Foi à sombra de uma alfarrobeira, no exterior do Pavilhão Municipal Dr. José de Sousa Pires, que se ficou a conhecer a 27.ª Feira da Serra de São Brás de Alportel, este ano subordinada ao tema, como se adivinha, da alfarroba, “um produto de excelência muito presente na gastronomia regional algarvia e nas vivências sociais da região”, explicou Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. “É o evento mais importante do concelho, bastante acarinhado pela autarquia desde o seu nascimento – numa parceria com a Associação In Loco – e que é para nós fundamental, por ser responsável por desenvolver toda a economia local e por ser a festa de toda a comunidade são-brasense”, acrescentou Marlene Guerreiro, Vice-Presidente da edilidade.

De 26 a 29 de julho serão quatro dias de uma viagem inesquecível ao Algarve genuíno, onde as tradições se mantêm vivas e são apresentadas às dezenas de milhar de visitantes que rumam à Serra do Caldeirão, ao coração do Algarve, neste fim-de-semana. Mas a feira continua a reinventar-se e a surpreender, com novos espaços e iniciativas direcionadas para todos os escalões etários e conservando todos os seus ingredientes de sucesso, com a diversidade, qualidade e genuinidade a garantirem muitas horas bem passadas. Mas também a darem resposta aos objetivos da autarquia são-brasense, nomeadamente: valorizar, proteger e promover as tradições e costumes da Serra do Caldeirão, do Barrocal e do Algarve; promover e preservar os saberes ancestrais associados ao artesanato local e à confeção de produtos agroalimentares, enquanto impulsionadores da atividade económica da serra e barrocal; proporcionar o contato direto com a flora e fauna, de modo a sensibilizar os visitantes para a biodiversidade local e sua importância; divulgar as apostas inovadoras de empreendedorismo local e regional; promover a gastronomia tradicional assente nos valores da Dieta Mediterrânica; valorizar o comércio local; e apresentar a oferta turística do território são-brasense. “O certame deixou de ser, há muito, uma simples feira de artesanato e gastronomia, para ser uma montra do melhor que temos e somos neste território, este ano com a Rainha do Barrocal, a nossa alfarrobeira”, salientou Marlene Guerreiro. 


O recinto é o do costume, ou seja, o exterior da Escola Poeta Bernardo de Passos e pelo palco principal vão passar artistas como Matias Damásio, Raquel Tavares, Miguel Gameiro e Fernando Pessoa, para além do sempre glamouroso desfile São Brás Fashion, tudo pela módica quantia de quatro euros por ingresso, havendo a possibilidade de adquirir o bilhete para os quatro dias por 12 euros, o mesmo valor que custa comprar um ingresso familiar, correspondente a quatro entradas. Um facto bastante enfatizado pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel é que a Feira da Serra é 100 por cento acessível em todos os 20 mil metros quadrados do recinto, de modo a que todos os visitantes possam desfrutar dos prazeres do certame, independentemente das suas limitações em termos de mobilidade. Assim, em colaboração com a Casa de Repouso e Saúde de São Brás de Alportel e a Fisio São Brás, vão estar disponíveis circuitos acessíveis, haverá um espaço reservado junto aos palcos principais e espaços de estacionamento específicos, para além de apoio personalizado para quem necessitar.

A alfarroba é, como se disse, o convidado especial da edição de 2018 da Feira da Serra de São Brás de Alportel, e vai inspirar o Palco Sabores, não faltando os doces, compotas e licores do fruto da alfarrobeira. Mas o convidado de 2017, o Vinho, não foi deixado de lado, pelo que haverá um renovado Sítio do Vinho com degustações dos melhores néctares algarvios acompanhados por especialistas da área. Outra novidade é a Street Área, um ponto de encontro entre a tradição e a inovação, com uma mostra de projetos de street food, mas também de uma exposição de automóveis Citroen de 2 cavalos e motorizadas Vespa. Renovado vai ser igualmente o espaço dedicado aos agentes turísticos do concelho, para darem a conhecer as inúmeras potencialidades de São Brás de Alportel. E, em 2018, teremos ainda os «Batidos com Coração», um projeto inovador, divertido, saudável e ecológico que permitirá aos visitantes fazerem o seu próprio batido de fruta a pedalar, com a misturadora instalada nas próprias bicicletas. 


Ao todo estarão 18 espaços à espera dos visitantes: Sítio da Alfarroba, Street Área, Aldeia Serrana, Encontro de Sabores (6 espaços de restauração e 2 tasquinhas à portuguesa), Encontro de Saberes (o lugar do associativismo), Encontro de Ofícios, Picadeiro, Sítio dos Animais, Sítio dos Curiosos (o mundo do faz-de-conta), Praça do Município, Palco Principal, Palco Sonoridades, Palco Sabores, O Mercado vai à Feira (sabores da agricultura tradicional), Sítio do Vinho, Jardins da Serra e do Barrocal, Praça da Diversão e Espaço Visit São Brás. Percebe-se, por isso, a gigantesca tarefa que é montar a Feira da Serra para uma Câmara Municipal com recursos financeiros e humanos limitados, já que tudo é feito com a prata da casa, não se contratando nenhuma empresa externa para organizar o evento. “Somos ambiciosos, mas olhamos para o horizonte com muito cuidado e atenção e não estendemos o pé para além do lençol. Por isso, a Feira da Serra só é possível porque temos uma «máquina» feita de pessoas que se entregam de corpo e alma a este evento ano após ano”, enfatizou Marlene Guerreiro. 


“A Feira da Serra é sinónimo de vitalidade, crescimento e inovação”, afirmou, sem rodeios, o Vereador Acácio Martins, adiantando que todos os setores da Autarquia contribuem com os seus recursos humanos para a organização do evento, para além dos numerosos voluntários da comunidade local, num total que ronda as duas mil pessoas. “São mais de 220 stands numa feira moderna e que cumpre com todas as exigências técnicas, funcionais e legais, que são cada vez mais rigorosas”, referiu, enquanto Vítor Guerreiro voltou a chamar a atenção para o orgulho que toda a comunidade sente em relação à Feira da Serra. “É o principal evento para São Brás, não só pela sua dimensão e pela quantidade de pessoas que atrai e que estão envolvidas na organização, mas pela capacidade que tem para valorizar o nosso território. É uma mais-valia para a economia local e para a promoção turística do concerto”, garante o autarca.

A Feira da Serra de 2018 exigiu um investimento à volta dos 250 mil euros, mais 12 por cento do que no ano transato por motivos bastante fáceis de compreender, adiantou Vítor Guerreiro. “Temos mais 20 mil euros de investimento para cumprirmos com a nova legislação relativa à parte elétrica e aos projetos de eletricidade com geradores, e que já não será feito nos próximos anos. Depois, como é óbvio, há uns anos tudo era mais barato e as empresas estavam desejosas de ter trabalho. Fizemos um concurso público para o palco principal com o mesmo valor que pagamos em 2017 e ninguém concorreu, tivemos que abrir um novo concurso com um orçamento mais elevado”, revelou o edil, uma situação que nunca irá colocar em causa a realização da Feira da Serra. “Traz um retorno económico enorme que é dividido pelas famílias do concelho, pelas empresas, associações e comerciantes de São Brás de Alportel, daí a Câmara Municipal continuar a investir nela”, justificou. E quanto às críticas que têm surgido por o evento dar «prejuízo financeiro» à autarquia, Vítor Guerreiro foi rápido a responder. “De acordo com essas lógicas, sempre que asfaltamos uma estrada, teríamos que colocar portagens nela para recuperarmos o dinheiro investido. Com os investimentos que fazemos na Educação também não entra dinheiro nos cofres da Câmara Municipal. Dinamizar a cultura, a economia, a educação, conceder apoios sociais, tudo isso faz parte da missão de uma Autarquia, nunca se pode falar em prejuízo”.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina