O Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila
Real de Santo António, encheu, no dia 11 de janeiro, para a apresentação
pública do estudo «Cristóvão de Mendonça, navegador no Oriente e capitão de
Ormuz – um desconhecido comendador de Arenilha», do historiador algarvio
Fernando Pessanha. Depois da abertura por Luís Romão, vice-presidente da Câmara
Municipal de Vila Real de Santo António, o palestrante partilhou com o público
os resultados da investigação originalmente publicada na Revista da Associação
Ibérica de História Militar, revelando a metodologia de trabalho utilizada, as
fontes consultadas e as conclusões a que chegou.
De acordo com Pessanha, “não se identificando homónimos para
a respetiva balizagem cronológica e coincidindo o regresso ao reino deste
navegador com as datas dos documentos que o referem como comendador de
Arenilha, não há margem para grandes dúvidas”. Por outro lado, a entrega desta
comenda da Ordem de Cristo coaduna-se perfeitamente o perfil social de
Mendonça, um indivíduo pertencente a uma família da pequena nobreza de função
familiarizada com a guarda da fronteira frente a Castela, fidalgo da Casa Real,
cavaleiro da Ordem de Cristo e navegador com serviços prestados no Oriente,
onde acumulou experiência de guerra naval.
O investigador do Arquivo Histórico Municipal António Rosa
Mendes referiu ainda que, independentemente das rebuscadas teorias acerca da
alegada «descoberta» da Austrália por este navegador, a sua identificação como
comendador de Arenilha vem reforçar duas ideias: que as suas navegações nos
mares da Australásia foram generosamente agraciadas aquando do seu regresso ao
reino (já que para além de Arenilha recebeu ainda tenças e a nomeação para a
rentável capitania de Ormuz) e que a vila da foz do Guadiana teve, por então,
mais importância simbólica e estratégica do que aquela que lhe tem sido
atribuída.