Os apaixonados da música portuguesa nos seus vários estilos vão estar de atenções voltadas para o centro histórico de Faro, comummente chamado de «Vila Adentro», de 30 de agosto a 1 de setembro, com a quinta edição do Festival F a reunir artistas consagrados e projetos em ascensão nos sete palcos espalhados pelo recinto. A capital algarvia vai tornar-se, por estes dias, na capital da música portuguesa, naquele que promete ser, mais uma vez, o último grande festival de Verão, conforme se ficou a saber em conferência de imprensa realizada, no dia 4 de maio, no Cineteatro Capitólio, no coração do emblemático Parque Mayer, em Lisboa.

Salvador Sobral, Sérgio Godinho, The Gift, Raquel Tavares, D.A.M.A., Moonspell, The Legendary Tigerman, Diogo Piçarra, Aurea, Paus e «Revenge of the 90’s» são alguns dos cabeças de cartaz, com o programa completo a contemplar mais de 40 artistas, mas nem só de música se vai fazer o Festival F. Por isso, não vão faltar exposições, teatro, stand-up comedy, animação de rua, vídeo mapping, tertúlias, artes plásticas, atividades para os mais novos e artesanato de autor, para além, claro, da sempre apreciada street food. 




A estes ingredientes, de luxo, não haja dúvidas, juntam-se a mística histórica e arquitetónica da Vila Adentro e a beleza da Ria Formosa, daí ninguém estranhar que, em 2017, tenham passado pelo F cerca de 35 mil pessoas, num festival que é, assumidamente, para toda a família, dos mais pequenos aos mais velhos. E tudo isto pelo valor diário de 15 euros ou de 30 euros para um passe para os três dias, valor em pré-compra até 24 de agosto, que sobe para 40 euros a partir dessa data. Preços que são os mesmos do ano transato, facto raro num país onde tudo aumenta com o decorrer do tempo. Posto isto, as expetativas são elevadas, mas realistas, para um evento organizado pelo Município de Faro, Teatro Municipal de Faro, Ambifaro e «Sons em Trânsito». “Desde o início que o festival foi pensado para fechar em beleza a época balnear, para trazer notoriedade e visibilidade a Faro, e que se integrasse na Cidade Velha e valorizasse aquilo que é nosso, desde o património à cultura e gentes e, claro, à música. O F é um festival somente de música portuguesa, porque somos excelentes em todas as áreas, somos bem-vistos nos sete cantos do mundo e não temos razão nenhuma para não nos orgulharmos da nossa história, da nossa cultura, daquilo que é nosso”, afirmou Rogério Bacalhau.

Gil Silva, Diretor do Teatro Municipal de Faro, Vasco Sacramento, da «Sons em Trânsito», Paulo Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Faro e Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro

Num Cineteatro Capitólio onde marcaram presença muitos dos artistas que compõem o cartaz, o presidente da Câmara Municipal de Faro não esqueceu o mentor, o «pai» do Festival F, Joaquim Guerreiro, que faleceu precisamente no decorrer do evento do ano transato. “Um grande homem da cultura e das artes que deixou uma marca nessas vertentes, para além de muita saudade, e que será homenageado, merecidamente, este ano”, acrescentou o edil. “O Algarve já não é apenas um destino de «sol e praia», temos muitas outras coisas, como atestam os indicadores que confirmam o crescimento do turismo fora da época alta, e é por aí que passa a sustentabilidade da região. Há quatro anos Faro não tinha turismo, situação que se inverteu por completo, e queremos que o Festival F dê a conhecer a nossa cidade e concelho para atrair novos visitantes, mas também que proporcione uma experiência muito agradável aos residentes”, concluiu Rogério Bacalhau.

Parceiro indispensável na tremenda empreitada que é montar o Festival F tem sido a produtora «Sons em Trânsito». “Tentando ser o mais isento possível, o F é um dos projetos mais exemplares de afirmação da cultura que se faz neste momento em Portugal, não só pela qualidade do cartaz e de todas as propostas artísticas, culturais e de animação que o preenchem, mas também pela forma como está organizado, financiado e projetado, pela valorização que faz do espaço público e do património”, considerou Vasco Sacramento. “Tentamos fazer uma radiografia do que é a música portuguesa na atualidade, procurando ser o mais abrangentes possível em termos de estilo, com uma maior aposta do hip-hop do que em relação aos anos anteriores. Mas vamos ter também jazz, fado, pop/rock, lendas vivas, regressos e novos valores, inclusive projetos que nasceram nos bastidores do F. Este festival é como que a «sala-de-estar» da música portuguesa, com um espírito de comunhão, partilha e pertença”, reforçou o produtor.

Rogério Bacalhau, Diogo Piçarra, Sophie Matias, Vereadora da Câmara Municipal de Faro, e Paulo Santos

Alexander Search, Aurea, Bispo, Blaya, Brass Wires Orchestra, Cristina Branco, D.A.M.A., Daniel Kemish, Dead Combo, Diogo Piçarra, DJ Glue, DJ Patife, Domi, Elisa Rodrigues, Ermo, Filipe Sambado, Golden Slumbers, Holly Hood, Homies, Janeiro, João Só, Kappa Jotta, Luís Severo, Katia Guerreiro e Orquestra Clássica do Sul, Manel Cruz, Moonspell, Nuno Luz, Papillon, Paus, Piruka, Raquel Tavares, Revenge of the 90’s, Rodrigo Leão, Salvador Sobral, Sacik Brow, Sean Riley, Sérgio Godinho, Slow J, Surma, The Gift, The Legendary Tigerman e Wilson Honrado constituem, então, o cartaz do quinto Festival F, mas há mais, muito mais, revelou Gil Silva, Diretor do Teatro Municipal de Faro. “A stand-up comedy vai ter um elenco bastante forte este ano, teremos uma programação multidisciplinar dedicada ao público juvenil, há uma grande aposta nas artes plásticas, tertúlias onde discutimos diversos assuntos da atualidade literária e que acontecem nos Claustros da Sé, animação de rua com artistas e fanfarras, vídeo mapping (numa parceria com o Algarve Design Meeting), jazz no Palco Arco, concertos com a Orquestra Clássica do Sul na Igreja da Sé. Novidade este ano será o teatro, numa parceria com a Companhia LAMA”, adiantou Gil Silva.

A ação vai ter lugar num recinto que, ao longo destes anos, foi sofrendo algumas mutações para responder à rápida evolução do Festival F, recordou Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro. “Em quatro anos passamos de 12 mil para 35 mil pessoas, de 19 para 62 artistas, de cinco mil metros quadrados para 38 mil e 500 metros quadrados. Tudo isto na Cidade Velha, respeitando e integrando-nos dentro do seu valioso património histórico. Em 2017 arriscamos ao sairmos da Vila Adentro com o Palco Ria, com vista para a Ria Formosa, e correu tudo muito bem”, analisou o autarca, lembrando ainda que o F foi considerado, por duas ocasiões, «Festival Escolha do Consumidor».

Paulo Santos com os farenses Homies

Outra novidade de 2018 será uma silenty party no Palco Afonso III, no coração da Vila Adentro, para não criar conflitos de som com os palcos envolventes. A entrada pelo Arco do Repouso junta-se às habituais entradas do Arco da Vila e da Ria e o Festival F vai ter, igualmente, três balões de ar quente para quem pretender assistir aos concertos por uma perspetiva diferente. Sobre os preços, Paulo Santos sublinhou o facto de os menores de 12 anos não pagarem bilhete. “Somos um festival de família, que abre às 18h e termina às quatro da manhã – no máximo às 05h, consoante o entusiasmo do público – em que circulam pelo espaço o pai, a mãe, o avô e o neto”, frisou, revelando ainda a homenagem que será feita a Joaquim Guerreiro pelo farense Pedro Vale, um dos principais artistas de hiper-realismo nacionais. “O retrato começa hoje a ser pintado e vai terminar, ao vivo, durante os três dias do Festival F”.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina