O Teatro Lethes, em Faro, deu a conhecer, no dia 16 de março, uma visão bem-humorada, para não dizer hilariante, sobre o enlace amoroso das duas mais famosas criaturas bíblicas de todos os tempos, Adão e Eva. A peça da Companhia de Teatro De Braga pegou na história mais polémica de sempre e apresentou uma versão diferente seguindo um texto original do escritor norte-americano Mark Twain.

Produzido nos finais do século XIX, início do século XX, o «Diário de Adão e Eva» é uma narrativa literária que propõe uma vista mais bem-disposta sobre o enlace destas duas personagens bíblicas e, mesmo nos dias de hoje, as confidências de Adão e Eva continuam a deliciar os seus leitores e os espectadores das adaptações teatrais que o texto motiva. Em palco encontramos uma Eva superatenta a tudo aquilo que a rodeia desde o princípio da criação, muito adepta de dar nomes a tudo o que vai encontrando pela frente, tentando compreender os vários fenómenos que vão ocorrendo à medida que as semanas, e os meses, e os anos vão passando. E sempre desejosa de ver esta sua postura apreciada por Adão.

Adão, por seu lado, é bem mais prático, não perde tempo com conjunturas existenciais e raramente concorda com as designações idealizadas por Eva para os seres vivos e fenómenos que vão ganhando corpo no planeta Terra. Preocupa-se, sobretudo, em saber para que servem as coisas, para além de andar nas suas muitas caçadas e de estar sempre a construir abrigos. E, claro, queixa-se imenso desse traço sui generis de Eva de estar sempre a falar…e a falar… e a falar. O enredo complica-se quando surge outro ser, de seu nome Caim, que não consegue identificar. Primeiro pensava que era um peixe, depois um urso, até um papagaio, quando este começa a falar. Mais tarde aparece Abel, o segundo da sua espécie, Adão começa finalmente a compreender a razão de ser de Eva e esta chega à conclusão de que ama Adão simplesmente pelo facto de ele ser masculino e seu, e não pela sua inteligência, cavalheirismo, educação, aparência e por aí adiante.

A tradução, espaço cénico e direção da peça são da responsabilidade de Abel Neves e em palco estiveram os atores André Laires, Carlos Feio, Eduarda Filipa e Solange Sá, que proporcionaram um serão muito agradável ao vasto público que praticamente encheu o Teatro Lethes.


Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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