A Ministra da Saúde, Marta Temido, veio ao Algarve, no dia 1 de dezembro, para inaugurar a Unidade de Saúde Familiar (USF) Golfinho, instalada na sede do Centro de Saúde de Faro. A nova USF, unidade integrante do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Central da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, reúne uma equipa multiprofissional composta por oito médicos, oito enfermeiros e sete assistentes técnicos, e abrange um total de 15 mil e 200 utentes do concelho de Faro, incluindo a sede em Faro e o Pólo de Estoi, permitindo também alargar a cobertura assistencial com a atribuição de médico de família a mais cinco mil e 469 utentes. 


Com horário de funcionamento das 8h às 20h na sede em Faro e das 8h às 16h no Pólo de Estoi, todos os dias úteis, a USF Golfinho vem reforçar a prestação de cuidados de saúde de proximidade e aumentar para 16 o número de Unidades de Saúde Familiar em atividade no Algarve (3 no ACeS Barlavento; 9 no ACeS Central e 4 no ACeS Sotavento). “Esta abertura é o resultado do trabalho de uma equipa multiprofissional fortemente motivada no aumento da acessibilidade e qualidade dos cuidados prestados a mais de 15 mil utentes. A direção do ACeS pretende abrir mais duas USF a curto prazo, autonomizando, responsabilizando e conciliando os espaços existentes, e modernizando numa ótica de melhoria contínua para prestar mais e melhores cuidados de saúde primários”, frisou Sílvia Cabrita, Diretora Executiva do ACeS Central da ARS do Algarve, deixando ainda um agradecimento especial ao pessoal da carreira médica, enfermagem, administrativa e operacional do Centro de Saúde de Faro, “que ajudaram a encontrar soluções para materializar a USF Golfinho num tão curto espaço de tempo”


Prestar cuidados centrados no utente e tendo em conta as suas características biopsicossociais é o objetivo da USF Golfinho, referiu a sua coordenadora, Ofélia da Ponte, destacando a abertura, para breve, do «Cantinho do Idoso». “Não irá apenas complementar os diagnósticos de problemas de saúde, mas pretende diagnosticar também problemas a nível social. Não devemos estar apenas focados na saúde do utente, porque ele é um indivíduo inserido numa comunidade com os problemas daí inerentes”, afirmou Ofélia da Ponte. 


Outra aposta da USF Golfinho passa pelas consultas do pé diabético, para diminuir o número de complicações que os diabetes têm nos seus membros inferiores e, em última instância, tentar evitar a sua amputação. “O desejo é conseguirmos, com uma melhor articulação com o CHUA – Centro Hospitalar Universitário do Algarve, reencaminhar o nosso diabético de uma forma mais célere para os cuidados de saúde secundários”, explicou Ofélia da Ponte. Satisfeito com a nova USF mostrou-se igualmente o Vereador da Câmara Municipal de Faro Adriano Guerra, contudo, aproveitou a vinda da Ministra da Saúde pela primeira vez em funções ao Algarve para falar das dificuldades que a região sente em termos de saúde. “Precisamos urgentemente de reforçar a capacidade ao nível hospitalar, porque temos condições muito precárias em várias unidades do Algarve, apesar do incansável trabalho dos seus trabalhadores e do Conselho de Administração do CHUA. É algo de que temos necessidade e que nos é devido em virtude do contributo que o Algarve dá para o PIB nacional”, considerou Adriano Guerra. 


Os problemas existem, reconheceu o Presidente da ARS Algarve, mas lembrou que, com a inauguração da USF Golfinho, Faro passa a ser o único concelho do Algarve, e um dos primeiros de Portugal, a ter 100 por cento de cobertura no que toca a médico de família. “Queremos dar a todos os cidadãos aquilo que eles merecem em termos de cuidados de saúde e esta unidade cumpre com todas as normativas em vigor e tem um plano de ação ambicioso”, destacou. Paulo Morgado admitiu, todavia, que o Algarve continua a sentir grandes dificuldades para atrair recursos humanos especializados, tando nos cuidados de saúde primários como hospitalares. “Somos à volta de meio milhão de residentes, mas teremos sempre 700 ou 800 mil pessoas em permanência na região e, no Verão, esse número ultrapassa bastante o milhão de habitantes. O Algarve tem necessidades específicas e merece um olhar um pouco diferente da parte do Ministério da Saúde”, reivindicou. 

A Ministra da Saúde, Marta Temido, e Paulo Morgado, Presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve

No uso da palavra, a Ministra da Saúde, Marta Temido, recordou que se assinalam, em 2018, os 40 anos da assinatura da Declaração de Alma-Ata, que marcou a ambiciosa visão de «saúde para todos» até ao ano 2000, através dos cuidados de saúde primários. “Eles fazem parte das prioridades do XXI Governo Constitucional, mas são naturalmente diferentes daqueles que ambicionávamos há quatro décadas. O que hoje precisamos é de maior cobertura no campo dos equipamentos e recursos humanos e, no início desta legislatura, tínhamos mais de um milhão de portugueses sem médico de família. Este número baixou para os 600 mil e, com a abertura da USF Golfinho, demos mais um passo para garantir que todas as pessoas tenham, não só médico de família, mas uma equipa de saúde familiar”, sublinhou, referindo que as USF não fazem apenas “transações de atos médicos”, disponibilizando, sim, "uma abordagem de saúde feita por médicos, enfermeiros e secretários clínicos que garante um conjunto de apoios ao nível da saúde oral, visual, psicologia e nutrição, entre outras valências".

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina