigillata», de 1982, e «Dois Equinócios», de 1996), dos
ensaios («Para o Estudo do Alfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal»,
de 1979, entre outros), do teatro (por exemplo, «O Estranho Caso do Trapezista
Azul», de 1999) e da literatura juvenil («A Bruxa, o Poeta e o Anjo», de 1996).