No espaço de poucas semanas o nome «Grafonola Voadora» começou a fazer-se escutar em vários espaços e momentos da vida cultural do Algarve e rapidamente nos captou a atenção por ter, no seu seio, três nomes já bem conhecidos do Algarve Informativo: o cantautor Luís Galrito, o artista visual João Espada e o escritor, poeta e declamador Napoleão Mira. Antes mesmo de assistir aos vídeos do projeto que já deambulam pelo You Tube, havia confiança absoluta na qualidade artística da «Grafonola Voadora» e assim se chegou à conversa, num final de tarde de junho, no Tertúlia Café, em Loulé, antes do trio ir ensaiar. 

O projeto nasceu de um desafio lançado por João Espada a Luís Galrito para fazerem algo em conjunto, uma ideia que já vinha sendo matutada há alguns anos mas que ganhou contornos concretos aquando da iniciativa «Casa Animal» do Loulé Design Lab, na cerca do Convento de São José. “Foi uma experiência bastante interessante, um diálogo entre as músicas do Galrito e as minhas imagens, umas vezes pré-pensadas, noutras ocasiões num total improviso”, recorda João Espada. “Existia uma narrativa base, contudo, havia alturas em que tocava de acordo com o sentia no momento e o João ia lançando imagens a condizer. Só fizemos um ensaio uns dias antes”, acrescenta Luís Galrito.

A performance foi bastante elogiada e despertou na dupla a vontade de ir mais além, de aprofundar ainda mais este conceito de diálogo entre música e imagem. Faltava, portanto, a voz e a escolha recaiu, de imediato, em Napoleão Mira, que por esses tempos andava na estrada com o projeto «12 canções faladas e um poema desesperada» com os Reflect. “Nesta fase da vida estou muito dedicado à minha faceta artística, nomeadamente à escrita e à declamação, e queria trabalhar com outros músicos e sonoridades, queria correr outros riscos, pelo que acedi com imenso agrado ao convite do João e do Luís”, indica Napoleão. “No fundo, o espetáculo da «Grafonola Voadora» conta a história de alguém que deixa a cidade e procura o refúgio no campo, na serra e no mar e, depois, regressa à cidade. Durante esta viagem vamos ao encontro do património imaterial de cada espaço e fazemos um retrato sobre as tradições e raízes alentejanas e algarvias. No projeto estão incluídos também dois temas do João Frade e do Ricardo Martins, que participam virtualmente nos espetáculos”, conta ainda João Espada.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Bruno Cavaco

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