A Região de Turismo do Algarve e a Tertúlia Algarvia levam a cabo, nos dias 15 e 16 de maio, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, vários workshops sobre férias culinárias e enológicas, no âmbito do projeto «Algarve Cooking Vacations». O objetivo é melhorar as competências dos stakeholders regionais no domínio das férias culinárias e enológicas, bem como explorar possíveis sinergias entre diferentes setores e regiões para a criação de rotas. “O turismo culinário é uma das grandes tendências de futuro e temos ainda um trabalho a fazer nesse campo. Os turistas que nos visitam apreciam muitos aspetos da sua estadia e a gastronomia é precisamente um deles, mas agora será num contexto diferente do habitual, porque se pretende conhecer a origem da gastronomia dos locais a que vão, ir a mercados, saber como se preparam os pratos”, referiu Paula Vicente, Diretora da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve durante a sessão de abertura.

Uma das responsabilidades da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve é, precisamente, acompanhar o desenvolvimento regional, para além de efetuar a gestão de parte dos fundos comunitários neste território, “e as férias culinárias e enológicas poderão contribuir para afirmar o Algarve de forma diferente nos mercados internacionais e até mesmo junto dos portugueses”, entende o presidente Francisco Serra. “Vivemos, atualmente, num contexto de economia das emoções em que as experiências são uma componente significativa do nosso sucesso ou da nossa capacidade de diferenciação. O João Amaro, da Tertúlia Algarvia, tem sido um sonhador, uma pessoa muito empenhada em múltiplas iniciativas, com as equipas que consegue mobilizar, que têm substância, produtos e serviços que ficam no terreno e que depois constituem a base para uma mensagem de comunicação sustentável”, enalteceu Francisco Serra. 


O presidente da CCDR/Algarve mostrou-se ainda satisfeito pelos programas que têm sido dinamizados com fundos comunitários provenientes do Portugal 2020 e do CRESC Algarve 2020 e que têm gerado resultados bastante animadores. “O caminho faz-se caminhando e nunca haverá um fim desse caminho. Ele é dinâmico, todos os dias há coisas novas e antigas, e o que interessa é que, no dia-a-dia, tenhamos a sensação de que melhoramos, do ponto de vista da nossa capacidade de oferecer novas experiências e emoções, mas também do ponto de vista da governança, da nossa aptidão para nos entendermos e trabalharmos melhor”, sublinhou Francisco Serra.

A Região de Turismo do Algarve esteve representada na abertura dos workshops por João Fernandes, atual vice-presidente e recentemente eleito como próximo presidente desta entidade, que de imediato confirmou que a gastronomia se tornou, nos últimos anos, numa importante componente da experiência turística. “Já em 2012, de acordo com a Organização Mundial de Turismo, houve cerca de 600 mil viagens cuja motivação primária era a gastronomia e os vinhos. Se pensarmos neles como uma motivação secundária, esse valor aumentava até aos 20 milhões de viagens e é interessante verificarmos que, entre os destinos mais visitados com este mote, estão os nossos vizinhos da Espanha, França e Itália, que partilham connosco a Dieta Mediterrânica”, frisou o antigo Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, acrescentando que os principais mercados emissores destes interesses são a Alemanha, o Reino Unido, a Benelux, a França e a Itália. 


Para João Fernandes existe, então, um bom casamento entre uma oferta que é valorizada pela procura e uma procura que já conhece o destino Algarve, ainda que noutras perspetivas. “O turista culinário preocupa-se com a autenticidade dos locais que visita e com os produtos que são utilizados na própria alimentação, e valoriza a experiência de uma refeição em que há um processo de socialização, ou seja, em que há vontade e disponibilidade para nos darmos a conhecer e confraternizarmos”, apontou, lembrando ainda que o turista culinário apresenta um gasto médio superior à maioria dos visitantes e que um terço do seu orçamento para as viagens está destinado à alimentação.

Neste enquadramento, em 2014, quando foi definido o Plano de Marketing Estratégico para o Turismo do Algarve, ficou decidido que a gastronomia seria um produto estratégico, complementar e transversal a toda a oferta, de modo que, em todas as ações promocionais da responsabilidade da RTA, ela tem estado presente. E João Fernandes falou dos exemplos do Plano de Salvaguarda da Dieta Mediterrânica, da Algarve Chefs Week, do projeto da Cataplana Algarvia – dinamizado pela Tertúlia Algarvia – e por propostas do «365 Algarve» como o «Jazz nas Adegas», «Fado & Wine» e «Algarbe.Come». “O «Algarve Cooking Vacations apresenta três linhas gerais de ação: uma primeira que tem a ver com a necessidade de conhecermos o mercado e as tendências destas férias culinárias e enológicas; uma segunda que aposta na capacitação e envolvimento dos agentes neste trabalho; e uma terceira que será uma vertente mais de comercialização e promocional. No fundo, para desenvolvermos o turismo gastronómico, temos que criar experiências únicas que nos permitam contar histórias, revelar segredos, dar a conhecer a nossa culinária e envolver os produtores, distribuidores, operadores turísticos, o alojamento e a restauração, a investigação científica e a comunicação social, sem esquecer, naturalmente, os consumidores”, salientou o vice-presidente da Região de Turismo do Algarve. 

João Amaro e João Fernandes

Depois do sucesso do projeto «Cataplana Algarvia», entre 2014 e 2016, foi com naturalidade que a Tertúlia Algarvia decidiu avançar para as «Algarve Cooking Vacations». “Conseguimos desenvolver programas de experiências à volta da cataplana que estão a funcionar, junto de turistas nacionais e estrangeiros. Este novo projeto pretende ir mais além, isto é, desenvolver rotas de férias culinárias e enológicas, com uma duração variável entre os três e os sete dias, para comercializar diretamente no exterior e trazer turistas com esse objetivo”, explicou João Amaro, da Tertúlia Algarvia.

O projeto iniciou-se com um estudo das oportunidades, tendências e potenciais formas de comercialização destes programas e rotas de férias, estando agora em curso a criação desses mesmos programas, com visitas a agentes regionais para os motivar a fazer parte do «Algarve Cooking Vacations». Em paralelo decorrem ações promocionais no exterior para divulgar o Algarve como destino para férias culinárias e enológicas, seguindo-se campanhas de marketing digital e a criação de dois livros, um de receitas tradicionais, outro de vinhos do Algarve. “O intuito de tudo isto é colocar o Algarve no mapa deste nicho de mercado. Com estes workshops queremos aprender com outras experiências, nacionais e internacionais, por reconhecermos que não temos ainda conhecimentos suficientes sobre este assunto. Pretendemos igualmente descobrir capacidades que já estão instaladas na região e que podem servir para desenvolvermos uma oferta estrutura, assim como explorar sinergias para criarmos programas de férias culinárias e enológicas únicos. Se só tivéssemos um, dois ou três campos de golfe no Algarve, dificilmente seriamos considerados melhor destino de golfe da Europa e do Mundo. Do mesmo modo, só com uma oferta alargada, do ponto de vista territorial e da diversidade das experiências proporcionadas, é que poderemos alcançar os objetivos deste projeto”, concluiu João Amaro.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina