Durante mais um capítulo do «Faro Positivo», promovido pela Câmara Municipal de Faro no dia 14 de junho, ficaram-se a conhecer os sete lotes adquiridos, na freguesia do Montenegro, com o objetivo de concretizar um programa habitacional multifamiliar a custos controlados, mais concretamente para realojar 49 famílias que residem atualmente na Praia de Faro.

Face às tipologias a implementar e às normas regulamentares da edificação a custos controlados, que exigem valores máximos para a área bruta dos fogos, houve necessidade de alterar o alvará do loteamento, sem que tal tivesse qualquer consequência no desenho urbano da zona. Os 49 fogos estão divididos em 22 T1, 15 T2 e 12 T3, em edifícios com uma imagem arquitetónica de cariz mediterrânico, predominando elementos geométricos regulares e apontamentos cromáticos alusivos ao ambiente marítimo. A cor branca preponderará nas fachadas principais, existindo partes com revestimento em mosaico cerâmico azul e verde, painéis de ripado de alumínio para a obstrução de estendais e restante revestimento a envolver os pisos térreos, o que irá contrastar com o branco nos restantes pisos em cerâmica bege mourisca. 




A obra não deverá ultrapassar os quatro milhões de euros + IVA, a que se soma um milhão e 700 mil euros da compra dos terrenos. Os passos seguintes são o lançamento dos procedimentos para os projetos de especialidades e o necessário concurso público, pelo que os trabalhos no terreno só devem arrancar em meados de 2020, com um prazo de conclusão estimado em ano e meio, dois anos. “Tivemos financiamento do governo para a aquisição destes lotes, que se destinam exclusivamente a realojar parte da comunidade piscatória da Praia de Faro. O que está previsto é que venham para aqui as famílias que já não têm qualquer atividade ligada ao mar e à Ria Formosa, daí não ser necessário espaço para se guardar os utensílios da pesca e do marisqueiro”, explicou Rogério Bacalhau, acrescentando que as rendas dependerão, como é natural, dos rendimentos dos agregados familiares.

O presidente da Câmara Municipal de Faro reconheceu que, para as restantes famílias que residem na Praia de Faro, ainda não existem soluções para o seu realojamento, mas garantiu que ninguém será despejado até que tal aconteça. “O que está definido no âmbito do POLIS e do POOC é que haverá requalificação daquele espaço sempre após o realojamento das pessoas, ninguém vai ficar na rua”, assegurou, antes da comitiva rumar a Conceição, para visitar as obras do novo Polidesportivo, obra orçamentada em cerca de 270 mil euros + IVA e com um prazo de execução de 270 dias. O equipamento vem dar resposta a uma antiga reivindicação da população local e ficará inserido num loteamento municipal atualmente utilizado para parque automóvel. 



Considerando o enquadramento paisagístico, a construção vai contribuir para a continuidade da estrutura verde entre a área de intervenção e a zona envolvente, através da arborização alinhada contígua ao polidesportivo, proporcionando um espaço agradável onde se podem desenvolver diversas atividades ao ar livre. A área de jogo será revestida com pavimento em resina acrílica com marcação de linhas destinados ao futebol de salão, andebol, voleibol e basquetebol. Terá ainda um edifício de apoio com duas áreas destinadas às equipas e uma para os árbitros, para além de arrecadação e sanitários públicos preparados para pessoas com mobilidades reduzida.

O edifício, com volumetria paralelepipédica e de metodologia simples do ponto de vista construtivo terá uma acessibilidade direta ao Polidesportivo, que vem suprir uma clara carência da freguesia, concordou Rogério Bacalhau. “Os equipamentos desportivos mais próximos são o Pavilhão da Penha e o Pavilhão da EB 2,3 Emiliano da Costa, em Estoi. A antiga freguesia da Conceição tem uma comunidade maior do que a de Estoi, mas tem a particularidade da população estar muito dispersa pelo território. Esta urbanização surgiu em 2001 e deu um volume diferente ao núcleo de Conceição, há alguns novos projetos urbanísticos em movimento, pelo que fazia todo o sentido esta aposta”, considera o presidente da Câmara Municipal de Faro. “Sem estes equipamentos âncora também não se consegue potenciar, por exemplo, o desenvolvimento do movimento associativo. Prova disso é que em Conceição existe apenas um clube de BTT”, declarou, entretanto, Paulo Santos, Vice-Presidente da Autarquia, confiante que o novo polidesportivo irá incrementar a vertente de formação desportiva dos mais jovens nas várias modalidades que ali se poderão praticar. “É um equipamento amplo e as suas características permitirão, no futuro, que seja feita a sua cobertura ou se incluam mais áreas”.

Parque das Cidades vai ter Centro de Treinos

O destino final da viagem foi o Parque das Cidades, onde já está a ser construído um Centro de Treinos para responder à crescente procura do Algarve para estágios desportivos de futebol, mas também para proporcionar melhores condições aos clubes existentes nos concelhos de Faro e Loulé. O complexo terá dois campos de futebol de 11 e um campo de futebol de 9, ambos em relva natural e equipados com seis postes de holofotes de 20 metros de altura, que permitem a correta iluminação da extensão total dos três campos. 


A servir de apoio aos campos será construído um núcleo com quatro balneários para equipas e dois para treinadores ou árbitros, espaço de arrumos, áreas técnicas e de manutenção e instalações sanitárias públicas, sendo que todos os espaços interiores habitáveis serão iluminados de forma natural através de claraboias na cobertura. O complexo terá igualmente uma área de estacionamento privativo com capacidade para seis veículos ligeiros e dois autocarros, contando também com espaço suficiente para a manobra dos autocarros e de veículos de emergência. Tem um valor estimado de 1,25 milhões de euros + IVA e deverá ficar concluído até final de 2018. “O Algarve é cada vez mais procurado para as equipas fazerem as suas pré-épocas ou estagiarem durante as paragens de Inverno dos campeonatos de futebol do norte da Europa e faltam equipamentos desportivos com estas características. Basta lembrar, aquando da Final Four da Taça da Liga em 2017, a enorme dificuldade sentida para se encontrarem campos relvados para as equipas treinarem”, apontou Paulo Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Faro. 



O novo equipamento vai, então, potenciar o crescimento dos clubes dos concelhos de Faro e Loulé e a competitividade do Algarve, no seu todo, enquanto destino de turismo de desporto, assegura Paulo Santos. “Vai ser bom para o Farense, para o Louletano, para todos as equipas dos dois municípios, que asseguram a totalidade do investimento através da Associação de Municípios Loulé/Faro, não há aqui financiamento comunitário. E, ao contrário do que se diz frequentemente, o Estádio do Algarve não é um «elefante branco». Tem uma grande procura, nomeadamente na época baixa, mas tinha algumas limitações físicas em termos de campos de treino, que agora serão supridas. Excluindo o empréstimo bancário, que termina em 2024, a operação do Parque das Cidades é sustentável”, esclareceu Paulo Santos.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina