Criado, em 2017, pela Câmara Municipal de Loulé no âmbito do
projeto «Loulé Criativo», o Loulé Design Lab assume-se como um laboratório
de criação e experimentação que tem como objetivo apoiar ativamente ideias e
projetos na área do design aplicado à cultura local, contando com a sinergia de
uma rede alargada de parceiros. E não foi preciso muito tempo para se confirmar
o mérito da iniciativa, com as expetativas da autarquia a serem correspondidas
no terreno, muito embora a fasquia fosse alta. “O impacto, sobretudo externo a
Loulé e ao Algarve, que o Loulé Design Lab tem tido surpreende-nos às
vezes, porque está muita gente a olhar para nós e a tentar perceber o que se
faz por cá. Tem sido um trabalho bastante interessante, mas queremos que
a comunidade louletana esteja ainda mais atenta a ele”, referiu, em início de
conversa, a Diretora Municipal Dália Paulo.
Várias conferências e workshops abertos à comunidade e lojas
pop-up têm dado a conhecer o trabalho
realizado pelos cerca de 20 designers incubados no Loulé Design Lab, mas a
mudança, em abril/maio, para o Palácio Gama Lobos de todo o projeto «Loulé
Criativo» será uma alavanca adicional a esta dinâmica. De qualquer modo, o
desafio de recuperar uma série de tradições do concelho de Loulé que corriam o
risco de desaparecer está a ser bem-sucedido, do mesmo modo que fazia todo o
sentido, para o executivo liderado por Vítor Aleixo, aliar as novas correntes
de design ao saber fazer dos mais antigos. “Para se criar emprego e desenvolver
social e economicamente o concelho não bastava recuperar as técnicas
tradicionais e fazer as coisas à moda antiga. Tínhamos que perceber quais as
necessidades reais dos cidadãos modernos e a forma como estes materiais e
utensílios os podiam atrair … e tudo isso está ao alcance dos designers. Mas os
artesãos são fundamentais para se saber o que cada material permite fazer, até
onde se pode ir em cada artefacto”, salienta Dália Paulo. “Tem sido um processo
natural que, felizmente, está a atrair pessoas com outra forma de olhar para os
materiais endógenos. Não queremos esgotar o território, mas trabalhar com ele
de modo sustentável, porque a economia circular é um conceito que a Câmara
Municipal de Loulé está empenhada em desenvolver e implementar”.
A Diretora Municipal entende, assim, que esta ligação entre
artesãos e designers é um “casamento perfeito para darmos resposta às
necessidades dos tempos modernos e mesmo daqueles que estão a caminho”. E para
este sucesso muito tem contribuído Henrique Ralheta, responsável operativo do
Loulé Design Lab, falando de “dois mundos com diferenças óbvias, mas reunidos
num projeto comum”. “Somos um género de mediadores quando se juntam estas duas
partes, como conhecedores do território e dos objetivos maiores do projeto. Uma
das nossas principais missões é ajudar a fixar uma comunidade criativa em
Loulé, dando-lhes condições para que possam desenvolver o seu trabalho. Em
contrapartida, os criativos participam para um banco de horas que é usado em
prol da comunidade, através de workshops e das atividades regulares do «Loulé
Criativo». E a comunidade funciona, de facto”, garante o entrevistado. “Os
designers estão cá dentro em diálogo uns com os outros e daí nascem projetos
conjuntos. Mas tudo fica mais rico e gratificante com a proximidade com os artesãos,
porque sentimos que há uma efetiva evolução do ponto de vista económico e
social”, observa.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve
Informativo® e Município de Loulé
Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__190