O são-brasense Daniel Pires venceu o XXX Festival Internacional de Puro Sangue Lusitano – 2018, que se realizou, em Cascais, entre 21 e 23 de junho, numa organização da Associação de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano. Para além disso, sagrou-se Campeão dos Campeões do Algarve, ou seja, foi o conjunto que reuniu maior número de pontos entre todos os participantes.

Em Cascais, no hipódromo Manuel Possolo, Daniel Pires concorreu com dois cavalos, Hidalgo e Hortelão das Postas. Hidalgo que já contava com duas medalhas de bronze (nível P 4 anos e nível E 5 anos) e ouro nível M 6 anos, tendo agora conseguido o título de Campeão no nível médio, a que se somou o título de vice-campeão com Hortelão das Postas. Medalhas que se juntam a muitas outras, num palmarés recheado de feitos que, infelizmente, passam ao lado do grande público, por estarmos a falar de dressage, da equitação de ensino, bem menos mediática do que as competições de saltos de obstáculos.

A faceta mais recente de Daniel Pires, e por onde começou a conversa na sua residência, em São Brás de Alportel, é a de cobrição, tendo tido a oportunidade de, em 2017, «alugar» a barriga de Rociera, a mãe de Hidalgo, que inseminou artificialmente com a semente do reputado garanhão Peralta, que já tem muitos filhos com provas dadas. “Tenho vindo a acompanhar o crescimento da Núbia e acho que, daqui a uns anos, vamos ouvir falar bastante daquela égua”, fala, com orgulho, do primeiro cavalo lusitano nascido no concelho. “Para mim, o mais importante é estudar bem as mães para percebemos que características temos que ir depois buscar ao garanhão. Mas a reprodução é uma carta fechada, nunca sabemos bem o que vai dali resultar”, assume.

Rociera que é uma égua de letra R, já com alguma idade, proveniente de uma linha mais barroca e antiga da famosa Coudelaria Ervideira, uma das melhores eguadas nacionais. “Tive a oportunidade, através do meu amigo David Inverno, de adquirir este poldro Hidalgo. Ele entretanto parou um pouco com a reprodução e, antes que a Rociera falecesse, perguntei-lhe se não me cedia a barriga durante um ano. Fiz a inseminação artificial com o Peralta, o que idealizei foi uma fêmea, para ficar com a linha da mãe assegurada, e foi isso que aconteceu”, explica, garantindo que não estamos na presença de uma ciência exata. “Tenho vindo a acreditar no meu feeling, nas minhas experiências, naquilo que sinto enquanto cavaleiro. Quando sentimos e vimos, aumentam as possibilidades de termos sucesso. Já testei a égua e, mesmo sendo nova, fiquei com uma ideia do que vai ser, no futuro, em termos de andamento e personalidade. Se se deixa ensinar montada, ou não, é outra questão. Por vezes, irmãos e irmãs do mesmo pai e mãe saem completamente diferentes”, refere.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina, Rita Fernandes e Carla Vargas

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https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__171