Inserido nas comemorações do Dia do Município de Faro foi dado a conhecer o que o futuro pode reservar para toda a frente ribeirinha da cidade, um estudo que resulta de oito meses de trabalho do grupo multidisciplinar criado pela Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, para apresentar o plano de ordenamento daquele espaço e avaliar a viabilidade económica, financeira e ambiental da ideia que já tinha sido avançada pela autarquia farense a 14 de junho do ano transato. O atual projeto contém, contudo, diversas modificações face ao inicial, sobretudo de incidência ambiental. 

Luís Gomes, coordenador do grupo de trabalho

Em termos gerais, contempla a reconversão do velho cais num espaço de referência da náutica, com uma marina que pretende ser a âncora do processo e que irá potenciar as atividades marítimas. Haverá, igualmente, uma importante componente de investigação ligada à Universidade do Algarve e aos seus centros de investigação, um grande aquário, alojamento, restauração, comércio e outras valências. A perspetiva é de que os privados que desenvolvam este projeto venham a investir cerca de 120 milhões de euros. “As cidades constroem-se com pessoas, criatividade e dinamismo, com projetos que geram curiosidade, com o saber de todos e que procuramos partilhar. O sonho é fundamental para podermos projetar uma ideia de desenvolvimento da cidade e temos, na frente ribeirinha de Faro, elementos que fazem a diferença”, considera Luís Gomes, coordenador do grupo de trabalho.

Inspiração foi-se buscar a casos de requalificação de sucesso de Miami, nos Estados Unidos da América, de Toronto, no Canadá, mas também da cidade do Porto, “projetos estruturantes e que têm um impacto que vai muito mais além da escala das próprias cidades e dos países”, entende o antigo presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. “Na prática, queremos ajudar a afirmar ainda mais Faro como capital do Algarve e de um dos principais destinos turísticos da Europa. E, para que isso aconteça, será necessário criar uma Área de Reabilitação Urbana e, posteriormente, de uma operação de reabilitação urbana para toda esta frente ribeirinha, mais dois Planos de Pormenor: um da reconversão do Porto Comercial de Faro; outro da Zona Industrial do Bom João”, revelou Luís Gomes. 

Sérgio Faias e Teresa Pedro, da Docapesca, Ana Paula Vitorino e Rogério Bacalhau

Já definidos estão quatro projetos: o Passeio Ribeirinho, que vai do Teatro das Figuras à Doca de Recreio; o Passeio Marítimo, que faz o percurso entre a Doca de Recreio e o Largo de São Francisco; a requalificação do eixo central adjacente a esta área; e a reconversão do Cais Comercial. “Pretende-se criar um grande passadiço que vai criar pontos de amarração, portanto, vão funcionar docas de recreio ao longo da cidade de Faro, o que irá aproximar a cidade da Ria Formosa”, adiantou ainda Luís Gomes. Para que tudo isto seja possível foi assinado e homologado pela Ministra do Mar, durante a cerimónia, o contrato de transferência de gestão dos terrenos entre a Doca e o Largo de São Francisco da Docapesca para a autarquia farense. Outro acordo fundamental será firmado com as Infraestruturas de Portugal, ao nível da gestão do território e da sua requalificação, com vista ao reordenamento do espaço e para que algumas zonas possam ser absorvidas neste projeto e devolvidas à cidade de Faro. 

Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar

Apresentada a estratégia, Rogério Bacalhau confirmou que, depois de uma forte aposta na redinamização do centro histórico, da baixa e do espaço público da cidade, a estratégia da autarquia passa agora “pela abertura da cidade à economia do mar, estimulando a requalificação de toda a zona ribeirinha e explorando potencialidades turísticas que podem guiar Faro a décadas de desenvolvimento urbanístico, económico e social”. “Este não é um projeto partidário ou político, é um projeto para um concelho”, enfatizou o presidente da Câmara Municipal de Faro, uma ideia corroborada e apoiada pela Ministra do Mar. “É para isto que os portugueses elegem governantes, para transformar para melhor as suas vidas e os territórios”. “Trata-se de requalificar um território em que já se degradou o que foi em tempos a sua atividade principal – a portuária – e transformá-lo num território que possa ser usufruído pela população, pelos turistas, por todos nós. É importante que continuemos a ter aqui a náutica de recreio e, por ventura, algumas ligações de transporte marítimo que crie pontes com outros territórios. E se não fizermos rigorosamente nada e mantivermos este espaço como ele está, estamos a lesar, não só do ponto de vista social e económico, o nosso país, mas também estamos a afetar gravemente a qualidade ambiental do nosso território”, salientou a governante.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina