De há uns anos para cá que o Jardim-de-Infância de Vila do Bispo tem estado em destaque um pouco por todo o mundo, sendo o motivo mais recente o projeto «Cachecol que Agasalha Portugal» da Sala 2, da educadora-de-infância Lina Nascimento, que num instante saltou as fronteiras físicas do concelho e da região, chegou a vários pontos de Portugal e mesmo além-fronteiras. E tudo começou no ano letivo de 2015/16, na sequência de uma reunião de pais, em outubro, em que se pretendeu criar um desafio que envolvesse as famílias no dia-a-dia do jardim-de-infância. “Nesse ano estava a trabalhar as tradições locais e pensei em fazermos um cachecol que fosse passando pela casa de cada criança e a primeira reação foi que precisávamos realizar um workshop de tricot, porque muitas mães não tinham esse conhecimento. Como isso era mais complicado de concretizar, sugeri que pedissem ajuda às vizinhas, amigas e familiares. Dois meses depois já tínhamos um cachecol de 30 metros, com contributos de todas as famílias das crianças da Sala 2”, recorda Lina Nascimento.

Porque se estava na época do Natal, decoraram a sala de aulas com o cachecol e participaram num concurso de árvores de Natal promovido pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, tendo conquistado o primeiro lugar. Tudo poderia ter terminado nessa altura, mas algumas mães mostraram-se disponíveis para continuar com o «cachecol circular» e num instante começaram a chegar mais senhoras do resto do concelho a quererem contribuir para o cachecol gigante que estava a nascer a partir daquele jardim-de-infância. “A nossa perspetiva era reutilizarmos lãs, não comprar material novo, e as pessoas abraçaram efetivamente essa ideia, pelo que cada cachecol que aparecia tinha uma história diferente”, conta Lina Nascimento, que entretanto criou uma página de Facebook da Sala 2 para divulgar o projeto.

O impacto de se estar na rede social mais popular do mundo depressa se fez notar, os cachecóis vinham de todas as freguesias do concelho e até se gerou uma competição saudável porque ninguém queria ficar atrás do vizinho do lado. E, neste momento, o cachecol é mesmo gigante, com três mil e 800 metros fruto de contributos de países como o Brasil, Luxemburgo, Espanha, França, Inglaterra, Mónaco, Alemanha, Bélgica e Áustria, tendo estado em exposição, na Fortaleza de Sagres, de 28 de setembro a 14 de outubro. “Neste «mar revolto de Sagres» estão 950 metros de cachecol feito pelas avós, mães e população de Sagres e o «barco» é da população da Salema. O problema é que, à medida que fomos juntando os cachecóis, os rolos tornaram-se enormes e cada vez mais difíceis de manusear. Algumas pessoas apareciam no jardim-de-infância com rodas gigantes que tinham feito ao longo do ano letivo”.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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