Maria João Bebianno, docente da Universidade do Algarve e coordenadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), esteve no Parlamento Europeu, em Bruxelas, para participar num Workshop organizado pelo deputado Ricardo Serrão Santos, no âmbito da iniciativa AZORES - Deeper than Blue- Unveiling the Inner Ocean. Com o objetivo de dar a conhecer o trabalho realizado sobre o Oceano profundo, em diferentes áreas, Maria João Bebianno apresentou uma comunicação intitulada «Are we contaminating the deep-sea» com os mais recentes dados sobre a presença de contaminantes no mar profundo, quer no contexto europeu, quer em outras áreas do Oceano onde se detetaram grandes quantidades de lixo marinho.

Segundo Maria João Bebianno, “a maior percentagem são macro e microplásticos e redes de pesca fantasmas”. A investigação realizada permitiu ainda concluir que “macroplásticos foram mesmo detetados na Fossa das Marianas a mais de 10 mil metros de profundidade, enquanto outros contaminantes de origem industrial, como PCBs (do inglês polychlorinated biphenyls) e PBDEs (do inglês polybrominated diphenyl ethers), foram detetados em anfípodes que vivem entre sete mil e 200 e os mil metros de profundidade”.

A coordenadora do CIMA manifestou uma grande preocupação a nível da União Europeia relativamente às tentativas de minimizar o impacto dos plásticos existentes no Oceano. Contudo, lembrou ainda que também se encontram presentes outros contaminantes que, embora não sendo visíveis, como é o caso dos plásticos, podem ter consequências mais nocivas para a saúde do Oceano. A investigadora considera que “é urgente tomar medidas para minimizar a introdução de contaminantes de origem terreste, que representam cerca de 70 por cento do total de contaminantes no Oceano, de modo a permitir uma exploração mais sustentável dos seus recursos”. Participaram ainda neste workshop Nélia Mestre e Joaquim Luís, docentes da UAlg e membros do CIMA.