Na passagem do Festival Termómetro por Faro, no final de
2018, fiquei a conhecer Russa, uma rapper de Santarém a residir em Armação de
Pêra mas com uma história de vida que a levou a percorrer vários países
enquanto ia construindo a sua formação académica. Depois de duas mixtapes e um álbum, lançou recentemente
o EP «Party Leftovers», onde cada música é uma verdadeira banda sonora da noite,
desde a festa em casa com amigos, ao táxi para a discoteca, acabando com a
típica chamada à/ao ex.
Foi quando estava a concluir a licenciatura em Gestão de
Empresas que Filipa Florêncio começou a escrever as primeiras letras, mas a
«Russa» surgiu antes disso, devido a um intercâmbio que realizou, precisamente,
na Rússia. “Quando voltei a Portugal fui jogar futebol numa equipa onde ninguém
me conhecia e tratavam-me por essa alcunha, que acabei depois por adotar como
nome artístico”, explica, durante um pequeno-almoço na praia de Armação de
Pera. E os poemas, de onde vieram, questionamos. “No último semestre da
faculdade é normal escrevermos aquelas fitas de finalistas, mensagens que me
soavam a falso, com pouca identidade, e decidi fazer poemas diferentes, em
género de comédia, para as minhas amigas. E percebi que tinha mais facilidade
em escrever em poesia do que em prosa”, responde.
Finalizada a licenciatura em Lisboa, candidatou-se a um
mestrado de Gestão Internacional na Holanda e, depois desse, foi admitida a um
segundo mestrado em Marketing, Comunicação e Estratégia, agora na Austrália.
Bem vistas as coisas, parecia que a vida de Filipa Florêncio estava encaminhada
para uma carreira empresarial, mas a música não tinha desaparecido da sua
rotina. “Na Holanda escrevi a primeira música a partir de um instrumental, mas
foi na Austrália que decidi realmente o que queria para a minha vida. Ia para
as aulas com o mindset de rapper e,
enquanto os professores iam dando a matéria, pensava logo em como podia aplicar
aqueles conhecimentos na minha vida artística”, confessa, adiantando que foi em
Melbourne que gravou o seu primeiro tema mais a sério, em 2016, curiosamente em
parceria com um japonês.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__202