«Se Poirot Estivesse Aqui» é a nova curta-metragem de Vera Casaca, uma argumentista e realizadora apaixonada pelos policiais de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle que decidiu transformar a sua casa na Fuseta num verdadeiro estúdio de cinema para dirigir este filme com os atores como Mariana Monteiro, Eduardo Frazão e Cucha Carvalheiro. Nomes sonantes que foram fáceis de cativar para o projeto, por gostarem de explorar temas e géneros que não são tão formatados a nível comercial, na opinião da olhanense. “As curtas-metragens dão essa abertura para se fazer um cinema mais experimental, com personagens fora do vulgar, bem diferentes das que vemos habitualmente nas telenovelas”, justifica Vera Casaca, que não esconde a sua predileção por comédias negras com uma forte pitada de absurdo.

Com algumas curtas-metragens no currículo como realizadora, mas também uma longa-metragem enquanto coargumentista que vai estrear em breve - «Portugal não está à venda!» - do também algarvio André Badalo, Vera Casaca esclarece que conceber um filme com cerca de 10 minutos encerra múltiplos desafios, ao contrário do que se possa imaginar. “Nas curtas-metragens temos pouco espaço de manobra para desenvolver bem as personagens, não estamos a falar de filmes de duas horas, portanto, a história tem que ser mais contida. Precisamos de um princípio, meio e fim que não é fácil concentrar, por exemplo, em 10 páginas”, explica, sorridente. “Mas são excelentes experiências profissionais, porque nos habituamos a toda a pressão e stress de se fazer um filme, já que o nível de pré-produção é igual numa curta ou numa longa-metragem. Temos que nos reunir com os atores e chefes de equipa, arranjar os adereços, as roupas, a maquilhagem, tratar dos cenários, da logística do alojamento, transporte, alimentação. É um processo duro”, reconhece, com um encolher de ombros.

Um imenso trabalho, semanas frenéticas, muitas dores de cabeça e, no fim, o resultado é um filme de 10 ou 15 minutos, mas essa é uma realidade que não apoquenta Vera Casaca. “Trabalhamos cerca de 11 horas por dia para conseguirmos «espremer» dois ou três minutos de filme por dia, mas é o processo normal no cinema”, indica a argumentista e realizadora que até tinha o futuro encaminhado para a investigação médica. “Sempre escrevi desde miúda e, aos 17 anos, enviei uma história de ficção para um projeto onde estava envolvida a NASA. Fui uma das premiadas e rumei aos Estados Unidos da América, mas na altura pensei que tinha que arranjar um trabalho a sério”, recorda.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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