A Câmara Municipal de Silves é uma das instituições que compõe um consórcio que está a implementar o projeto «O Bairro é Meu», destinado a apoiar a integração e valorização do Bairro da Caixa D’Água e do Bairro SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), ambos localizados na cidade de Silves. Após a assinatura do Contrato Local de Segurança, no dia 27 de abril, com a Secretária de Estado da Administração Interna, a mesma lançou o desafio a este consórcio para se candidatar ao programa «Escolhas», promovido pela Presidência do Conselho de Ministros e integrado no Alto Comissariado para as Migrações – ACM, IP. O «Escolhas» foi criado em 2001 e tem como missão promover a inclusão social de crianças e jovens de contextos socioeconómicos vulneráveis, visando a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.

O Bairro da Caixa D’Água surgiu nos anos 70 para realojar os portugueses vindos das ex-colónias e, aos poucos, foi-se tornando um Bairro Social em que se albergava famílias com menores recursos económicos, consequentemente, com menores possibilidades de aquisição ou arrendamento de habitação própria. Estas habitações foram propriedade do IGAPHE até 2003, altura em que foi realizada a transferência patrimonial para a Câmara Municipal de Silves.
Por sua vez, o Bairro SAAL de Silves, também designado Bairro do Progresso, resultou do programa de apoio à habitação, criado após o 25 de Abril de 1974. Objeto de autoconstrução dos moradores, este bairro apenas viu a sua situação regularizada em 2011, data em que os moradores passaram a ser proprietários das casas que haviam construído e pago. De facto, apenas em 2005 é que o Município reuniu as condições legais (expropriação, registo, operação de loteamento e constituição de propriedade horizontal) para conseguir regularizar todo o bairro.

Esta marca de «bairros sociais» promoveu nos seus moradores uma imagem de uma certa marginalização, que se pretende reverter com a implementação deste projeto. A promoção do sucesso educativo das crianças e jovens ali residentes e a participação cívica e responsabilização comunitária são alguns dos objetivos a promover, procurando-se o «empowerment» de todos, tornando-os agentes de mudança do seu próprio processo de autonomização. “Não podemos olhar a construção da cidade como um espaço compartimentado, «ghetizado», entre aqueles que tiveram mais oportunidade e singraram e todos os outros que, por força de muitas circunstâncias são atirados para os arrabaldes. Trata-se, no meu entender, de voltar a fazer de todos os espaço/bairros da cidade, uma só cidade”, considera Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves.

O projeto, que agora está a iniciar-se, pretende a valorização do espaço e das pessoas, com a introdução de várias inovações, como a remodelação do complexo desportivo, a criação de um parque infantil e um espaço workout, a dinamização de eventos desportivos e a promoção de cursos que permitam a integração no mercado de trabalho, sempre trabalhando para promover o combate ao insucesso escolar, o combate à infoexclusão, o acesso ao emprego e de desenvolvimento de competências e saberes que constituam vantagens para a integração social e profissional. “Cada vez mais temos que compreender que não podemos estar bem se, na mesma cidade onde vivemos, há quem não tenha casa, alimentação condigna, acesso a saúde e educação, entre tantos direitos que a nossa Constituição nos garante”, diz a autarca silvense, reforçando: “Este poderá ser um pequeno passo na direção a uma maior integração de todos, muitos poderão até dizer que se trata de uma simples gota de água, mas, como dizia Madre Teresa de Calcultá, ‘Somos apenas uma gota de água no oceano, mas sem uma gota o oceano seria mais pobre’”.