Numa organização do Município de Albufeira e da Companhia de Teatro Contemporâneo, arranca, no dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, logo às 11h com um espetáculo para bebés, «Lullaby» (Companhia Plage), o XII Festival T – Festival Internacional de Teatro de Albufeira, culminando a 31 de março, pelas 15h, com uma proposta para toda a família, «O Principezinho», da companhia Jangada Teatro a partir da obra de Saint-Exupéry.

A edição deste ano é antecipada, a 26, pelo início de uma formação em «Fotografia de cena», a cargo de Micael Rijo, que vai possibilitar aos formandos terem acesso livre aos espetáculos, aos bastidores e a todo o elenco. A noite do Dia Mundial do Teatro vai iniciar-se com a apresentação do grupo de vozes femininas WIB - Women in Black, que apresentarão o tema «Poema azul», de Sophia de Mello Breyner, numa homenagem pelo 100.º aniversário da escritora. A palavra na abertura oficial caberá ao Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Martins Rolo, à Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Albufeira, Ana Pífaro, à diretora do Festival, Luísa Monteiro, ao Presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, Paulo Freitas e à Diretora Regional da Cultura do Algarve, Adriana Freire Nogueira.

Os conhecidos atores de Albufeira, que sempre fomentaram o Teatro no concelho, João Manuel e José João, irão ler a Mensagem do Dia Mundial do Teatro de 2019. De seguida terá lugar o espetáculo «Ah!, Minha Dinamene», que compreende o espetáculo «Clara». Trata-se de um texto de Sérgio Brito, com encenação de Luísa Monteiro e interpretação de Inês Colaço, sobre Maria Clara Machado Bastos, natural de Paderne, mulher de Remechido. Foi ela quem deu esta alcunha ao herói popular de Messines, sendo este o responsável por um dos episódios mais trágicos do período das Lutas Liberais. Foi graças a Remechido que Albufeira ficou conhecida por ser «a vila da terra queimada».

«Ah! Minha Dinamene» é um projeto teatral que corre todo o país e em cada cidade surge uma personagem desse local, com encenação e texto de encenadores e autores dessas localidades. Conta com Graziela Azenha Dias no principal papel, numa encenação de José Maria Dias, e versa sobre as mulheres que o tempo quase apagou da História. Este projeto contou em Setúbal com Soror Mariana, pela atriz Rafaela Bidarra, a partir de uma investigação de José Luís Neto; em Lisboa, com a personagem de uma escrava negra, pela atriz Cirila Bossuet, com texto e encenação de Ricardo Cabaça. Depois de Albufeira, seguirá para Évora, onde o texto de Armando Nascimento Rosa dará vida a LaGarrona, a célebre «bruxa de Évora», uma das amantes do igualmente célebre São Cipriano.

Na quinta-feira, 28, há para ver, às 21h30, «My Wife», sobre as amizades românticas de Virginia Woolf com a escritora Vita Sackville-West, com a compositora e escritora Ethel Smith e com a pesquisadora Violet Dickinson, a quem chamava «My wife». O espetáculo constrói-se a partir das páginas do diário de Virginia Woolf e da sua epistolografia, sobrevoando o seu universo literário a partir de canções. Espetáculo bilingue, conta no seu elenco com Luísa Monteiro, Holly Duncan, Cheila Correia, Helen Fennel, Steve Nóbrega, Mike Rijo, Ana Libânio e São Lima. No final haverá um debate intitulado «As amizades românticas entre mulheres e entre homens; o que é o ‘género’?», com Filipa Silvestre, licenciada em vídeo e cinema documental e membro da associação Juvalbuhera. É igualmente ativista pela Igualdade de Género e dos Direitos Humanos e foi uma das coorganizadoras da Greve Feminista Internacional do dia 8 de março de 2019.

Na sexta-feira, 29, a UmColetivo traz-nos, às 11h, «Rosa dos Ventos», um espetáculo-viagem para crianças a partir dos três meses. Leva-nos a lugares que não aparecem na televisão, à boleia dos contos, acrescentando pontos e embalados pelas histórias do Brasil, da Tanzânia, de Portugal e da Coreia. Começa por “era uma vez uma menina que sabia entrar para dentro de um livro de contos e viajar…”. À noite, com a assinatura de Graça Corrêa, sobe ao palco «Sangue de Lorca», um espetáculo que fala da vida e obra de Federico Garcia Lorca, da guerra civil de Espanha, da sua orientação homossexual, da opressão, das mulheres e da poesia.

No sábado, a partir das 21h30, as portas abrem-se a «Correr o Fado», pela companhia Jangada Teatro. O espetáculo tem como mote a tradição popular que refere que o sétimo filho, se for rapaz, nasce «tardo» ou «trasgo». Por isso, é preciso «correr o fado» para quebrar a maldição. Se não atravessar três fontes, três pontes e três montes, transforma-se em lobisomem. “Eduardo, o herói da nossa história, vai fazendo o seu percurso e recebendo pelo caminho um bordão, um cavaquinho e uma caixa. Graças a estes três objetos mágicos, Eduardo, o camponês, acabará mesmo por ser rei de um reino feito à sua imagem e semelhança”, explica a companhia Jangada Teatro. Nesse dia terá lugar uma formação em «leitura Expressiva», a cargo de Isabel Andrade.

O Festival T despede-se com «O Principezinho», também pela Jangada Teatro, num espetáculo encantatório na tarde de domingo, 31, às 15h. A peça tem lotado as dezenas de salas de todo o país, quer continental, quer insular e tem por base a obra de Saint-Exupéry, com encenação e adaptação de Xico Alves. Na procura/viagem que o Principezinho faz pelos diferentes planetas encontra a diversidade das personagens acantonadas e sós. E para cada uma dessas personagens haverá uma música, elemento também distintivo de cada situação. A plasticidade, a interpretação e a conceção musical, cada uma enriquecerá o espetáculo, mostrando que uma parte do jogo teatral é para a criança e outra para o adulto.