Largas dezenas de farenses, e não só, homens e mulheres da cultura, autarcas, dirigentes associativos, empresários, marcaram presença, no final de tarde do dia 14 de julho, no Solar das Pontes de Marchil, à entrada da cidade de Faro, para assistir à inauguração da mais recente iniciativa cultural da Associação 289, a exposição «289». “Desafiado para ocupar o espaço do Solar, Pedro Cabrita Reis, com o gesto largo que o desenha, trouxe muitos dos seus amigos e ainda lhes disse para trazerem outros tantos. A reunião de toda esta gente, embora despretensiosa como uma coisa de Verão, promete-nos quase o balanço de uma situação artística e pode reservar-nos muitas surpresas, como numa festa inesperada”, tinha dito há umas semanas João Pinharanda, na antevisão da mostra. 


De acordo com a organização, o lugar é, desde logo, “na sua arquitetura vernácula, deslocação no tempo, por desafetação do destino rural que historicamente lhe coube, muito especial; e os artistas que nele se reúnem constituem, entre nomes muito conhecidos e nomes menos conhecidos, uma rara multidão de vozes individuais”. Artistas que são, de facto, muitos, alguns deles envolvidos presentes no projeto «@British Bar», que se pode ver desde abril de 2017, nas três montras do British Bar, em Lisboa, sob curadoria de Pedro Cabrita Reis. Os outros integram o coletivo algarvio «289» e a todos estes vêm ainda juntar-se artistas que Pedro Cabrita Reis foi convidando ao longo do processo. E assim se chegou a um diversificado e talentoso lote constituído por Fernando S. Amaro, Vasco Araújo, Cristina Ataíde, Paulo Barros, Manuel Baptista, Pedro Barateiro, Paulo Brighenti, Tiago Batista, Sara Bichão, Diogo Bolota, Alexandra C., Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Rui Calçada Bastos, Pedro Calapez, Luís Campos, Rosa Carvalho, Rui Chafes, Catarina Correia, Gil Heitor Cortesão, Vasco Costa, Fernão Cruz, Luísa Cunha, Milita Doré, Armanda Duarte, João Paulo Feliciano, Ângela Ferreira, João Ferro Martins, Norberto Fernandes, Fernanda Fragateiro, Vasco Futscher, Patrícia Garrido, Pedro Gomes, Ângelo Gonçalves, Gat.Uno, Tomaz Hipólito, Gustavo Jesus, Leandro Marcos, Bertílio Martins, Edgar Massul, Susana de Medeiros, Paulo Mendes, Fátima Mendonça, Tereza Mieiro, José Miranda Justo, Vasco Marum Nascimento, Jorge Neves, Rodrigo Oliveira, Maria José Oliveira, Miguel Palma, Rubene Palma Ramos, Henrique Pavão, Marta Peneda, Francisco Queirós, Jorge Queiroz, Joana R. Sá, Ana Rostron, Rui Sanches, Julião Sarmento, Noé Sendas, Paulo Serra, Fernando Silva Grade, Jorge Mestre Simão, Tânia Simões, Marta Soares, Miguel Soares, João Timóteo, Rui Toscano, Francisco Tropa, Pedro Valdez Cardoso, João Pedro Vale + Nuno, Alexandre Ferreira, Francisco Vidal, Ana Vidigal, Vanda Madureira e Xana. 


Rogério Bacalhau, Pedro Cabrita Reis, Paulo Santos e Tiago Batista

“Aqui se apresentam eles, cruzando-se, prosseguindo encontros antigos ou recentes numa prática de permanente colóquio (com evidentes momentos de solidão e outros tantos de confronto). Em nenhum caso pretendem estabelecer conclusões; cada voz (cada autoria) deverá permanecer irredutível, no seu território próprio - só assim poderá ser produtiva para si, para os outros artistas e para o público. Os artistas que habitam por momentos os labirintos interiores e os espaços abertos desta velha quinta chegam de tempos diversos, de lugares dispersos e vontades próprias igualmente díspares”, referiu ainda João Pinharanda. 



Com a sua conhecida irreverência, Pedro Cabrita Reis sacou de um megafone para falar, do terraço do Solar das Pontes de Marchil, à multidão que não faltou à inauguração de «289», depressa explicando a sua escolha: “É um objeto estético extraordinário, de impacto político único e que tecnicamente dá jeito”, afirmou. “Não há nada para dizer numa exposição de artes plásticas. O importante são as vossas emoções e pensamentos, as análises que farão destas obras. É assim que se constrói uma exposição e se aumenta o poder da arte e a inteligência que ela é suposta dar às pessoas que a partilham”, sublinhou o artista. “As pequenas forças são grandes forças. A Associação 289 é um conjunto de artistas que vive no limiar da resistência. Tem apoios, mas vive, acima de tudo, do entusiasmo dos seus associados. Contudo, as condições para fazer isto foram criadas, com a energia, o trabalho, a dedicação, o encanto por este projeto. Portanto, temos que imaginar que é possível, apesar de tudo, conceber projetos desta natureza, com esta capacidade de generosidade, com esta riqueza que é preciso partilhar entre todos nós”, reforçou ainda Pedro Cabrita Reis. 


Rasgados elogios à Associação 289 fez Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, agradecendo a todos aqueles que contribuíram para a concretização desta mostra. “É importantíssima para nós, enquanto Município e projeto cultural que temos e que queremos cada vez mais desenvolver, para nos ajudar a pensar, a divertir, a olhar e a criar novas ideias. Espero que possamos continuar a trabalhar com a Associação 289 e o Pedro Cabrita Reis, em prol das artes e dos artistas”, manifestou o edil farense, antes de iniciar a visita pelo Solar das Pontes de Marchil para percorrer uma exposição que ficará patente até dia 15 de setembro.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina