A Universidade de Aveiro, a Global Footprint Network e a Associação ZERO vieram ao Algarve, mais concretamente a Lagoa, no dia 27 de outubro, para falar da Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses, sendo Lagoa precisamente um dos seis concelhos que, para já, participam neste projeto, à semelhança do que sucede com Almada, Bragança, Castelo Branco, Guimarães e Vila Nova de Gaia. O estudo é realizado pela Global Footprint Network nos países da Bacia do Mediterrâneo, uma zona única pela sua geografia e história, contudo, o consumo insustentável e as tendências atuais de desenvolvimento estão a colocar em risco os recursos ecológicos que são as suas maiores riquezas. “A Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável do Mediterrâneo pretende salvaguardar esses recursos por via da introdução de preocupações ambientais nas estratégicas de desenvolvimento dos países, e esses objetivos estratégicos incluem assegurar uma maior qualidade de vida para as pessoas, sem com isso degradar o ambiente. Infelizmente, a região da Bacia do Mediterrâneo utiliza, atualmente, duas vezes e meia mais recursos naturais e serviços ecológicos do que o seu ecossistema consegue gerar”, avisou o italiano Alessandro Galli.

De acordo com o diretor para a região do Mediterrâneo da Global Footprint Network, garantir o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações do Mediterrâneo, onde se incluem, como é natural, os portugueses, exige que se conheça aprofundadamente os limites e constrangimentos físicos dos nossos recursos, de maneira a que os decisores políticos possam, efetivamente, tomar as melhores decisões. “No lado da oferta, a Biocapacidade de uma cidade, concelho, região ou país representa a produtividade dos seus recursos ecológicos. Do lado da procura, a Pegada Ecológica mede o uso da terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca necessários para fornecer os recursos e absorver os resíduos em cada território”, explicou Alessandro Galli, acrescentando que ambas as variáveis são expressas em hectares globais por pessoa. “Ora, se a Pegada Ecológica de uma população excede a Biocapacidade dessa região, entramos num défice ecológico, que só pode ser ultrapassado por via da importação, pelo desgaste rápido dos recursos ou pela emissão de mais dióxido de carbono para a atmosfera”, alertou, durante a sessão que teve lugar no Auditório do Convento de São José, em Lagoa.

O problema é que, segundo dados da Global Footprint Network, nenhum país do Mediterrâneo é capaz de providenciar todos os recursos naturais e serviços de que a sua população necessita meramente através da sua Biocapacidade, ou seja, todos dependem das importações que realizam no dia-a-dia. “Esta dependência da Biocapacidade de terceiros varia consoante os países, mas ninguém consegue produzir tudo aquilo que precisa e todos produzem mais desperdícios do que o seu ecossistema consegue absorver”, salientou Alessandro Galli, lembrando que a população mundial está, hoje, a consumir praticamente um planeta e meio. Assim, a resolução do problema passa por implementar novas medidas e políticas, tanto do lado da produção como do consumo. “Em quase todos os países, os três maiores componentes da Pegada Ecológica dizem respeito à alimentação, transporte e alojamento, portanto, é nestas áreas que os governantes devem atuar com maior celeridade”, aconselhou o italiano.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Leia a reportagem completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__179