Depois de ter derrotado a lista liderada por Carlos Luís no passado dia 3 de dezembro, João Fernandes tomou posse, no dia 17 de dezembro, como novo Presidente da Direção da Associação Turismo do Algarve, numa cerimónia que antecedeu a primeira Assembleia-Geral dos novos Órgãos Sociais da ATA, tendo o seu presidente Álvaro Viegas feito um apelo à participação de todos os associados durante os próximos três anos, para bem do turismo algarvio. Já João Fernandes considerou ter sido salutar e estimulante terem existido duas listas a votos, “o que revela o interesse dos associados pelo futuro da organização e é também um bom sinal da sua dinâmica”.

Para João Fernandes, o objetivo que agora todos deve unir é tornar o Algarve mais competitivo e sustentável e reconhecido pela qualidade e diversidade da sua oferta. “O desejo é pôr o Turismo do Algarve a falar a uma só voz, porque a abordagem a esta sinergia entre quem desenvolve o destino turístico – competência da Região de Turismo do Algarve – e quem o promove nos seus principais mercados internacionais é uma oportunidade para melhor gerir recursos”, defendeu o também presidente da RTA. “Queremos trabalhar em rede e criar sinergias com os diversos intervenientes do setor, sejam eles públicos ou privados, e assim estaremos mais habilitados, com maior poder negocial e mais concertados para falar com a Secretaria de Estado do Turismo, com o Turismo de Portugal e com as autarquias que intervêm neste território”.

Promover produtos independentemente das suas fronteiras físicas é outra intenção de João Fernandes, dando o exemplo do Turismo de Natureza, porque “a natureza não tem barreiras administrativas, como é o caso da Rota Vicentina”. E concertação, trabalho em equipa, sinergias, são fundamentais porque o principal mercado emissor de turistas para o Algarve se encontra, como se sabe, numa situação muito específica, de Brexit. “Temos que começar, e já, a agir e seremos tão mais fortes quantos mais formos e se trabalharmos em conjunto com regiões que têm problemas semelhantes, tais como a Madeira”, considerou o novo líder da ATA, voltando a enfatizar a importância de se diversificar a oferta do turismo algarvio. “Ninguém aqui procura negligenciar que somos amplamente reconhecidos pelo «Sol e Mar» e pelo «Golfe», queremos continuar a sê-lo, queremos reforçar a qualidade destes produtos, mas não queremos perder a oportunidade de gerar novas motivações de visita à região, que tragam turistas fora da época alta e que abranjam um território mais vasto”.

Reforçar, então, o Turismo de Negócios, Turismo de Natureza, Turismo Náutico, Turismo Desportivo e outros poderá dar origem a novos produtos com igual desempenho àqueles pelos quais o Algarve é mais conhecido. E João Fernandes confirmou a necessidade de uma parceria mais estreita com o Aeroporto Internacional de Faro, que passará a ser um membro-convidado da Direção da ATA para participar nas discussões que envolvam matérias fundamentais como a acessibilidade a este destino. “Com o Aeroporto queremos trabalhar na senda da captação de novas rotas e frequências, mas também no reforço da ligação ao hub de Lisboa, não apenas para estarmos mais próximos da capital, mas sobretudo para o apoio a voos de longa distância e aos voos dos nossos mercados emissores europeus, que acorrem a Lisboa muitas vezes como um ponto de passagem para o Algarve”, sublinhou João Fernandes.


Um maior foco na comercialização da oferta do Algarve é outra aposta da nova liderança da ATA, na medida em que “somos frequentemente reconhecidos pela nossa capacidade de promover, mas menos vezes pela nossa aptidão de concretizar essa promoção em volume de negócios para as empresas”. E uma maior colaboração com os estrangeiros residentes é encarada por João Fernandes como uma forma de potenciar o seu papel de prescritor e embaixador junto dos mercados emissores de onde eles são originários. “Eles têm, talvez, a mensagem que mais fideliza os seus conterrâneos, porque são pessoas que estão no território, que o conhecem muito bem, que optaram por viver entre nós. É uma rede de amigos e familiares que temos vindo a desaproveitar”.

Em final de intervenção, João Fernandes não esqueceu a recente falência de companhias aéreas que ligavam o Algarve a mercados emissores estratégicos como o Reino Unido e Alemanha, o Brexit e a emergência de destinos concorrentes, portanto, “temos em mãos desafios concretos”. “Toda a informação é essencial para estarmos mais habilitados a concorrer e será importante trabalharmos no sentido da business inteligence, da ATA providenciar dados relevantes de produto, mercado, análise de concorrência, aos seus associados. Por isso, estamos a trabalhar numa plataforma para responder a essas necessidades e num Plano de Produto e Mercado direcionado para o Brexit. Sabemos perfeitamente que temos três anos desafiantes pela frente, que nos vão dar muito trabalho, e queremos encarar o futuro com a capacidade de arregaçarmos as mangas para trilhar caminho, desenhar projeto e apresentar propostas”, concluiu o presidente da Direção da ATA.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina