“José Vitoriano foi um operário corticeiro e um cidadão
silvense que serviu a Democracia e a República Portuguesa”, frisou o Presidente
da Assembleia da República em mensagem enviada à Câmara Municipal de Silves por
ocasião da homenagem a José Vitoriano através da inauguração de um busto. A
cerimónia teve lugar, no dia 17 de junho, no Largo das Pimenteiras (junto à
Catedral da cidade), e inclui-se nas diversas iniciativas que assinalam o
centenário do seu nascimento (em 2017).
A edil Rosa Palma destacou a figura humana e o silvense
empenhado, quer na construção da sua educação, quer na melhoria das condições de
vida dos trabalhadores. Lutador antifascista, dirigente de várias coletividades
(Sociedade Filarmónica Silvense, do Silves Futebol Clube e da Cooperativa «A
Compensadora»), empenhou-se sempre nas tarefas que desempenhou e notabilizou-se
pela sua persistência, inteligência e capacidade de se relacionar com todos. “Ao
trabalharmos hoje em prol das nossas populações, reivindicando melhores
condições de vida para todos, reivindicando melhor acesso à saúde,
reivindicando melhores transportes, estamos a honrar a memória deste grande
silvense”, afirmou a autarca.
Vasco Cardoso, membro do Comité Central do Partido Comunista
Português, traçou o perfil do militante que sacrificou a sua vida pessoal e
familiar em prol daquilo em que acreditava, já que por duas vezes foi preso
(esteve 17 anos em cativeiro), passou pela clandestinidade e, depois do 25 de
abril de 1974, serviu o país como deputado e Vice-Presidente da Assembleia da
República, tendo sido distinguido por esse seu longo percurso com a Comenda da
Ordem da Liberdade. Dirigente sindical ainda no tempo da clandestinidade e
depois do 25 de Abril, foi homenageado também por António Goulart,
representante da CGTP, que recordou a figura do sindicalista que, em
determinados momentos, tudo fez para ouvir a sua voz em defesa dos
trabalhadores. “José Vitoriano era uma pessoa de baixa estatura e recorda-se um
episódio em que, para poder falar a um grupo de trabalhadores, subiu para cima
de uma mesa de ping-pong, e se fez assim ouvir”.
Maria João Duarte, historiadora e biógrafa de José
Vitoriano, recordou o homem inteligente, a boa pessoa, que gostava de silêncios
e conversas demoradas. “Muitos dos que aqui estão recordam certamente uma
expressão muito sua. Dizia ‘Camarada, senta-te’, porque com ele as conversas
eram sempre demoradas e saborosas”. Já Carlos Vitoriano, seu filho, falou do
pai atento, mas ausente devido à prisão, recordando as visitas que lhe fez no
cárcere, com sua mãe, Diamantina e o facto de já só em adulto poder ter
convivido de forma mais próxima com José Vitoriano.