A importância da estética, da semiótica das imagens e a
fruição do cinema e do ato de ver cinema foram abordadas na Fnac do Algarve Shopping,
na Guia, durante a apresentação da Mostra de Cinema Internacional de Lagoa –
ALGARES, que arrancou, no dia 30 de abril, no Auditório Municipal Carlos do
Carmo, em Lagoa. Francisco Marques,
Delegado Regional da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares
(DGEstE-DSRAL) realçou a importância do Programa Juventude - Cinema-Escola
(JCE), que comemora este ano duas décadas e cuja programação terá uma forte
presença na Mostra, “no desenvolvimento de competências que vão desde os
princípios básicos de cidadania à cooperação e entreajuda, criando cidadãos
mais preparados para enfrentar o dia-a-dia de uma sociedade cada vez mais
rápida”. O responsável descreveu ainda o cinema como “trampolim para uma escola
de sucesso, com alunos de sucesso”.
Uma das iniciativas desta Mostra será o Lagoa Short Film
Festival, um concurso que nasceu há quatro anos na NOBEL International School e
que se encontra aberto a todas as escolas interessadas. Pedro Carvalho, docente
responsável pelo projeto, partilhou “a visão de uma escola preocupada com o
desenvolvimento de competências sociais”, mencionando o trabalho que se
encontra por detrás desta experiência. “Existe uma oferta letiva de dois tempos
(90 minutos), em que não há manual, não há objetivos, powerpoints… Agarrando o
conceito de disciplina, em Expressão Artística, os alunos criam curtas de cinco
a sete minutos, onde são responsáveis pelo guião, realização, edição, representação,
maquilhagem, música, montagem. E tudo com um orçamento zero”, salientou o
docente.
A ligação deste
evento às escolas é, segundo a Vereadora da autarquia de Lagoa, Ana Martins, “uma
forma de fomentar hábitos culturais, envolvendo estabelecimentos de ensino”.
Lagoa reforça, assim, o seu papel de Cidade Educadora. Por sua vez, Marina
Lanza, representante do Festival Internacional de Cinema de Sevilha, explicou que
“o cinema pode ser um movimento didático muito interessante”. “Se forem usadas as
películas corretas, estas podem, por si só, constituir novas matérias de estudo”,
considerou, recordando que o Festival Internacional de Cinema de Sevilha, que
completou já o seu 15.º aniversário, tem cinco dias dirigidos a escolas, com
debates, intervenções de diretores, realizadores, e entradas pagas pelos alunos
a um euro. “Conta com uma afluência de 25 mil estudantes”, afirmou, enaltecendo
a importância dos docentes para o sucesso do projeto.
A mesma ideia foi reiterada por Graça Lobo e Isa Mateus,
responsáveis pelo programa JCE. “Este sucesso reside nas redes de cumplicidade
e no facto de sentirmos a necessidade de uma mediação entre cultura e educação”,
disse Isa Mateus, também responsável pelo Cineclube de Faro. “Mais do que
oferecer às escolas idas ao cinema, o Cineclube de Faro oferece algo mais
teorizado, um trabalho de continuidade em que os alunos começam por aprender o
básico do cinema, as obras mais fáceis no âmbito de um cinema de autor, não «pipoca»,
até à nouvelle vague, com autores de mais difícil acesso”, declarou.