Já é conhecida a programação do Teatro Lethes para 2019 … e
que bela programação está ao dispor dos farenses, e de todos os algarvios, com muitas
propostas de qualidade superior de teatro, dança e música, sem esquecer as fundamentais
matérias da criação de públicos e de levar a cultura a todos os cidadãos, mesmo
àqueles possuidores de qualquer tipo de limitação física ou mental. E, à
semelhança de anos anteriores, toda a oferta cultural do Lethes nos próximos 12
meses vai ter um fio condutor, o «falemos de nós». “Pensemo-nos enquanto
comunidade e atentamos ao nosso lugar no Mundo, numa lógica cultural e de cidadania.
Estes são fatores que consideramos no nosso fazer artístico e, sem falsa
modéstia, muito nos orgulhamos dos caminhos que temos percorrido neles com
abrangente propósito”, entende Luís Vicente.
Luís Vicente e Elisabete Martins |
Como a noite de 12 de janeiro era de teatro, com a encenação
de «Uma Cartografia Emocional de Frei Luís de Sousa», de cujo elenco faz parte Luís
Vicente, a apresentação formal da programação do Lethes para 2019 coube a
Elisabete Martins, produtora executiva da ACTA, que prontamente destacou as criações
próprias da companhia algarvia, logo a começar por «Frei Luís de Sousa», que estreou
a 29 de novembro de 2018 e estará em cena, em Faro, até 26 de janeiro, seguindo
depois para uma digressão nacional. A 25 de abril estreia «Improvável», um
texto inédito do José Martins que trata do reencontro, cerca de 40 anos depois
do 25 de abril de 1974, entre um militante político e o PIDE que o torturou na
prisão. “O espetáculo vai ser acompanhado por duas palestras, com a médica e
ativista política Isabel do Carmo e com o ator, encenador e fundador do Teatro A Comuna, João Mota”, adiantou Elisabete
Martins.
A segunda produção da ACTA de 2019 vai a cena de 8 a 30 de
novembro, «Ibn Qasi», um texto de José Carlos Fernandes “de uma extraordinária
beleza poética” que fala da vida do profeta, rei místico e poeta Sufi que
partilhou amizade com o Rei D. Afonso Henriques e que incluirá igualmente duas
palestras, ministradas pelo professor Alexandre Honrado e pelo Frei Fernando
Ventura. E do serviço educativo da ACTA é «Uma Torneira na Testa», a mais
recente peça a viajar por esse Algarve fora a bordo do autocarro do VATe. “É um
espetáculo que apela à importância da educação ambiental e ao uso consciente da
água e conta com o apoio da empresa «Águas do Algarve» e da AMAL”, aponta Elisabete
Martins.
Nem só de produções próprias vive, como é natural, a agenda
do Teatro Lethes, que abre as suas portas a companhias teatrais de todo o país,
mas também de Moçambique e Espanha. Assim, a 2 de março, o Teatro Art’Imagem
apresenta «Armazenados», em que o stock de um armazém são os seus empregados; a
8 de março, a companhia moçambicana «O Outro D’Santana» traz «Recados de Lá»,
em que dois homens desconhecidos e traumatizados se encontram num abrigo para
fugitivos de guerra; a 16 de março vai a cena o «Diário de Adão e Eva», da
Companhia de Teatro de Braga; de 18 a 21 de março a «Rituais Dell Arte» conta a
história de «Branca de Neve»; a 27 de março – Dia Mundial do Teatro, haverá
visitas encenadas ao Lethes; nos dias 3 e 4 de abril, o «Teatro do Noroeste»
apresenta «O Autómato»; a parceria entre a ACTA e a Apatris 21 traduz-se no
espetáculo «Mahura – A distância do céu e da Terra», a 15 de junho; o Teatro de
Montemuro traz «O Último Julgamento» a 19 de outubro; e o Ciclo de Teatro
Espanhol regressa de 25 a 27 de outubro. “E vamos para a quarta edição do
«Palco Aberto», cujas inscrições já estão abertas, deixando o palco ao dispor
de quem lá quiser subir. Só há dois temas não permitidos, propaganda e
religião, de resto, os participantes têm 20 minutos para fazerem o que quiserem”,
sublinhou Elisabete Martin, lembrando que algumas propostas de anos anteriores
acabaram por fazer parte da programação do Teatro Lethes num formato mais
extenso. “É uma caixinha de agradáveis surpresas”, garante, antes de falar do FOMe
– Festival de Objetos e Marionetas e Outros Comeres que vai percorrer seis concelhos
do Algarve nas duas últimas semanas de setembro.
No que diz respeito à dança, um destaque para a vinda da
Companhia de Dança Contemporânea de Angola, a 12 e 13 de outubro, com «O
Monstro está em cena», mas também para o espetáculo solidário da
responsabilidade de Nádia Buchinho (17 de março) e para o espetáculo de final de
ano dos alunos do Atelier do Movimento (13 de julho). Saltando para a música,
há, de facto, inúmeras propostas, entre elas o Ciclo Euterpe, de 14 a 23 de
fevereiro, e o Ciclo Lethes Clássico da Orquestra Clássica da Sul, mas também espetáculos
inseridos no Festival de Música Barroca, no Festival Internacional de Guitarras
de Faro, n’Os Dias do Jazz, no Faro Blues e no Algarve Music Series.
Entre as novidades de 2019 encontra-se a aposta efetiva numa
maior acessibilidade cultural de toda a população à oferta do Teatro Lethes,
mediante uma parceria com a «Acesso Cultura». “Este ano vamos contar com espetáculos
com intérpretes de língua gestual portuguesa, em áudio-descrição e sessões descontraídas
para pessoas com necessidades especiais, dificuldades visuais ou auditivas ou
questões de autismo ou défice de atenção. Tudo estará preparado para que elas
possam desfrutar plenamente dos espetáculos”, assegurou a produtora executiva
da ACTA com um sorriso. E a última grande novidade de 2019 é o Clube de Amigos
Lethes Go. “Espero que falemos de nós seriamente, que pensemos e façamos em
conjunto. Nestes sete anos em que a ACTA se transformou na companhia residente
do Lethes e que tem a seu cargo a gestão e programação do teatro, o público tem
aumentado e, em 2018, tivemos 11 mil e 85 espetadores. E era impossível termos
o teatro aberto sem esta fantástica equipa de voluntários, a quem agradecemos
do fundo do coração”, finalizou Elisabete Martins.
Texto: Daniel Pina
Texto: Daniel Pina