Já se pode ver a nova película do realizador algarvio André
Badalo, «Portugal não está à venda», nas salas de cinema de todo o país e as reações
na antestreia, no dia 19 de fevereiro, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, foram
diversas e intensas. Se, por um lado, ecoavam gargalhadas estridentes na
sala, por outro, houve muito desconforto, especialmente dos políticos presentes,
segunda relata André Badalo, porque o filme assume um humor politicamente
incorreto, expondo a corrupção existente em Portugal através da comédia, numa
sátira corrosiva e sem papas na língua que aponta o dedo a ex-governantes.
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Ana Zanatti interpreta Jessica Fatinha, a
primeira-ministra que anuncia a bancarrota e manda o povo emigrar,
para secretamente vender Portugal a chineses, angolanos,
franceses e alemães. Só Sebastião e Sara Maia (Pedro Teixeira e Rita
Pereira) a poderão impedir, com a ajuda da família enlouquecida pela
crise: Marlene, Carlota, Vasco, Leonor e Brites (interpretados por Dalila
Carmo, São José Correia, Tiago Teotónio Pereira, Maria Vieira e Maria José
Pascoal). E não é que está mesmo tudo louco? Loucos e dispostos a
tudo! Raptos, laxantes nas bebidas e muita trapalhada: o
jornalista que se finge bailarino africano, a militar que ameaça rebentar
rótulas, a agente funerária que se finge empregada de hotel, as
cabeleireiras que se fingem duquesas ou as idosas que acreditam estar
mortas. Pelo meio há políticos irrevogáveis, um «Pilão Duroso» que
comanda a Europa, demolições, medicamentos inacessíveis, bandas filarmónicas,
ranchos folclóricos, multidões em estádios de futebol, conquilhas com
afrodisíaco, manifestações e muitos, muitos Galos de Barcelos. “É a
portugalidade levada ao exagero numa comédia cheia de mensagem”, descreve André
Badalo.

O filme, divertido, com uma linguagem acessível e uma
mensagem corrosiva, pretende levar o público de várias gerações à gargalhada
fácil, mas também à gargalhada desconfortável e difícil, numa reflexão sobre a
nossa identidade e responsabilidade enquanto cidadãos na construção coletiva da
sociedade democrática. “Através do cómico e seguindo a tradição inaugurada
por Gil Vicente, este é um filme sobre a nossa História, para pais e
filhos, avós e netos, alunos e professores. Uma experiência hilariante para a
sala de cinema, uma partilha para, entre risos e lágrimas, refletirmos juntos sobre
o que somos e o que queremos ser enquanto País”, indica André Badalo.