A quinta edição do Festival «Encontros do DeVIR» chegou ao
fim, no dia 11 de maio, no Cine-Teatro Louletano, com a criação «Le Terrier»,
levada a palco por Samuel Lefreuvre e Florencia Demestri, da Bélgica, num
trabalho que cruza teatro e dança. “E se essa «caixa preta» do teatro ganhasse
vida e assumisse uma forma corporal, com livre arbítrio e plena de desejo, que
histórias contaria?”, questionam os artistas que conceberam a obra, pergunta
que é uma premissa para toda a construção do espetáculo. A partir deste cenário
simples, mas improvável, Florencia Demestri e Samuel Lefeuvre criaram «Le
Terrier», que funde dança e teatro: um mergulho no abismo, onde se trata mais
de visões/sensações do que de narração. Um poema de caminhos sinuosos que
procura distorcer a noção de corpo, de espaço e de tempo e que maravilhou a
assistência do Cine-Teatro Louletano.
Terminou, assim, da melhor forma um festival que pretendeu “pensar
o nosso território, aliando o social ao cultural, o ecológico, o científico e
político ao artístico, fazendo pontes com outras realidades geograficamente
distantes, tornando-as próximas e mais compreensíveis, recorrendo ao trabalho
de investigadores e cientistas e a encomendas de criação a escritores, a
artistas das artes visuais e a criadores das artes do espetáculo”, conforme
explicou o mentor do certame, José Laginha. “Pensar o nosso território é também
refletir sobre as obras daqueles que por cá andaram, homenagear os que se
distinguiram no seu tempo e que ainda hoje são recordados pela pertinência e
atualidade do seu legado”, acrescentou o fundador do CAPa – Centro de
Atividades Performativas do Algarve.
Os V Encontros do DeVIR tiveram como mote «de(a)nunciar», uma palavra dúbia que, quando decomposta, pode ter diferentes significados e várias leituras, tal como algumas quadras de António Aleixo, poeta repentista desta região, que em 2019 completaria 120 anos. “Recordá-lo através do que nos deixou é refletir sobre a nossa identidade, um dos objetivos deste festival internacional. Foram 41 criações, 52 reflexões por pensadores, investigadores e criadores nacionais e internacionais de diferentes áreas (dança; astronomia; teatro; política; escrita; ilustração; geofísica; cinema; fotografia; artes plásticas; linguística; cartoon) de Samuel Lefeuvre a Erna Ómarsdóttir, do ativista Luaty Beirão ao chairman da UNESCO Suleiman Baraka, de Hillel Kogan em We love arabs, à dupla Sofia Dias/Vítor Roriz, que responderam a uma encomenda de criação, passando por Hélia Correia, que produziu um texto inédito, e por muitos outros que deram uso à palavra de(a)nunciar”, descreveu José Laginha.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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