A Feira Medieval de Silves, que decorre até 19 de agosto, é também um espaço para que as associações locais possam estar presentes e poderem, ao longo dos 10 dias do evento, estimular os seus associados à realização de trabalho voluntário e angariar fundos, para que ao longo do ano tenham a possibilidade de pôr de pé os seus projetos, com fundos próprios. E muitas são as coletividades que participam no evento: Silves Futebol Clube, Sociedade Filarmónica Silvense, União Desportiva Messinense Futebol Clube, Agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas, Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, Extremo Sul, Grupo Desportivo e Cultural do Enxerim e, ainda, as corporações dos Bombeiros Voluntários de Silves e de São Bartolomeu de Messines. Duas das associações que estão presentes no evento há muito tempo em âmbitos distintos são a Associação Amigos da Pedreira (AAP) e o Orquestra de Percussão Percutunes (OPP).

Piedade Neto, Presidente da AAP, conta que há já 10 anos que integram este evento. Todos os anos montam uma Taberna, que se localiza junto à Catedral de Silves e trabalham arduamente para poderem não só “agradar às pessoas” que ali vão comer, mas também porque muitos dos “que trabalham durante a noite na feira, trabalham no dia seguinte nos seus empregos, o que por vezes se torna muito cansativo, mas também se torna muito gratificante chegar ao fim dos 10 dias e atingirmos os nossos objetivos”.

Cerca de 20 pessoas estão envolvidas nesta participação. “Uns fazem a comida (sopa, migas, carne à portuguesa) em casa e depois levam para feira”, explica Piedade Neto, acrescentando que “outros assam a carne na Feira; outros servem ao balcão; outros fazem os pedidos; outros lavam a louça; outros fazem os pratos, enfim todos estão permanentemente ocupados”. O trabalho começa cerca de três meses antes da data de início da Feira. Nessa altura, os membros da AAP reúnem-se para elaborar a ementa e fazer a inscrição. “Mais tarde, voltamos a reunir para saber quais as pessoas que estão disponíveis para trabalhar e elaboramos um plano de trabalho”, diz a presidente e depois disso, «mãos à obra»: durante 10 dias servem maravilhosas iguarias a todos os que os procurem e os queiram ajudar fazendo uma refeição na sua Taberna.


A OPP também já participa há oito anos na Feira Medieval de Silves e é composta por jovens entre os 8 e 18 anos, “muitos dos jovens mais velhos que ainda fazem parte do grupo participam na Feira desde os seus oito anos”, conta Diogo Soares, o coordenador desta orquestra. Este agrupamento musical anima as noites da festa e traz os sons dos tambores e das caixas às ruas de Silves, sons que são aprimorados ao longo do ano pelos cerca de 15 elementos que compõem esta formação. “Vamos atuando ao longo dos dias na feira, nos diversos pontos mapeados pela organização, todos os dias acompanhados por pais e/ou dirigentes da associação que ajudam os mais novos a transportar instrumentos, garantem que todos têm águas e dão suporte ao grupo nas atuações”, explica Diogo Soares. Nem sempre é fácil percorrer as ruas apertadas, inclinadas e cheias de visitantes que formam o perímetro da feira. “O principal desafio ao longo da feira medieval é o percurso que tem que ser feito entre atuações, pois em certos dias nos quais o recinto está cheio e é bastante complicado realizá-lo com todos os instrumentos”, reconhece o jovem músico.

Esta associação é mais um exemplo daquilo que acontece nas coletividades, como revela Diogo Soares: “A nossa associação vive exatamente do voluntariado e disponibilidade dos seus membros; sem eles, nada do que foi feito até hoje teria sido possível”. Por isso, diz, a “participação na feira é preparada reunindo a disponibilidade de todos os elementos e conjugando com a melhor forma de assegurar a melhor prestação em cada dia da feira”. Depois, este trabalho dá frutos. “Para a nossa Orquestra, participar na Feira vem desde há muito sendo vantajoso, pois dá-nos a possibilidade de contacto com um público diferente, por ser visitada por turistas de todos os pontos do país e de fora do país até. Já tivemos muitos contactos para atuações que surgiram através da Feira Medieval”, revela.


A Presidente da AAP reforça a importância desta participação para a Associação, pois permite darem-se “a conhecer e também angariem mais alguns fundos para poderem desenvolver as suas atividades”, considerando este esforço «vantajoso». Diogo Soares concorda: “A participação de Grupos e Associações locais neste tipo de eventos é altamente importante pois, dada a dimensão atual da Feira Medieval de Silves, é uma ótima oportunidade que têm de poder divulgar o seu trabalho, que muitas vezes pode passar despercebido num concelho tão grande como o nosso”.

E o sucesso deste evento acontece, na opinião destes dirigentes associativos “porque a autarquia tem feito, ao longo destes anos, um bom trabalho, tanto na organização, como na publicidade do evento”, diz Piedade Neto e Diogo Soares reforça: “A Feira Medieval tornou-se o sucesso que é hoje, muito graças a todo o ambiente que é criado ao longo dos vários dias e de toda a experiência que é proporcionada aos visitantes”. E ambos salientam a colaboração e a qualidade do trabalho de todos os que estão envolvidos no evento. “Grupos de animação, artesãos e vendedores que tentam retratar a época medieval, entusiasmando os visitantes”, diz Diogo Soares – e sem ao quais a Feira Medieval de Silves não seria possível.

“Este é o verdadeiro espírito deste evento”, salienta Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves. “A Feira vive das pessoas que a amam e que amam a sua terra, a sua história e por ela tudo fazem. A Feira de Silves tem essa forte componente, que a transforma num espaço único de vivências, não apenas para os visitantes, mas para todos os que nela trabalham”, sublinha. Por isso mesmo, a Feira Medieval de Silves é um evento de afetos e de pessoas que os vivem e partilham, em 10 dias de festa e de uma verdadeira viagem no tempo.

Fotos: Vítor Pina/Algarve Informativo