O objetivo geral do «Atlantic On Bike» passa por alcançar benefícios resultantes da implementação de uma estratégia transnacional de cicloturismo, baseada no património natural e cultural da Eurovelo 1 – Rota da Costa Atlântica, desenvolvendo um projeto europeu economicamente sustentável, amigo do ambiente, inovador e inclusivo. A par disso pretende-se dinamizar uma marca europeia com base na identidade da região; criar mais-valias que permaneçam para além da duração da candidatura; promover o desenvolvimento local e um turismo sem carros; definir um modelo de marketing territorial colaborativo que possa ser avaliado; construir uma comunidade com forte cultura da bicicleta, especialmente entre a população europeia; desenvolver serviços de alta qualidade associados à bicicleta; envolver empresas, municípios e cidadãos no desenho; e estruturar a oferta, de forma a conseguir soluções socialmente inclusivas para todos.
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve |
O projeto «Atlantic On Bike» tem uma duração prevista de três anos e teve início em maio de 2017, contemplando um orçamento global de 4,8 milhões de euros, cofinanciado em 75 por cento pelo Programa Interreg – Espaço Atlântico (2014-2020). Os parceiros portugueses do projeto são a AMAL e a RTA, cada um dispondo de um orçamento de 175 mil euros. “Cerca de 40 por cento do território do Algarve tem estatuto de proteção ambiental, temos três parques naturais e 20 sítios da Rede Natura e todos os 200 quilómetros da costa algarvia são reserva ecológica nacional submarina, portanto, a aposta no Turismo de Natureza era clara, quer do ponto de vista da capacidade dos nossos recursos, quer das tendências da procura, quer de uma oferta que já estava a despontar em 2014, quando elaboramos o nosso Plano Estratégico”, declarou João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve.
Foram então definidos segmentos prioritários, entre os quais o «walking & cycling», assim surgindo o envolvimento da RTA no projeto «Atlantic On Bike», que pretende tornar a Eurovelo 1 numa referência internacional. “A rota começa na terra do «sol da meia-noite», na Noruega, e termina no mais bonito por-do-sol do mundo, onde a terra acaba, em Sagres. Os desafios de RTA serão, sobretudo, centrados na comunicação e promoção desta rota, o tiro de partida está dado e muitos são os desafios que nos esperam ao longo desta etapa. Agora é tempo de pedalar e de liderar o pelotão em direção aos objetivos do «Atlantic On Bike»”, reforçou João Fernandes.
Jorge Botelho, presidente da AMAL e da Câmara Municipal de Tavira |
O outro parceiro do projeto em Portugal é a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, liderada por Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, que lembrou que os municípios algarvios estão a dinamizar rotas cicláveis paralelas à Eurovelo 1. “O incentivo à bicicleta, seja de uso individual ou partilhado, é fulcral para nós e é algo que está a ser alvo de investimentos substanciais. Até 2020 iremos aplicar 6,2 milhões de euros no PAMUS, com financiamento do CRESC Algarve 2020 e, ao mesmo tempo, iremos criar pequenas rotas, trajetos ou circuitos para ligar, em modo ciclável, os centros das cidades ao que é turisticamente visitável na nossa terra, ou seja, praticamente tudo”, salientou Jorge Botelho. “O Algarve tem quase 20 milhões de dormidas, com gente de todas as nacionalidades e com todas as motivações mas, principalmente, gostam de natureza, de qualidade de vida e de comer, não gostam de confusões e cada vez mais apreciam andar de bicicleta”.
Em nome dos 16 concelhos do Algarve, Jorge Botelho reafirmou o compromisso da região em redor do uso da bicicleta e enalteceu os méritos do «Atlantic On Bike» e da Eurovelo 1. “Estes encontros servem para nos conhecermos uns aos outros, para trocarmos experiências e para ambicionarmos fazermos muito mais do que aquilo que os nossos governantes querem ou desejam que nós façamos. Temos o poder da proposta, de apresentarmos ideias que sejam exequíveis, que sejam boas para as pessoas, que fidelizem visitantes e que possam ser financiadas de forma sustentável”, destacou o presidente da AMAL, reforçando a importância de se apostar no turismo de natureza e na mobilidade suave para combater a sazonalidade do Algarve. “Estarmos envolvidos numa rota europeia com milhares de quilómetros faz com que a visibilidade do Algarve seja ainda maior. Praticamente todos os municípios algarvios estão a redimensionar os seus projetos de mobilidade, de ruas e estradas, de ligação às frentes ribeirinhas e praias, já com rotas cicláveis”, sublinhou.
Como a Rota Eurovelo 1 já existe há vários anos e envolve tantos parceiros, é natural, para Jorge Botelho, que existam velocidades diferentes no que toca ao trabalho realizado no terreno, o mesmo se passando no contexto do próprio Algarve. “Reconhecendo essa realidade, o que interessa é priorizar as intervenções que são necessárias para correspondermos às expetativas dos nossos parceiros europeus e à necessidade que temos de possuirmos uma rota ciclável cada vez mais adequada que permita ir de Vila Real de Santo António até Sagres de bicicleta”, aponta o autarca tavirense.
O objetivo é, então, ter a Ecovia do Litoral finalizada até 2020/2021, com obras já em curso e concursos em procedimento para mais intervenções serem inicializadas. “Acredito que esteja concluída ainda neste quadro comunitário de apoio, mas temos que ser mais ambiciosos e alocar mais recursos financeiros a estes projetos. Tudo depende da pressão dos ciclistas e da necessidade de se criar mais rotas para que as existentes não fiquem demasiadamente congestionadas. Há destinos europeus nossos concorrentes em matéria ciclável durante a época baixa que estão a ficar saturados e o Algarve está-se a posicionar nessa frente, porque temos rotas lindíssimas que combinam o litoral com o interior”, frisou Jorge Botelho. “A Ecovia do Litoral, a Via Algarviana e a Eurovelo 1 estão perfeitamente delimitadas e admitimos que ainda há situações para conciliar, ao nível dos pisos e da sinalética integrada, para depois se avançar para a sua promoção. A bicicleta está a reentrar nos usos das pessoas, estamos atentos a essa realidade e não há problema nenhum em bebermos das boas ideias dos outros, da mesma forma que os outros também se inspiram nos nossos casos de sucesso”.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina